A ciência mudou a minha visão sobre apostar em visitantes
E aí os caras! Tudo bem? Na coluna de hoje vou falar sobre a minha experiência de apostar em mandantes e visitantes.
Durante muito tempo eu relutei em apostar em equipes visitantes. Sempre me senti mais confortável ficando ao lado do mandante, independente se eu estava posicionado em handicaps negativos ou positivos, mas o fator casa me transmitia uma sensação de segurança que, com o tempo, percebi ser ilusória. Essa preferência cega pelos mandantes me fazia ignorar boas oportunidades. Eu via valor nos visitantes, mas por puro receio de contrariar o “mando de campo”, acabava deixando passar.
Com o tempo, notei que essa postura conservadora estava me custando caro. Algumas dessas apostas que eu evitava acabavam dando green, outras red, mas o ponto é que eu não tinha controle sobre o que estava perdendo de valor ao não me posicionar. Para tentar contornar isso, criei uma regra pessoal: só me posicionaria a favor dos visitantes se houvesse pelo menos duas linhas de diferença entre a oferta do mercado e a minha precificação. Se a linha justa do jogo era +0, por exemplo, eu só pegaria o visitante se ele estivesse com +0.5 ou mais. Essa foi uma forma de lidar com o desconforto psicológico sem deixar de lado as boas oportunidades.
Aos poucos, comecei a perceber que existiam campeonatos em que o mando de campo não era tão relevante assim. Mesmo quando eu pegava posições consideradas confortáveis, como uma linha positiva para o mandante, ainda assim muitos visitantes acabavam vencendo. Essa repetição de resultados me fez questionar a real força do mando. Eu via times jogando fora de casa com intensidade, estratégia e foco, e percebia que o ambiente hostil já não intimidava tanto quanto antes. Foi aí que comecei a buscar explicações mais profundas sobre o tema.
Estudar é importante

Nesse período, vi no canal do Erick Feitosa um estudo que mudou completamente minha percepção. Ele apresentou uma série de pesquisas que mostravam o enfraquecimento do mando de campo no esporte profissional, e o quanto essa mudança impacta diretamente o mercado de apostas. Segundo o estudo, a ciência mostra que a vantagem de jogar em casa ainda existe, mas vem diminuindo de forma contínua nas últimas décadas, especialmente no futebol europeu.
Um dos trabalhos citados foi o de Jamieson (2010), que analisou centenas de esportes e mostrou que, em média, os mandantes venciam cerca de 60% das partidas, sendo o mando mais forte em esportes indoor como o basquete, onde o ambiente é mais controlado e a torcida influencia mais. Já o estudo global de Riedl et al. (2014), com mais de 684 mil jogos em 194 ligas, revelou que o mando cresceu até os anos 1980, mas desde então vem caindo consistentemente, chegando a 61,9% de vitórias dos mandantes na época da pesquisa. Se essa tendência continuar, em cerca de 50 anos o mando pode se tornar praticamente neutro.
A pesquisa também mostrou que o declínio não acontece da mesma forma em todos os lugares. Na Europa, a queda é mais acentuada, com redução de 0,26 pontos percentuais por temporada, enquanto em outras regiões, como América do Sul e Ásia, o efeito é menor. A Premier League é o exemplo mais claro, com uma queda contínua desde os anos 1990. E isso tem explicações lógicas: árbitros menos influenciados pela torcida graças ao VAR e aos replays, viagens mais confortáveis e curtas, jogadores globais menos conectados às torcidas locais e estádios modernos que eliminaram a antiga “mística da casa”.
O que mudou para mim
Esses dados me fizeram enxergar com mais clareza o que o meu próprio histórico já vinha mostrando: a vantagem de jogar em casa ainda existe, mas precisa ser avaliada com cuidado, pois ela varia conforme a liga, o estilo de jogo e até o perfil cultural das equipes. Apostar baseado em uma crença antiga de que o mandante sempre é favorito é um erro que pode custar caro, especialmente em mercados onde as odds já refletem essa tendência de queda.
Depois desse estudo, comecei a olhar o visitante com outros olhos, e o resultado prático foi imediato. Logo na primeira vez que apliquei essa nova mentalidade, tive um excelente desempenho apostando em visitantes da Série B. Peguei posições como Avaí +0, Coritiba +0 e Cuiabá +0,25, e todas elas deram green. Esse momento foi um divisor de águas para mim: a confirmação de que não era o lado mandante ou visitante que determinava o valor, mas sim o contexto e a precificação justa.
Mesmo assim, ainda sinto um certo desconforto em alguns casos, principalmente no Brasileirão da Série A, quando se trata de linhas negativas para equipes como Flamengo e Palmeiras. São times muito superiores aos seus adversários, mas por conhecer profundamente o futebol brasileiro, acabo inserindo ajustes subjetivos que nem sempre ajudam. Aprendi, no entanto, que esse desconforto é parte do processo, e que a disciplina em seguir o modelo e confiar nos números é o que realmente diferencia um apostador maduro.
Conclusão
No fim das contas, o que a ciência e a prática me ensinaram é que o mando de campo já não é o que foi no passado. Ele ainda tem seu peso, mas precisa ser entendido dentro do contexto de cada liga e de cada partida. O medo de apostar em visitantes foi, por muito tempo, um obstáculo psicológico que me impedia de enxergar valor onde o mercado ainda tinha preconceito. Hoje, sei que o lucro não está em seguir tradições, mas em entender as tendências e se adaptar a elas. Apostar em visitantes deixou de ser um tabu e passou a ser parte essencial da minha estratégia porque, no futebol moderno, o valor está em quem tem coragem de ir contra o senso comum.
#Betbra
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