Em uma intervenção contundente no Plenário do Senado na última semana, o senador Romário (PL-RJ), ex-jogador de futebol, anunciou a iniciativa de coletar assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O objetivo desta CPI é investigar, mais uma vez, possíveis manipulações de resultados em jogos de futebol no Brasil.

O senador fundamentou sua proposta na crescente onda de denúncias relacionadas a essa prática. O escândalo recente, envolvendo um possível aliciamento de jogadores por parte de apostadores, foi alvo de investigação pelo Ministério Público de Goiás. No entanto, as revelações não pararam por aí. Um relatório recentemente divulgado pela Sportradar, empresa especializada em apostas esportivas, voltou a acender um alerta sobre a situação. Segundo esse relatório, 109 partidas suspeitas de manipulação ocorreram apenas no ano passado.

Romário, conhecido por sua grande carreira como atleta, destacou a gravidade do cenário. “Isso nos coloca como o país com o maior número de jogos analisados nessas circunstâncias”, afirmou o senador. Ele ressaltou que, após anos de um mercado completamente desregulamentado, a imensa quantidade de recursos movimentados pelo setor de apostas esportivas não pode mais ser ignorada.

Risco?

De acordo com o Senador, o esporte está em risco. Apesar da aprovação recente de um projeto que regulamentou as apostas esportivas no país, Romário seguiu defendendo a ideia de que esse segmento precisa de uma regulamentação efetiva e que não podemos mais fechar os olhos para essa situação que afeta a integridade do futebol. O senador conclamou seus colegas parlamentares a apoiarem a instauração da CPI.

“Tenho convicção de que nosso presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, responderá de forma positiva e abrirá essa CPI. Assim, traremos para este Congresso, especialmente para o Senado, todos os envolvidos nesse cenário sombrio: jogadores, dirigentes e até mesmo as casas de apostas”, declarou Romário.

 Não ajuda

A iniciativa do senador Romário de propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis manipulações de resultados em jogos de futebol no Brasil parece um tanto quanto alarmista. A crescente onda de denúncias relacionadas a essa prática, incluindo o recente escândalo de aliciamento de jogadores por parte de apostadores que foi investigado pelo Ministério Público, evidencia a urgência de se abordar esse problema de forma efetiva.

Contudo, já tivemos uma CPI desse tipo há alguns meses e pouca coisa efetiva saiu dessa comissão. A gravidade do cenário, destacada pelo senador Romário, ressalta a necessidade de uma regulamentação efetiva no setor de apostas esportivas, especialmente considerando a imensa quantidade de recursos movimentados por esse mercado. O apelo do senador é louvável, mas não creio que uma CPI possa realmente ajudar o país no desenvolvimento de leis mais fortes sobre este tema, principalmente porque já tivemos uma experiência anterior que só serviu mesmo para dar palco aos próprios parlamentares.

O momento de ouvir as empresas do setor, e todos os outros envolvidos neste cenário, sejam jogadores, dirigentes ou casas de apostas, já passou. A aprovação recente do projeto que regulamenta as apostas esportivas no país foi um avanço, e contou com a participação desses agentes, por mais que eles tenham sido pouco ouvidos. Entendo que a situação do futebol brasileiro segue demandando uma atenção contínua e ações concretas para garantir a transparência e a lisura nas competições esportivas, mas não vejo como uma CPI ajudaria nesta batalha atualmente.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr