UFC Smith vs Spann
E aí, meus amigos? O que foi esse UFC, movimentado não? Deixarei meus comentários sobre o que mais me deixou impressionado na “tarde – noite”deste último sábado.
- Ion Cutelaba x Devin Clark
Que senhora luta que fez o Cutelaba, hein?! A mais madura no UFC até agora. E o que Clark mostrou ter de queixo foi um absurdo!
Digamos que foi o melhor Cutelaba do UFC até o momento. Antes, seus pecados eram dois:
1 — tentar acabar com a luta de qualquer jeito, então seu 1R sempre foi um apavoro.
2 — Ia com tudo para encerrar a luta. O grande problema era, quando o nocaute não vinha seu gás, sumia por completo.
O que comprometeu muitos desempenhos.
- Glover x Cutelaba
Sua contra o Glover Teixeira poderia ter outro desfecho não fosse essa “afobação” em querer encerrar a luta a todo custo. Ela terminou por finalização de Glover no 2R, que, até aquele momento, tomara um senhor atraso, podendo até ter perdido por K.O não fosse seu queixo, valentia e experiencia. Fator, creio, que Cutebala tenha adquirido neste último encontro.
Ion Cutelaba é um dos atletas que mais provocam nas pesagens, porém, é um atleta que não amarela. Ele banca, cria um psicológico a seu favor e vai pro pau mesmo. No último confronto contra Clark, não foi diferente. Mas, mostrou mais serenidade. Fator que conseguiu trabalhar na luta e fazer 3 rounds excelentes contra um atleta duro.
- Um round diferente
No primeiro round, Cutelaba mostrou equilíbrio, só avançou na boa. Não só se defendeu bem da entrada de quedas de Clark, como fez o “contra – jogo”, ou seja, mostrou um grappling melhor e mais justo que o melhor de seu oponente, nos três rounds. Suas mãos, como se sabe, são muito pesadas, mas seu boxe evoluiu muito. A combinação de duplo jab e direito quase encerraram a luta nos primeiros minutos do 1R.
- Devin Clark
Clark, por sua vez, foi guerreiro. Quebrou a parte da arcada dentária no final do 1R e seguiu a luta como se nada tivesse ocorrido. É o que digo, para ser lutador não basta saber trocar socos, tem de ser mais tolerável a dor que a maioria das pessoas.
- Q.I. de luta
Por fim, se essa for mesmo a mais nova versão de Ion Cutelaba e não um lampejo, teremos num futuro próximo este atleta alçando novas e melhores posições no evento. Seu Q.I de luta melhorou muito. Lembrou bastante Derek Brunson, que após mesclar melhor seu grappling com o stricking mostrou ser um lutador muito mais perigoso, que o colocou na fila entre um dos 5 pretendentes ao cinto do UFC.
Boa, fera!
- Antonio Arroyo x Joaquin Buckley
Te falar que foi uma pena, uma grande pena o nocaute sofrido pelo brasileiro Antonio Arroyo na noite de sábado. Se trata de um atleta talentoso, estiloso, um bom striker. Porém, hoje, o UFC está em outro patamar. Não basta ter uma só arma, um só estilo, todos estão se estudando, são muitos dados e vídeos a disposição de todos. Para mim, Arroyo quis apostar muito na canelada alta (chute alto), por conta do último nocaute sofrido por Buckley contra Alessio Di Chirico em janeiro de 2021.
O vacilo daquela luta foi corrigido, Buckley fugiu daquela perna do Arroyo, não ficou parado na frente dele um segundo sequer por ter mais velocidade e mobilidade. Quando precisava, encurtava, “matando” a perna do atleta brasileiro. Isso fez com que fosse perdendo pressão nos golpes, movimentação e gás (seu grande ponto fraco) durante os rounds.
- Faltou plano B
Arroyo fez um round melhor no 1R, perdeu no 2R, no 3R já estava cansado. Creio que a necessidade que tinha de vencer a luta, uma vez que vinha de 2 derrotas, o precipitou. Quis ir com tudo para resolver a parada no 3R, encurtou, dando tudo que Buckley, por ser mais baixo, queria, a distância necessária para colocar um cruzado e encerrar a luta.
Caso não seja demitido. Aconselharia a sua equipe (fiz este trabalho durante anos) a dar uma pausa maior, e trabalharia mais o boxe — retos e faria um camp mais longo de grappling (wrestling) para mostrar mais imprevisibilidade e letalidade em seu jogo.
- Anthony Smith x Ryan Spann
Estava falando com um colega das apostas sobre fair line ontem. Isso acontece muito, com muita frequência no UFC. Joga esse “sub — item” na fairline de vocês: main – event.
Nomeiem como quiserem. Mas, no UFC esse deve ser um critério. Não só main event, mas estréia e migração do card preliminar para o principal, assim como enfrentar atletas ranqueados. Acreditem, isso conta. Tem muito atleta bom que sente cada uma dessas mudanças. Psicologicamente, muito atleta trava.
- Currículo também é posto no UFC
Não é a primeira vez que isso ocorre com Anthony Smith, sendo um casca-grossa da pesada. Ele tem um currículo que dispensa comentários, pegou todo mundo: Jon Jones, Rakic, Glover, Gustafsson, Shogun. Só enfrentou lenda e atleta do topo da divisão. Não é a toa que está no Top 6 há um certo tempo.
Sua luta contra a revelação Jimmy Crute teve o mesmo ingrediente. O atleta australiano sentiu. Fez um jogo preso, travado, totalmente fora de suas características, por se tratar de ser um atleta muito agressivo, acabou lesionando a perna chutando e abandonando a luta precocemente.
- Karma?
Digamos que Spann “colou as placas”. Ontem, literalmente, estava confuso, sem saber o que fazer. Tem um termo muito utilizado na luta, conhecido nos bastidores, já falei em um de meus textos: karma. Ontem, pareceu muito isso. Spann vai para as costas de Smith, encaixa o bodylock, chega a tirar do chão e caminhar todo um perímetro de octógono, porém, não projeta o corpo de Smith contra o solo. Essa queda é o básico do básico no wrestling: tira do chão e torce o quadril, pronto, atleta no solo. Foi estranho.
Depois, tiveram uma série de erros de trocação, Spann entra todo atabalhoado, recebendo contra golpes fáceis do Smith, vai ao solo. É dominado, escapa de uma finalização e vai com tudo de novo?
Foi uma luta estranha, do ponto de vista estratégico e técnico. Creio que esta luta foi vencida antes do confronto.
Até a próxima!