O que explica a grande quantidade de lesões dos grandes astros da NBA e como melhorar a situação
Com as finais de conferência já em disputa e com a grande final da NBA batendo na porta, já é possível fazer uma boa avaliação de todas as lesões e o impacto que elas tiveram no andamento da liga, principalmente na disputa dos Playoffs.
Não é de hoje que a grande quantidade de lesões assusta quem acompanha a liga, mas quando essas lesões acontecem em grandes estrelas é que o questionamento sobre o tema fica bem mais quente. Em levantamento realizado recentemente pelo RotoWire, plataforma que faz o acompanhamento de lesões, foi constatado que das 12 equipes que se classificaram diretamente para os playoffs, 18 jogadores sofreram com lesões durante a disputa da fase final da liga. Além disso, algumas das franquias acabaram deixando de se classificar por causa de lesões ainda durante a temporada regular. O melhor exemplo são os Lakers, que tiveram sérios problemas com as lesões de Lebron James e Anthony Davis. Na temporada passada o número de lesões foi bastante similar, mostrando que não é mera coincidência.
Mas se a grande quantidade de lesões é algo constante, qual é o principal motivo disso?
Grande quantidade de Jogos
É praticamente unanimidade entre os analistas e fãs da liga que a quantidade de jogos disputados na temporada regular é muito alto e extremamente exigente para os atletas. São 82 jogos de basquete em alta intensidade, sem contar que entre esses jogos precisam ser incluídas as viagens extensas e cansativas que os elencos precisam realizar. Franquias da Flórida disputando jogos no Oregon, que tem mais de 4851km de distância, por exemplo. Se esses 82 jogos fossem espaçados com bons dias de descanso e um tempo de recuperação válido, ainda assim os atletas sofreriam com o desgaste físico. Mas esses jogos são disputados em intervalos de tempo curtos, e muitas vezes sem um único dia de descanso, no famoso “back-to-back”, que são jogos em dias consecutivos. O Denver Nuggets, por exemplo, teve 5 jogos em uma única semana durante a temporada 2021-22. Praticamente nenhum ser humano é capaz de lidar com tamanho esforço físico, e o resultado normalmente serão lesões.
Alta Intensidade e contato
O Basquete é um esporte de muito contato físico e que exige muito fisicamente devido a grande necessidade de foot work, que é a expressão utilizada para definir os incontáveis pequenos passos e ajustes de posicionamento que um jogador precisa realizar para ter a melhor postura para executar a marcação na defesa ou um arremesso bem equilibrado no ataque. Além do foot work, o jogo é extremamente físico. Os jogadores estão toda hora gerando contato para conseguir espaço, realizando bloqueios defensivos e pulando em alturas muito altas, seja para enterrar ou para brigar por rebotes. A alta exigência do corpo somada a um desgaste prévio devido a grande quantidade de jogos acarreta em, adivinhe, mais lesões.
Agravamento de lesões
Outra situação comum na NBA é o agravamento de lesões, principalmente nos playoffs. Essa é uma situação bastante comum, quando os times forçam seus melhores jogadores a atuarem mesmo que possuam algum problema físico. É claro que o contexto tem que ser levado em consideração, pois é evidente que numa disputa de final de campeonato ou em uma briga por vaga direta aos playoffs os melhores jogadores estarão em quadra, estejam eles 100% ou não, mas a longo prazo esse é um movimento bastante perigoso como vimos em jogadores como Zion Williamson, que teve de adiar o seu retorno às quadras por diversas oportunidades e já está há mais de uma temporada longe do tablado.
Os Desfalques nas apostas
Lesões nunca são boas e podem ser extremamente prejudiciais para o andamento da carreira de um jogador, mas, para os apostadores, podem gerar oportunidades bastante interessantes. Um dos exemplos que eu mais gosto de trazer é na ausência de Pivôs. Quando um Pivô é desfalque, é comum que as linhas de rebotes se desloquem muito para um lado ou para o outro, seja no reserva do Pivô lesionado ou no Pivô da outra equipe. Esse tipo de situação tem que ser muito bem observada pelos apostadores, pois é aí que diversas oportunidades de muito valor aparecem, principalmente no mercado de propriedades do jogador, ou seja, pontos, rebotes e assistências de um jogador.
Outra situação bastante interessante são os handicaps esticados a favor do underdog (azarão). Muitas vezes quando uma equipe tem seus principais jogadores como desfalques, aproveita a situação e poupa todos os titulares, levando os reservas para a quadra. Nessas ocasiões, a linha de handicap fica muito esticada, pois os reservas teoricamente não são confiáveis. Mas, vimos durante a temporada, vários exemplos de times inteiramente reservas dando muito trabalho, principalmente os bem treinados. O destaque vai para o Miami Heat, que conseguiu derrotar o campeão da temporada regular, Phoenix Suns, com seu time reserva. A odd para a vitória do Heat, nessa situação, estava próxima de @3.50 e a linha de handicap acima dos 8 pontos de diferença.
Conclusão
A conclusão é bastante simples em minha visão: Os jogadores estão sendo forçados mais do que seu corpo consegue aguentar. E a resolução para esse problema teoricamente também é bastante simples: diminuir a quantidade de jogos disputada. O grande problema da diminuição da quantidade de jogos é financeiro, pois traz uma menor receita de bilheterias e direitos de transmissão, mas seria sem dúvidas uma maneira bastante efetiva de tornar o produto mais atraente em sua fase decisiva, pois teria suas grandes estrelas saudáveis e capazes de disputar a competição no seu mais alto nível.
Escrito por Miguel Tureck