O imponderável da semana: UFC Walker x Marreta
Tem um ditado que diz o seguinte, nem tudo são flores. O red vem, faz parte do processo, o que importa é final de cada mês. Por sorte, este mês tem 5 semanas de UFC: 2, 9, 16, 23, 30. E o melhor, os próximos dois: 9/10 e 16/10, até agora na casa de apostas só haverá +EV “certo” em over e under. Ótimo para recuperar um final de semana ruim.
Antes de mais nada, gostaria de explicar o seguinte. Na verdade, não explicar, mas ratificar. Por mais que os cálculos estejam corretos e a análise esteja perfeita (estou trazendo as picks), o imponderável acontece, faz parte do processo, ainda mais num esporte individual como o MMA: camp, perda e recuperação de peso, nível de confiança (interfere em 70%), lesões, tudo isso soma no resultado de uma luta.
Ontem, especialmente, 3 lutas foram daquelas difíceis de engolir. Separei 3: Douglas D’Silva x Gaetano Pirrello, Johnny Eduardo vs Alejandro Perez, Antonina Shevchenko x Casey O’Neill.
Vamos as picks e suas explicações.
Douglas D’Silva x Gaetano Pirrello
Terceira luta do card preliminar. Duelo de strikers. Será experiência vs juventude. Douglas Silva é um casca-grossa da pesada, olha a lista de craques que ele pegou: Rob Font, Marlon Vera, Petr Yan, Renan Barão e Lerone Murphy: atleta 10 vitórias a 0. Douglas joga plantado, não tem muito volume, mas tem ataques sólidos, contundentes. Não vejo com poder de nocaute com um golpe, ele precisa de volume. Tem um bom grappling, mas sua única finalização foi em 2008, não vejo a luta indo para este caminho, embora acredite que o brasileiro irá tentar buscar as quedas, que é o ponto fraco de seu adversário.
Gaetano Pirrello é um striker, mas que deixou muito a desejar em sua estreia contra Ricky Simon, adversário duro. Gaetano necessita de enquadrar a distância para soltar seus golpes e prefere a longa distância. Ele tem pouco volume de golpes: 0.67 por min segundo o UFC stats. Tem queixo, aguenta pancada, assim como Douglas.
Pela soma de fatores: queixo, pouco volume de golpes e por conta de ambos os atletas não terem destaque no jiu jitsu, vejo esta luta indo para as papeletas.
Imponderável 1
Não há queixo que resista um golpe de encontro. Pirrello fez o que dele se esperava, jogou na distância e ia marcando ponto com chutes. Em um deles, Douglas Silva capitalizou um cruzado de encontro com raríssima precisão. Digamos que foi um chute no ângulo de fora de área. Não acontecerá novamente.
Johnny Eduardo vs Alejandro Perez
Primeira luta do card preliminar. Duelo de trocadores. Johnny Eduardo é um veterano, 41 anos e não luta desde 2018. Oriundo da Nova União, tem como base mais sólida a trocação. Gosta de jogar mais plantando, na longa média, combinando retos e hi – kicks. Tem um bom jiu jitsu, mas pouco sólido para o MMA, pois seu jogo de quedas e seu encaixe de posições é deficiente, foi finalizado por Nathaniel Wood tentando entrar em quedas e nocauteado por Matthew Lopez quando buscava a finalização. Este foi seu único nocaute contra. Johnny tem mão, mas precisa de volume, não o vejo com aquela mão finalizadora. Da mesma forma que seu adversário.
Alejandro Perez também gosta da trocação, mas prefere atuar no contra golpe e jogar na longa, justamente por esperar que seus oponentes caminhem para frente. Tem um bom footwork, sabe deslizar no octógono e, como disse, não é um striker de uma mão matadora. Nocauteou Matthew Lopes por causa de uma joelhada colado na grade e uma seqüência de muitos golpes. Não vejo Johnny indo para esta situação. Também não vejo jiu jitsu para finalizar Johnny, sua ultima finalização foi em 2013.
Salvo algo extraordinário, vejo essa luta indo para a mão dos juízes.
Imponderável 2
O extraordinário aconteceu, Perez que não finalizava desde 2013 resolveu mostrar o seu jiu-jitsu justamente contra um representante, faixa preta, de uma das maiores academias do mundo da arte suave, com direito a um corner do quilate do Dedé Pederneiras. Esse red deu raiva. Ah, mas quanta raiva meus amigos.
Ali não foi a idade que pesou, mas o ego aliado a displicência. Atleta que não treina pano, pode ser faixa coral, vai esquecer o básico. Certamente.
Já vi, presenciei em camp, atleta de MMA (faixa preta de jiu-jitsu) afirmar que não treinava jiu, porque tudo era intuitivo. O EGO no MMA é coisa séria. Detona com a carreira de muitos.
Antonina Shevchenko x Casey O’Neill
Sexta luta do card preliminar. Será um duelo de kickboxing com grappling. Tanto Antonia quanto O Neill são oriundas do Kickboxing, tem a trocação como especialidade. Casey é mais ofensiva, busca mais o kick de aproximação, Antonina é mais como sua irmã, atua na distância buscando o contra golpe. Nenhuma das duas tem grande poder de nocaute, elas se destacam pelo volume de ações, vejo o clinche e o ground and Pound como armas que eventualmente podem encerrar suas lutas. Porém, apesar de serem trocadoras, é no grappling que costumam levar perigo.
Entretanto, não vejo muita ambição ou técnica apurada o suficiente para buscar o solo desde o início. Elas devem trocar, buscar o domínio na pegada do clinche e disputar posição na grade. Deve ser uma luta amarrada, com bastante troca de pegadas e grade. No chão, vejo superioridade em O Neill, faixa roxa de jiu jitsu. Mas, é uma atleta que vai trabalhando as posições até buscar o estrangulamento pelas costas, o mata leão. Antonina tem um armlock que pode incomodar, mas não vejo jiu para encerra esta luta.
Portanto, vejo esta luta se encaminhando para as mãos dos árbitros.
Imponderável 3
Narrei ou não narrei a luta? Aconteceu absolutamente tudo que foi descrito na pick. O que não se esperava, eu não esperava, que Antonia continua com a mesma e absoluta deficiência no grappling. Cometeu erros de faixa branca que não vai à academia. Branca de jiu e de wrestling. O’ Neill praticamente d-e-s-e-n-h-o-u as entradas de queda, todas muito lentas, com pouco encaixe, mas o suficiente para derrubar Antonina todas às vezes que quis. Uma vez no chão, Antonina conseguia, até com certa facilidade, repor a guarda. Respirava aliviado. Mas, sempre, como todo faixa branca, tentava sair da guarda e buscar a única finalização que conhecia, o armlock. E foi um apavoro todas às vezes que tentou isso. Pior não foi Antonina ter feito as besteiras que fez, mas o corner que não teve competência para mudar o jogo.
Uma lástima. Mas, faz parte meus amigos.
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