Na última segunda-feira, 21 de março, o Altos-PI anunciou a dispensa dos jogadores russos Anatoliy Negoda e Dmitriy Andriyakhin, contratados recentemente para disputar a Série C do Campeonato Brasileiro pela equipe do Piauí. O lateral-direito e o meia, de origem europeia, foram dispensados pelo clube nordestino, que preferiu encerrar uma polêmica que começava a atrapalhar o dia a dia da equipe.

A contratação dos jogadores europeus por parte da equipe brasileira causou muita polêmica durante os últimos dias, principalmente depois de internautas descobriram que os russos estavam banidos do futebol por cinco anos por causa de um possível envolvimento com apostas esportivas quando atuavam na equipe do Metallurg Vidnoye, da terceira divisão do futebol russo.

Presidente do Altos fala sobre as dispensas

Em entrevista ao GE.com, o presidente do Altos-PI, Warton Lacerda, confirmou a dispensa dos atletas, que chegaram recentemente em Teresina para começar os treinamentos no Altos. Mesmo sem assinar contratos formais com o clube, a dupla tirou fotos com os uniformes oficiais do Altos no Centro de Treinamento da equipe e publicou nas redes sociais.

Ao GE.com, Warton declarou que a equipe nordestina entrou em contato com uma empresa, de nome não revelado, que estaria por trás da chegada dos jogadores ao Piauí e preferiu cancelar a negociação após as polêmicas virem à tona. “Entrei em contato com a empresa (que intermediou a negociação e transferência) e entendi que, neste momento, não seria possível os jogadores ficarem aqui”, afirmou o presidente do Altos.

De acordo com informações de portais russos, da Federação de Futebol da Rússia e do site Transfermarkt, um dos maiores portais de registro de atletas de futebol do mundo, os jogadores Anatoliy Negoda e Dmitriy Andriyakhin, que treinavam no Altos e estavam aguardando regularização para atuar no futebol brasileiro, estão banidos por cinco anos por efetuarem mais de 500 apostas cada um, algo que é considerado um crime previsto pela legislação russa.

Jogadores se defendem

Cientes da punição, os atletas europeus declararam que a proibição que foi sancionada na Rússia só tem validade no país. “Minha proibição é apenas na Rússia. Em nosso país tem uma lei que o atleta não pode ter conta em site de apostas esportivas da mesma modalidade que atuam. Nós jogávamos em palpites esportivos em clubes de maior expressão ou ligas menores, mas não em nossas equipes porque seria errado. Mas tem uma lei que não permitia, aí fomos penalizados por falta de conhecimento”, se defendeu Dmitriy Andriyakhin.

O que diz a lei russa?

De acordo com informações do GE.com, a legislação russa, por meio do artigo 24 da Lei Federal Nº329-FZ, proíbe que esportistas se envolvam com jogos em casas de apostas e sorteios que estejam interligados com eventos esportivos oficiais. A punição sancionada aos atletas russos pela União Russa de Futebol foi aplicada quando eles defendiam a equipe do Metallurg Vidnoye, que compete na terceira divisão da liga russa.

Em suas redes sociais, no dia 6 de dezembro de 2021, a federação russa anunciou a punição aos jogadores Anatoliy Negoda e Dmitriy Andriyakhin, que estavam treinando no Altos. “Dois jogadores de futebol da equipe Metallurg Vidnoye foram suspensos das atividades de futebol por cinco anos por jogos de aposta. Dmitry Andriakhin e Anatoly Negoda fizeram mais de 500 apostas”, diz a mensagem da federação.

Que papinho, hein?

Toda essa história envolvendo os jogadores russos Anatoliy Negoda e Dmitriy Andriyakhin tem cara de coisa suspeita, jeito de coisa suspeita, cheiro de coisa suspeita e provavelmente poderia acabar em coisa suspeita. É simplesmente inacreditável que o Altos-PI, por meio do seu presidente e de toda a diretoria, tenha permitido que jogadores banidos do futebol estivessem prestes a serem contratados pelo clube piauiense.

Ninguém no clube nordestino teve a capacidade de puxar o histórico dos jogadores? Principalmente sendo eles estrangeiros, da Rússia, um país que não costuma exportar jogadores para o Brasil? É sério que caíram nessa? Ou será que não teve nenhuma surpresa na história? Será que não estavam cientes de tudo e foram pegos no pulo pela curiosidade de alguém que resolveu puxar a ficha dos supostos jogadores na internet?

Como falei, tudo nessa história é suspeito. E eu nem vou entrar no mérito esportivo, porque não vou desrespeitar o futebol russo, principalmente porque não vi nenhum dos supostos atletas jogando bola. O que me espanta mesmo é chegarem a conclusão de que jogadores que atuavam na potente terceira divisão do futebol russo pudessem jogar no Brasil.

Diante dos recordes de detecção de jogos manipulados e da explosão de casos suspeitos no Brasil, me sinto no direito de achar uma vergonha a postura do Altos nesse caso, por mais que o clube tenha feito o certo no final das contas. Um time importante do cenário do futebol nordestino, com campanhas sólidas nos últimos campeonatos e que pertence a uma divisão importante do futebol brasileiro não deveria correr esse risco e se colocar numa posição como essa.

Espero sinceramente que, mesmo com a dispensa dos craques russos, essa história não fique por isso mesmo. É preciso investigar tudo que aconteceu, desde as pessoas que estão no Altos até essa tal empresa que intermediou a negociação, nem que seja para provar a inocência de todos os envolvidos. Obviamente não estou acusando ninguém de nada, até porque isso seria irresponsável da minha parte. O que estou pedindo é para que essa situação não seja esquecida, pelo bem do clube do Piauí e pela lisura do futebol nacional.

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr.