Drazen Petrovic: 29 anos da trágica história de um dos melhores Europeus que já passou pela NBA.
Nascido em 22 de junho de 1964, na Croácia (na época Iugoslávia), Drazen Petrovic foi um dos atletas europeus de grande sucesso na NBA, e foi o responsável por abrir caminho para que outras estrelas vindas do velho continente pudessem brilhar em terras americanas. Drazen infelizmente não conseguiu chegar ao seu auge na NBA, devido ao final trágico de sua carreira. Neste artigo, iremos revisitar a história de um dos jogadores Europeus mais talentosos de todos os tempos.
Família e Infância
Petrovic tinha uma família bastante conservadora e com costumes típicos da região, mas durante a sua criação, os familiares nunca foram contra o desenvolvimento do jogador como atleta de basquete. Seu irmão, Aleksandar Petrovic, além de também ter atuado como jogador de basquete profissional, treinou a seleção brasileira masculina de basquete de 2017-2021.
Com o apoio da família, Drazen já começou a jogar nas categorias de base de um time local, o KK Sibenik, com apenas 13 anos. Aos 15, já estava atuando pela equipe principal e ajudou o time a conquistar um lugar na primeira divisão do basquete Iugoslavo. O Sibenik chegou a disputar as finais da Taça Iugoslava de basquete por duas vezes, mas foi derrotado nas duas oportunidades e amargou dois vice-campeonatos seguidos. Já com 18 anos, Petrovic foi a estrela da campanha do Sibenik na conquista do título do campeonato Iugoslavo, mas a conquista não foi reconhecida por irregularidades durante a disputa do torneio.
KK Cibona
Com o fim de sua passagem pelo Sibenik e com o cumprimento do serviço militar realizado, Drazen foi buscar a sua primeira oportunidade em um grande time de basquete. O time em questão foi o KK Cibona, de Zagreb, capital da Croácia. No KK Cibona, Drazen se reuniu com seu irmão, Aleksandar, que na época já era considerado um excelente defensor.
A Passagem dos irmãos Petrovic pelo Cibona foi espetacular em termos de resultado. Na primeira temporada, a equipe conquistou o campeonato Iugoslavo e a Copa nacional da Iugoslávia. Além disso, conquistou também o título da Euroliga, com 36 pontos na final que terminou em 87-78 para o Cibona contra o forte time do Real Madrid. Na temporada seguinte o segundo título da Euroliga veio contra o time do lendário Arvydas Sabonis, que futuramente também veio a atuar na NBA pelo Portland Trail Blazers.
O Desempenho de Drazen Petrovic no Cibona foi extremamente positivo, e as médias de pontuação do jogador ficaram em 37,7 pontos por jogo e 33,8 pontos por jogo nos campeonatos europeus. Essas médias seriam impressionantes na NBA, mas são ainda mais impressionantes para o basquete Europeu, que tem média de pontuação mais baixa que a liga americana. Além da média insana de pontos, Drazen ostenta uma das maiores pontuações da história em uma única partida, com 112 pontos, em partida disputada no Campeonato Iugoslavo. Na Euroliga, sua maior pontuação foi de 62 pontos.
Real Madrid
Em pouco tempo ficou claro que os desafios do Cibona foram superados muito rápido por Petrovic, e ele queria e precisava dar um passo a mais em sua carreira. O problema era que existia uma lei esportiva da Iugoslávia que impedia os jogadores de assinarem com clubes do exterior até que completassem os 28 anos de idade, e Petrovic tinha apenas 23 anos na época. O Portland Trail Blazers, da NBA, já havia pré-selecionado Petrovic em 1986, mas o jogador decidiu adiar a sua ida para os Estados Unidos e queria seguir na Euroliga. O destino foi o Real Madrid, mas para assinar com o clube espanhol, o agente esportivo José Antonio Arizaga precisou subornar diversas autoridades Iugoslavas e realizar diversos acordos para conseguir tirar o jogador de apenas 23 anos da Iugoslávia.
Após um processo conturbado e complicado, Petrovic conseguiu assinar com o Real Madrid um contrato de U$4 milhões em 1988. A temporada de 1988-89 foi marcada pelo título da copa do Rei sobre o Barcelona, mas também pela derrota do Real Madrid para o mesmo Barcelona no campeonato Espanhol. Mesmo com a derrota na liga nacional, Petrovic conseguiu atuações históricas nas competições europeias, e teve até um jogo de 62 pontos. Em busca de mais desafios e focado em seguir evoluindo, Petrovic jogou apenas uma temporada pelo Real Madrid e decidiu que era a hora de se estabelecer na NBA.
