O renomado grupo de entretenimento chileno Enjoy está tomando medidas estratégicas ousadas para se adaptar às mudanças em curso na indústria de cassinos e jogos na América do Sul. A empresa, que atualmente opera oito hotéis cassinos no Chile, e tem presença em outros países como Argentina e Uruguai, revelou que iniciou uma revisão abrangente de suas operações em busca de oportunidades de expansão e fortalecimento de sua posição de mercado.

De acordo com informações transmitidas pelo conselho da Enjoy à Comissão de Mercados Financeiros (CMF) do Chile, a revisão estratégica está sendo conduzida em colaboração com a experiente consultoria financeira ASSET Chile SA. Esta medida reflete a determinação do grupo em traçar um curso sólido e sustentável para o futuro, considerando tanto a crescente liberalização do setor quanto os desafios competitivos que surgiram recentemente.

Mudanças

As atuais operações da Enjoy abrangem uma ampla gama de empreendimentos, incluindo o renomado Enjoy Punta del Este Resort y Casino no Uruguai, e propriedades na Argentina. No entanto, a empresa demonstrou interesse em explorar alternativas estratégicas, como combinações de negócios e a reestruturação de ativos, algo que faz parte do plano de ação da empresa visando o longo prazo.

Uma tentativa anterior de fusão com a DREAMS SA, entretanto, foi rejeitada pelas autoridades de concorrência chilenas, levantando preocupações sobre um potencial monopólio na indústria. Isso levou a Enjoy a adotar uma abordagem voltada para o Brasil, um mercado em crescimento que recentemente passou por uma abertura significativa de seu mercado de jogos e apostas. A empresa anunciou planos de lançar uma plataforma de apostas online no Brasil, capitalizando sobre essa nova onda de oportunidades.

Transformação chilena

Enquanto a Enjoy se reconfigura para aproveitar as perspectivas no Brasil, o cenário no Chile também está se transformando. O país está se preparando para liberalizar ainda mais o setor de jogos até o final deste ano. O Congresso chileno estabeleceu uma comissão dedicada a rever as regulamentações em torno da publicidade de apostas esportivas, buscando equilibrar os interesses das empresas de jogos de azar e os clubes de futebol.

A liderança dessa comissão é feita por Jaime Pizarro, Ministro do Esporte no Chile. Jaime está focado em fornecer recomendações que influenciarão a elaboração do Projeto de Lei 035/2022. Esta legislação, de acordo com informações de bastidores envolvendo as articulações no congresso, busca não apenas abrir o mercado de jogos e apostas no Chile, mas também encerrar o monopólio de operadoras como Loteria Concepción, Polla Chilena e Teletrak Chile no país.

Atração brasileira

Com as conversas adiantadas no cenário político brasileiro a fim de somar a liberação de cassinos no Brasil a regulamentação das apostas esportivas, será natural começarmos a ver alguns movimentos da indústria de jogos na América do Sul. A Enjoy não é a primeira grande empresa a demonstrar interesse em direcionar as suas operações para o Brasil, e certamente também não será a última.

Confesso que admiro a coragem da empresa em cogitar se desfazer dos seus negócios em outros países e apostar no Brasil. O nosso país não tem uma cultura de hotéis cassino, portanto qualquer tipo de investimento nesse sentido seria de um risco bastante elevado. É claro que estamos falando de uma região muito grande e com potencial de atração turística, mas não deixa de ser uma novidade em termos de negócio. Quem abriria mão de algo “certo” pelo duvidoso?

Como já conversamos em algum outro momento aqui na Casa do Apostador, as empresas parecem muito dispostas a “pagar para ver” como os seus negócios vão desempenhar no Brasil. A crença no mercado brasileiro de jogos e apostas é muito grande, o que talvez justifique a decisão da Enjoy que, hoje, parece loucura. É preciso levar em consideração que, por mais que a operadora de cassinos esteja estabilizada no Chile, e tenha bons negócios em países como Argentina e Uruguai, não sabemos ao certo qual é o atual nível de satisfação da empresa com esses empreendimentos.

Portanto, vejo com bons olhos esse movimento de apostar no mercado brasileiro. Confesso que eu não tenho toda essa crença que os especialistas da indústria tem no mercado brasileiro, mas certamente eles sabem muito mais sobre business do que eu. Focar no Brasil pode ser algo muito positivo para muitos empreendimentos, mas se todos esses esforços não forem bem pensados e articulados, poderemos observar uma frustração coletiva que, se realmente acontecer, tende a deixar muita gente no prejuízo.

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr