Um dos fantasy games mais populares do Brasil, o Rei do Pitaco deu um grande passo para entrar de vez no universo das apostas esportivas. Com um extenso banco de dados de clientes, estipulado em mais de 13,6 milhões, a exitosa startup brasileira fechou uma parceria com a operadora de casas de apostas online Kambi e, em breve, deve lançar uma bookie própria no mercado nacional.

Em declarações, os fundadores tanto da Kambi quanto do Rei do Pitaco mostraram uma grande confiança nos processos de regulamentação das apostas esportivas no Brasil, algo que não condiz muito com a realidade atual do país, visto que quase nenhuma movimentação nesse sentido tem sido feita nos últimos meses. O Brasil, inclusive, perdeu uma oportunidade de ouro para regulamentar o setor ainda neste ano.

Modelo da parceria

Com um enfoque muito grande nos dispositivos móveis, o Rei do Pitaco construiu um verdadeiro império de sucesso na área dos fantasy games no Brasil. Com foco no futebol e aproveitando a enorme popularidade do esporte no país, o aplicativo adotou práticas de marketing agressivas, distribuiu prêmios milionários e tirou da zona de conforto os seus principais concorrentes. Tudo isso fez a startup brasileira construir uma base de clientes gigante, com mais de 13,6 milhões de downloads registrados do seu aplicativo, lançado em 2019.

Pensando em crescer ainda mais e apostando alto na transferência de público, além da atração de novos clientes, o Rei do Pitaco tem dado alguns passos na direção de se tornar também uma empresa atuante na indústria das apostas esportivas. E o movimento mais direto aconteceu recentemente, quando a empresa fechou parceria com a operadora de casas de apostas online Kambi. De acordo com informações divulgadas pela imprensa, o acordo deve proporcionar ao Rei do Pitaco utilizar a tecnologia personalizável da Kambi e o poderoso conjunto de ferramentas da empresa para criar uma marca própria de apostas esportivas.

Ainda segundo as informações divulgadas pela imprensa, a ideia do Rei do Pitaco é produzir algo muito especializado e altamente personalizado aos seus jogadores, com o intuito de criar uma marca de apostas esportivas que realmente atenda todos os desejos do público. A empreitada do Rei do Pitaco ao mundo das apostas esportivas tem acontecido após a startup receber um grande investimento de capital do empresário de tecnologia e cofundador da FanDuel, Nigel Eccles, que recentemente passou a fazer parte da direção da empresa.

Potencial brasileiro

Como alertamos, a Kambi e o Rei do Pitaco parecem muito empolgados com as apostas esportivas no Brasil. A aposta é que, em breve, o país se torne uma referência da indústria regulamentada em todo o mundo. “O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores mercados regulados de apostas esportivas do mundo, então estou muito feliz que a Kambi fez parceria com o Rei do Pitaco, uma empresa que acredito estar posicionada de maneira única para ganhar uma posição forte no país“, declarou Kristian Nylén, CEO e cofundador da Kambi.

O CEO da operadora de casas de apostas também declarou estar de olho na posição de liderança do setor na América Latiana. “As pessoas talentosas por trás do Rei do Pitaco têm planos empolgantes e ambiciosos, então este acordo é uma prova da força e flexibilidade de nossa tecnologia de apostas esportivas para poder apoiar esses objetivos e melhorar nossa posição como parceiro líder de apostas esportivas na América Latina e em todo o mundo”, acrescentou Nylén.

Mateus Dantas, CEO e cofundador do Rei do Pitaco, reforçou a confiança da empresa nos seus atuais clientes, um sinal de que a startup espera transferir o seu público dos fantasy games para as apostas. “Estamos satisfeitos por ter fechado esta emocionante parceria de apostas esportivas com a Kambi. Por meio desta nova operação, estamos confiantes em entregar uma casa de apostas online líder de mercado para nosso crescente banco de dados de clientes que terão acesso a uma experiência de usuário excelente e segura em nossa plataforma“, disse Mateus.

Lucro ou relevância?

Apesar de andarem muito próximos, os fantasy games ainda estão distantes daquilo que entendemos como apostas esportivas. O objetivo, as mecânicas, as habilidades e quase tudo que envolve os dois setores são bem diferentes. Contudo, para o Rei do Pitaco, a forte base de clientes formada ao longo dos últimos anos com o produto fantasy game pode comprar a ideia da startup, que caminha para uma “aventura” dentro da indústria das apostas esportivas.

É inegável que o Rei do Pitaco é formado e construído por pessoas absurdamente competentes. Apesar dos sistemas atuais possuírem algumas falhas que culminam em alguns setores não funcionando com excelência (e aqui está a opinião de um usuário do aplicativo), a ideia da startup foi muito bem sucedida e, sem dúvida, superou qualquer tipo de expectativa inicial do projeto. A verdade é que o Rei do Pitaco pode tranquilamente ser considerado como o principal fantasy game brasileiro, superando o Cartola FC, da Globo, que ao longo de 2022 sentiu a pressão da concorrência do Rei do Pitaco e reformulou totalmente os seus próprios mecanismos de funcionamento.

A comprovada competência dos gestores do Rei do Pitaco no setor dos fantasy games não garante que a empreitada da startup no segmento das apostas esportivas vai funcionar também. Como alertei, são “jogos” completamente diferentes e que exigem da empresa habilidades e valências que não necessariamente vão funcionar por osmose, principalmente porque alguns dos setores que funcionam de forma deficitária atualmente no Rei do Pitaco não podem estar presentes no âmbito das apostas.

O que me deixa um pouco receoso no Rei do Pitaco se “transformando” em uma empresa de apostas esportivas é o futuro da marca junto aos fantasy games. Eu não imagino o Rei do Pitaco como uma marca que vai conseguir competir de igual pra igual com outras marcas de apostas esportivas já consolidadas no mercado, apesar de entender que eles podem dar certo nesse segmento também. Logo, na tentativa de abraçar dois setores, o Rei do Pitaco pode dar brechas e acabar perdendo a importante posição de liderança mercadológica alcançada nos últimos anos, o que seria um impasse para a empresa. E aí, o que vale mais? Lucro ou relevância?

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr