Educação financeira e jogo responsável como chaves para educar jovens sobre apostas
A relação entre apostas on-line e finanças pode ser vista negativamente, afinal de contas, se apostas não são investimentos, o que elas teriam a ver com educação financeira? A resposta está no entendimento do cerne do que são as apostas como entretenimento, de políticas de jogo responsável e de compreensão de mecanismos para educar crianças e adolescentes sobre a legalidade de apostas após os 18 anos.
O programa Nacional Jovem, da Rádio Nacional da Amazônia, recebeu Gustavo Barreto, assistente de projetos da SaferNet e integrante do Conselho Nacional da Juventude, para falar sobre o lançamento do material educativo “Play na Consciência: Como as apostas on-line afetam sua saúde e seu bolso”.
A iniciativa foi apresentada em Brasília, durante o Seminário Nacional das Juventudes, em 12 de agosto, e passa a integrar o acervo do projeto Cidadão Digital, criado em 2020. O material alerta adolescentes e jovens sobre os riscos de apostas on-line.
Durante a entrevista, Barreto destacou que o envolvimento com esse tipo de jogo pode trazer consequências como endividamento, ansiedade, depressão e até isolamento social. O novo material foi pensado para incentivar reflexões críticas em sala de aula, oferecendo subsídios práticos para professores e estudantes.
O Cidadão Digital já formou embaixadores juvenis em todos os estados e promoveu mais de duas mil ações educativas desde sua criação, beneficiando milhares de estudantes e educadores. Com o novo plano de aula, a expectativa é ampliar o debate sobre bem-estar digital e uso responsável da internet.
Nos últimos meses, iniciativas governamentais focadas para jovens adultos têm ganhado espaço, como o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que propôs aos candidatos discutir “estratégias para enfrentar o vício em apostas na internet” em sua prova de redação.
Já no Mato Grosso do Sul, alunos precisaram fazer curta-metragens para o concurso “Diálogos Emergentes: a prática dos adolescentes e jovens de apostar nas bets”, a fim de refletir sobre o papel de apostas na faixa etária. Segundo a Secretaria de Educação do estado, “o foco está nos riscos à saúde mental, nas consequências sociais e no comprometimento do desenvolvimento integral dos estudantes”.
Um dos pontos, no entanto, é sobre o quanto a educação financeira poderia, também, auxiliar no entendimento sobre o objetivo real de apostas: entretenimento.
Apostas on-line são vistas negativamente, e educação financeira é pouco dominada pelo brasileiro
Segundo o Observatório Febraban 2025, 81% dos brasileiros avaliam que as apostas prejudicam as finanças familiares, percentual que chega a 84% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos.
A faixa etária de 18 a 24 anos aparece como a mais vulnerável: 34% dizem ter enfrentado perdas pessoais ou conhecer alguém prejudicado em apostas on-line. Já entre os maiores de 60 anos, esse número cai para 13%.
A mesma pesquisa mostrou que, embora 91% dos entrevistados considerem a educação financeira essencial, apenas 10% dizem ter domínio do assunto. Outros 35% afirmam entender razoavelmente, enquanto a maioria admite compreender pouco ou nada.
Os melhores índices de autoconfiança aparecem entre pessoas com ensino superior (56%) e renda mais alta (57%). Em contrapartida, idosos, brasileiros com baixa escolaridade e famílias com renda de até dois salários mínimos estão entre os que mais reconhecem limitações no tema.
Fonte: SBC
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