Em 2021 foi anunciado que uma possível Liga Brasileira de Futebol (nome que até então é provisório) estaria sendo estruturada.
A Liga Brasileira englobaria tanto os vinte clubes da Série A, como também os vinte times da Série B, que foram convidados. Algumas mudanças no calendário seriam feitas, pois o período jogado seria mais longo que o modelo do campeonato atual e as competições aconteceriam principalmente aos domingos. Uma das coisas que se manterá mesmo no novo formato, é o modelo de rebaixamento e ascensão.
A primeira reunião aconteceu em 15 de junho de 2021, no Rio de Janeiro e na ocasião dezenove clubes da Série A assinaram um documento em que concordavam em organizar a fundação de uma Liga. Já a segunda reunião aconteceu no mês passado, no dia 15 de março de 2022, em São Paulo, onde se reuniu os dirigentes dos times tanto da série A como da série B para discutir um novo modelo de gestão. Nesta mesma ocasião representantes dos times também ouviram atentamente os executivos da consultoria Alvarez & Marsal, do banco de investimentos XP Inc e Javier Tebas, presidente da LaLiga, a liga de futebol da Espanha.
A proposta apresentada pelos executivos seria válida a partir de 2024, pois é neste ano que se inspira o contrato com a Globo sobre os direitos de televisão.

Objetivos da Liga

Um dos principais objetivos da Liga é assumir o controle do Brasileirão que atualmente é controlada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A ideia é que os clubes brasileiros tenham o comando do regulamento da competição, da captação das receitas, da divisão do calendário (de evitar que clubes sejam prejudicados nas datas da Fifa) e que as federações tenham menos poder político, já que hoje elas têm maior peso nas votações em relação aos clubes.
Outro objetivo é contribuir para o desenvolvimento do futebol e sua indústria, de forma financeira e administrativamente adequada, apostando no crescimento do futebol no Brasil.

Um bom exemplo sobre como a criação de uma Liga faz a diferença, é mencionar o que aconteceu na Espanha, após a criação da LaLiga.
Muitos clubes que tinham dívidas com o governo de aproximadamente 1 bilhão de euros conseguiram praticamente zerar. Outro fator importante foi as reclamações dos jogadores sobre a falta de pagamento dos salários que também diminuíram de forma bastante significativa. Além do mais, a LaLiga desempenha um controle de finanças dos clubes de forma rígida, não permitindo que eles entrem em falência, havendo uma penalidade financeira para aqueles que não cumpre isto.

Outro ponto é garantir que os direitos comerciais sejam vendidos de forma conjunta, para isso, é importante que os clubes brasileiros estejam unidos e acertem qualquer pendência, porque eles juntos tem muito mais valor do que quando eles estão divididos por questões de distribuição de dinheiro quando, na verdade, eles têm potencialidade de multiplicar por até cinco vezes a geração de valor no futebol brasileiro.

Principais vantagens

Atualmente, os times brasileiros precisam negociar de forma individual com canais de TV, plataformas de streaming e outros portadores de mídia para gerar receitas de transmissão. O que ocasiona em uma menor receita total para o campeonato e em uma distribuição de renda insignificante entre os clubes. Sendo assim, com a criação da Liga Brasileira os clubes brasileiros assumirão as negociações dos direitos de TV dos jogos, podendo negociar os direitos de transmissão em forma de pacote, como consequência, aumentará a distribuição de receita para cada time. Com a Liga, os clubes também se aproximarão dos patrocinadores e irão decidir, por conta própria, a divisão do dinheiro que entra dessas transações.

Uma questão que o modelo de liga desencadearia é um ciclo no qual maiores receitas de transmissão aumentariam a competitividade, com resultado do aumento da competitividade, os times teriam maior poder de negociação para garantir os melhores acordos e desta forma aumentariam suas receitas.

Ou seja, com a Liga será possível grandes oportunidades de investimentos e até mesmo fundos de private equity, como os que já atuam no mercado de futebol europeu.

Propostas recebidas

Até o momento os clubes já receberam três propostas diferentes, pelos direitos da Liga Brasileira, feitas pelas empresas: Codajás Sports Kapital que apontou uma alternativa em conjunto com o banco BTG e que inclusive conseguiu assinaturas de pré-acordo com alguns times; uma outra proposta foi apresentada pela LiveMode e pela 1190 e; a última a propor foi a LaLiga, que concederia uma consultoria esportiva para a transição do modelo de gestão atual para o novo, junto com a XP, que seria responsável para auxiliar na parte financeira, e a Alvarez & Marsal, que iria ser uma assessoria na estruturação de um sistema de compliance e administração.

É importante ressaltar que CBF já transpareceu que não irá se opor à criação da liga, desde que não interfira no seu calendário de competições, nem no da Conmebol e nem no da Fifa.

Por outro lado, para que os times brasileiros consigam acompanhar as demandas dos investidores, a indústria do futebol brasileiro precisa melhorar ainda muito o seu potencial de geração de receita, sustentabilidade financeira e competitividade. Ou seja, para tornar essa Liga em realidade será necessário muito trabalho, mas é algo possível de ser feito, pois sabemos que a hora de mudar e inovar o futebol brasileiro chegou.

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Escrito por Paulina Costa