A gestão de risco nas apostas esportivas - Paulo Barreto
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seg 16 jun/25

A gestão de risco nas apostas esportivas


Este é um artigo sobre gestão de risco escrito em 2019 por um grande amigo, Pedro Ribeiro, para o meu canal do telegram. Com a sua autorização, fiz alguns ajustes, mas não muitos, e vou compartilhá-lo aqui com vocês. Na época, lembro bem de ter dito a ele essa produção era muito além do tempo. E isso se provou verdade, visto que ainda hoje pouco se vê conteúdos disponíveis com esse nível de profundidade.

Gestão de risco

A gestão de risco é uma parte intrínseca do nosso dia a dia, mesmo que não percebamos. Constantemente, de forma instintiva, avaliamos os perigos potenciais de nossas escolhas. Imagine, por exemplo, que você precisa cruzar uma avenida movimentada. Se você optar por usar a faixa de pedestres quando o sinal estiver fechado para os carros, a chance de ser atropelado é mínima. No entanto, se você decidir atravessar fora da faixa e com o sinal aberto para o tráfego, o risco de um acidente é consideravelmente alto. Neste cenário, qual é o risco que estamos ponderando? O risco de sofrer um acidente.

Mesmo que de maneira subjetiva, calculamos essa probabilidade para tomar a decisão mais segura ao cruzar a rua. Quando se trata de investimentos, sejam eles financeiros ou esportivos, a dinâmica é semelhante. A cada operação no mercado, nos confrontamos com a possibilidade de perder ou ganhar dinheiro. Contudo, ao contrário do risco de ser atropelado, os riscos associados aos investimentos são mais complexos de avaliar intuitivamente. Por essa razão, é crucial quantificar de forma objetiva os riscos aos quais estamos expostos em cada transação. Neste artigo, vamos explorar como implementar uma gestão de risco eficaz e descomplicada no contexto das apostas esportivas.

Referencial teórico

Uma das principais referências no gerenciamento de riscos é a Norma NBR ISO 31000:2018. Essa norma define que risco é o “efeito da incerteza nos objetivos” e o efeito nada mais é do que “um desvio em relação ao esperado”. É muito comum acharmos que os riscos estão relacionados apenas a coisas ruins, porém, os efeitos podem ser positivos, negativos ou ambos. Segundo a norma, o risco é “normalmente expresso em termos de fontes de risco, eventos potenciais, suas consequências e suas probabilidades”.

Sintetizando o que a literatura diz, o risco pode ser expresso pela combinação da sua probabilidade de ocorrência e do impacto resultante da ameaça – ou oportunidade quando benéfico.

Matematicamente, o risco pode ser definido por:

RISCO (R) = PROBABILIDADE (P) x IMPACTO (I)

Uma ferramenta que auxilia a classificação dos riscos identificados é a Matriz de Riscos. Essa ferramenta visual permite que os riscos possam ser enquadrados numa escala previamente definida, facilitando a análise e a priorização no tratamento dos riscos. Porém, para que isso aconteça é necessário classificar as probabilidades e o impacto dentro de uma escala quantitativa e, mais a frente, veremos como fazer isso.

As apostas esportivas e a gestão de risco

O grande objetivo de quem está exposto ao mercado de apostas esportivas é extrair dinheiro no longo prazo através de operações que colocam em risco geralmente de 0.5% a 5% do seu capital (banca). Portanto, para fazer uma boa gestão de risco dos nossos investimentos, o primeiro passo é calcular os riscos de cada operação realizada no mercado.

Como vimos anteriormente, o risco é calculado pela multiplicação da probabilidade pelo impacto. Trazendo para o mundo das apostas esportivas, a probabilidade de um risco acontecer (no nosso caso, prejuízo ou lucro) é a probabilidade daquele evento acontecer e ela já é inerente a qualquer operação realizada, ou seja, é a odd que escolhemos para comprar determinada posição.

Entretanto, é necessário utilizar a odd justa para aquele evento e não a odd em que a operação foi efetuada. Isso é importante, pois se considerarmos que estamos falando de apostas que tenham valor no longo prazo, a odd da nossa operação não é uma odd que corresponde a probabilidade real, uma vez que ela está desajustada e, por isso, tem valor no longo prazo. Portanto, para realizar esses cálculos, temos que ter sempre em mãos a odd justa. No caso de apostas pré-live, essa métrica pode ser as odds de fechamento. E o impacto nada mais é do que a quantidade de dinheiro investido na operação.

Se pegarmos uma odd e a multiplicarmos pela quantidade de dinheiro investido, chegaremos a um número que, caso não seja classificado, pouco tem a nos dizer. Um passo importante é definir níveis de probabilidade e impacto. A seguir vamos apresentar algumas tabelas que sugerem como fazemos essa classificação. E, por último, a Matriz de Riscos utilizada para fazer uma gestão de risco a cada investimento feito no mercado.

Exemplo de cálculos para gestão de risco nas apostas.

Um detalhe importante a ser considerado na tabela de probabilidades é que estamos calculando o risco de perder dinheiro, em outras palavras, da nossa operação resultar em “red”. Sendo assim, quanto mais alta a probabilidade de um evento acontecer, menor será o nosso nível de probabilidade, pois também será menor o risco da operação resultar em prejuízo. Por isso, os níveis de probabilidade e impacto são inversos.

Vamos a alguns exemplos:

Exemplo de cálculos para gestão de risco nas apostas.

Após a análise e classificação dos riscos atrelados a cada operação feita no mercado, nos resta fazer uma avaliação dentro de um recorte de tempo. Esse período fica a critério de cada apostador. Normalmente, utilizamos 3 meses. Ao final desse período, é interessante analisar como estão os nossos resultados dentro dos 4 níveis de riscos definidos. Dessa forma, podemos tirar conclusões e fazer alguns ajustes dentro das nossas estratégias, como verificar o quanto uma estratégia é arriscada, buscar uma odd maior e diminuir o tamanho do investimento de algumas estratégias. Enfim, abre-se um leque muito grande de oportunidade de melhoria nos nossos métodos.

Conclusões

A gestão de risco é muito importante em qualquer tomada de decisão.

Trabalhando no mercado das apostas esportivas, considero fundamental ter uma noção real do risco que está atrelado a cada operação.

Essa não é a única maneira de gerenciar os riscos nas apostas esportivas, deixando claro.

No entanto, posso dizer que mais importante do que fazer dessa forma que compartilhei é que você faça.

Até a próxima!

Paulo Barreto e Pedro Ribeiro

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