Portland Trail Blazers
A carreira de Petrovic na NBA começou na franquia do Oeste dos Estados Unidos. O primeiro ano do Croata na liga não foi fácil, principalmente devido a falta de tempo em quadra. Suas médias ficaram em 7,4 pontos por jogo e apenas 12 minutos de quadra. O jogador demonstrou a insatisfação com a falta de tempo, mas na segunda temporada sua minutagem ficou ainda menor, com apenas 7 minutos por jogo. Petrovic não aceitou a situação, e após muitas reclamações e forçando a sua saída, foi trocado com compensação de Draft para o New Jersey Nets.
New Jersey Nets
Já nos Nets, Petrovic conseguiu demonstrar o seu valor para a NBA. Na primeira temporada, o jogador ainda não conseguiu uma média de pontos tão alta, mas já conseguiu subir as médias que teve no Portland. Sua média de pontuação ficou em 12,6 pontos por jogo.
Na segunda temporada atuando pelos Nets, Petrovic mostrou que tinha muito talento para a NBA. Não perdeu um jogo sequer da temporada e conseguiu uma média de 20,6 pontos por jogo, além de ser considerado um dos melhores defensores da liga com sua alta energia e intensidade defensiva. Mas, além das excelentes médias de minutos e pontos, Petrovic foi um dos principais responsáveis em levar os Nets para os Playoffs da liga depois de mais de 6 anos fora do mata-mata, o que foi muito apreciado pela torcida.
Em sua terceira temporada, Petrovic conseguiu aumentar sua média de pontos para 22,3 por partida e foi selecionado para o terceiro time ALL-NBA, que premia os melhores jogadores da temporada em times ideais.
Sucesso Nacional
Pelas seleções nacionais, Petrovic também conseguiu atingir o sucesso algumas vezes. Até os anos 90, Petrovic ainda atuava pela seleção da Iugoslávia. Com a nação ainda unificada, conquistou a EuroBasket de 1989 e o Campeonato Mundial de Basquete em 1990, dois títulos em que foi protagonista dos elencos.
Com a separação e consequente independência da Croácia em relação a Iugoslávia, Petrovic passou a defender a seleção Croata. Em 1992, os primeiros jogos olímpicos foram disputados já com a Croácia unificada, e o desempenho da seleção foi bastante interessante. Petrovic liderou o time até as finais, quando foi derrotado para o Dream Team dos Estados Unidos de 1992, que era formado por jogadores como Michael Jordan, Magic Johnson, Larry Bird, Scottie Pippen, Patrick Ewing, Karl Malone e diversas outras estrelas da NBA. A medalha de prata ainda assim foi considerada como um resultado excelente para a Croácia.
O Trágico fim da carreira de Petrovic
Em 1993, após mostrar para toda a NBA do que era capaz e gerar uma expectativa enorme para a próxima temporada dos Nets, Petrovic se apresentou em Berlim para atuar pela seleção Croata, que estava participando de um torneio na Alemanha. Petrovic decidiu que não iria voltar para a Croácia com a delegação, e iria realizar a viagem de carro com a sua namorada. Na segunda-feira, 7 de junho de 1993, Petrovic se envolveu em um acidente de trânsito ainda na Alemanha. Foi constatado que Drazen estava sem o seu cinto de segurança afivelado e no momento do acidente, estava no banco do passageiro, enquanto sua namorada dirigia o veículo. Petrovic não resistiu aos ferimentos e morreu no local, enquanto os outros dois passageiros do carro (Sua namorada e uma jogadora de basquete Turca) ficaram com ferimentos graves, mas sobreviveram.
Petrovic vinha de sua melhor temporada na NBA e vinha se provando como um dos atletas mais promissores de toda a liga. Sua morte gerou uma comoção muito grande entre os fãs, e seu nome foi introduzido no Hall da fama da NBA e da FIBA, em 2002 e 2007, respectivamente. Seu nome também foi vinculado a algumas premiações individuais como forma de homenagem, além de uma estátua construída no Museu Olímpico de Lausanne, um dos mais emblemáticos do esporte mundial.
Escrito por Miguel Tureck/NBA