Monte sua Fairline – Parte 3
Vamos a 3 parte deste estudo. A lista é mais extensa, por isso não irei me alongar muito contando histórias, serei um pouco mais objetivo.
O MMA é o thriaton das lutas e um esporte individual de empenho coletivo com muitas nuances, matizes, detalhes mínimos que na hora que o pé finca o cage faz total diferença.
Falei bastante sobre técnica, tática, preparo físico, poder de absorção e finalização das lutas. Agora irei abordar outros itens que mexem com mental não só do lutador, como de toda equipe.
Necessidade de vencer
Estou há 8 anos no game e posso dizer a vocês que uma derrota é horrível, fundamentalmente para a carreira de quem trabalha nos bastidores. Costumo dizer que a cada vitória um passo a frente e uma derrota, dois anos para atrás. Pode ter um pouco de exagero nisso, mas este é o peso que toda equipe carrega numa derrota. O contrario também é verdadeiro, o que no meu modo de ver não é o correto.
Pois bem, no que diz respeito a Fairline, podemos fazer um paralelo com o futebol, um atleta que vem de 2 ou mais derrotas vem a se tornar mais perigoso?
Depende muito. Esporte individual é diferente do coletivo. Numa luta, independente de fase, um atleta superior vence o atleta de nível inferior, independente do mau momento. No meu modo de ver, fora uma contusão ou uma possível soberba do lutador (não treinar com empenho, vacilar na dieta, etc), o que determina vitória e derrota, em boa parte das vezes é o casamento de estilos e o tempo em que a luta foi aceita: falarei sobre isso mais adiante.
Já fiz picks e acertei vitórias com atletas que vinham de 4 derrotas. Tem atletas, em má fase (como Cerrone) que emplacam 6 derrotas seguidas, entende? Pelo menos, no meu caso particular, não costumo colocar tanto peso assim (embora tenha, digamos 10% a 15%) em confrontos de atletas invictos e outros com muitas derrotas. Quer ver? Coloquem ai: Cerrone vs Khabib. Preciso falar ou acrescentar mais alguma coisa?
Pesagem e confronto
Este tópico é importante demais! Isso tem me incomodado muito nos últimos meses, digamos um ano e 2 meses, desde o aparecimento do COVID. Notem que tudo no mundo mudou e em todos os esportes. Hoje um favorito, seja lá onde for, não é mais tão favorito assim. As zebras estão soltas em todos os esportes, no UFC não tem sido diferente.
Toda semana tem caído (e me irritado bastante) lutas e mais lutas, seja por contusão, seja por Covid, seja por estouro de balança. Já teve caso de atleta exceder o peso em 4 kg. Para se ter idéia da gravidade. Para Rogério Camões, acordar no dia da pesagem (NO DIA), horas antes de bater o peso, com 100 g acima já é motivo de bronca e preocupação. Pois há perda de performance. Não é besteira quando se está vivendo na F-1 dos eventos de MMA, onde cada micro detalhe é muito importante.
Confronto. Ajuda bastante, mas é uma situação de dia e na hora. Quando há atletas de nível muito diferentes, o cara pode se sentir o superman e o adversário estar com um desconforto físico, alguma preocupação ou chateação de momento, que não adiantará. Agora, quando a luta é pau a pau, ate um aperto de mão mais confiante (eu olho isso, pode acreditar), um abraço, um passo para frente ou para trás, a postura: costas, barriga, queixo, tudo levo em consideração. Até a respiração, se está serena, acelerada. Absolutamente TUDO, credito na análise e coloco na fairline.
Idade
Vai depender muito e variar de atleta para atleta, mas pesa. Quando um determinado atleta passa dos 42 anos, passo a avalia – lo com outro peso. Contudo, acredite, independente da idade, devemos sempre levar em consideração as valências do adversário e o lastro de treinamento, etc. Dana White as vezes dá umas viajadas e importa uns atletas midiáticos. Quem lembra da estrela do WWE, CM PUNK? Coloca ele em qualquer fase da sua vida contra o Anderson Silva com 48 anos e o resultado será o mesmo.
Ranking
Não dou tanta relevância. Pontuo, mas numa escala de 1 a 10, credito 1. Pois muitas das vezes o ranking do UFC está fora de ordem. Antes de trabalhar com a Mackenzie, conversava nos bastidores com o Camões que estava em negociação para fazer o seu camp, ele me pediu opinião sobre a categoria entre as top 10. Na hora, disse que se a Mackenzie pegasse a Nina (o que acabou acontecendo) seria perfeito, pois iria dar um salto gigantesco na organização (como deu), uma vez que não conseguia enxergar a Nina como 5 do ranking nunca. Resultado da luta: Mackenzie vence por finalização no 1R.
Card principal ou main event
Olha, faz diferença. Muito atleta treme quando vai figurar o card principal, principalmente a luta da noite. Diante de um grande nome então! Se pudesse, na hora que fechar a grade, pulava o octógono e saia correndo. Brincadeiras a parte, tem muito atleta que ao dar passos mais importantes na organização e passa a figurar nas principais lutas, fica intimidado e não rende 50% de sua capacidade.
Tempo que pegou a luta
Vai depender. Se for um “atleta de camp”, ou seja, totalmente desregrado com alimentação e pouco dedicado aos treinos, faz muita. Mas, se o atleta for atleta full: alimentação, sono, treinamento, por vezes pegar uma luta em cima dá até mais ritmo, ainda mais quando a vitória vem sem sacrifício, nocaute ou finalização rápida. Tem atletas que, como Holland, podem fazer 7 lutas no ano e tudo ok! E atletas que se fizerem mais de 2 lutas no ano, a performance cai sensivelmente.
Neste caso, é bom saber do histórico do atleta para ter a sua avaliação, é caso a caso.
Descendo e subindo de categoria
Mais uma vez é uma incógnita. Tem atletas que sobem, caso do Sean Strickland (foi do 77k para o 84kg), e voam! Outros, caso do Adesanya, 84 para 93, que não performam do mesmo jeito: perdem força, explosão, agilidade.
Há quanto tempo não luta
Olha, faz. Ainda sim, vai depender. O Ideal é que o atleta se mantenha treinando e lutando o ano todo, pelo menos 3 vezes. Quando o atleta passa de um ano afastado, geralmente é punição ou lesão, volta sem ritmo. Mas, tem lutadores que voltam depois de 2 e até 4 anos performando em alto nível. Vide GSP vs Bisping pelo título dos médios. GSP não lutava há 4 anos, era de uma categoria abaixo (77KG), voltou e venceu o Bisping que era naquele momento campeão dos médios.
Até a próxima.
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