Final da Europa League vale mais que um título
Na próxima quarta-feira, dia 21 de maio, o Estádio San Mamés, em Bilbao, será palco de um confronto que diz muito sobre o momento atual de dois gigantes ingleses: Tottenham Hotspur e Manchester United se enfrentam na final da UEFA Europa League 2024/25, cada um carregando expectativas, necessidades e um histórico recente que transforma essa decisão em algo maior do que apenas um título continental.
Essa será uma final entre dois clubes tradicionais da Premier League que, nos últimos anos, perderam espaço no topo do futebol europeu. Se por um lado o Manchester United tenta reencontrar seu caminho em meio a crises internas e campanhas decepcionantes, o Tottenham busca, quase desesperadamente, encerrar um jejum de títulos que já dura 17 anos – desde a conquista da Copa da Liga Inglesa em 2007/08.
O caminho até Bilbao
Ambos tiveram trajetórias distintas na competição. O Manchester United passou por turbulências no início, mas cresceu com o avançar das fases. A equipe de Ruben Amorim ficou no empate nas três primeiras rodadas da fase de classificação — 1 a 1 com Twente, 3 a 3 com Porto e outro 1 a 1 com Fenerbahçe — e só embalou a partir da vitória sobre o PAOK, na quarta rodada. O time então somou vitórias contra Bodø/Glimt, Viktoria Plzen, Rangers e FCSB, avançando com autoridade.
O mata-mata escancarou o poder ofensivo do United, com Bruno Fernandes liderando a equipe não só como artilheiro do time (e da competição, com 7 gols), mas também como um garçom, com 4 assistências. A classificação contra a Real Sociedad veio com um placar agregado de 5 a 2, seguida por um duelo épico contra o Lyon, vencido apenas na prorrogação (7 a 6 no agregado). Já na semifinal, atropelou o Athletic Bilbao por 7 a 1 no total, confirmando o bom momento.
Do outro lado, o Tottenham teve uma campanha mais estável e consistente, ainda que sem o brilho do rival. Os Spurs começaram com vitórias tranquilas na fase de classificação – destaque para o 3 a 0 sobre o Qarabağ e o 2 a 1 fora de casa contra o Ferencváros. Apesar de tropeços pontuais, como a derrota para o Galatasaray e os empates contra Roma e Rangers, a equipe se manteve sólida o suficiente para avançar com segurança.
No mata-mata, o time de Ange Postecoglou mostrou força em casa. Reverteu a derrota para o AZ Alkmaar nas oitavas com um 3 a 1 no jogo de volta. Superou o Eintracht Frankfurt com um jogo maduro e venceu com autoridade o Bodø/Glimt na semifinal, com destaque para Dominic Solanke – autor de 5 gols e 4 assistências na competição.
Título como redenção
Para o Manchester United, levantar a taça da Europa League pode significar mais do que salvar a temporada: é uma oportunidade de dar uma resposta a seus torcedores em meio à crise financeira que assola o clube e à instabilidade em campo nos últimos anos. O título também significaria uma volta ao protagonismo internacional e o resgate de uma mentalidade vencedora que parece cada vez mais distante de Old Trafford.
Apesar de seu histórico europeu – o United foi campeão da Europa League em 2016/17 e já disputou diversas finais continentais –, o clube tem patinado em sua reconstrução. O desempenho ofensivo é inegavelmente um ponto forte, com média de 2,5 gols por jogo. No entanto, a fragilidade defensiva preocupa: foram 18 gols sofridos em 14 jogos, e a média de mais de dois cartões amarelos por jogo (30 no total) mostra uma equipe ainda emocionalmente instável.
Já o Tottenham encara essa final como uma chance histórica. Desde 2008, o clube não ergue um troféu oficial, convivendo com a pecha de “quase” em diversas temporadas. O trabalho de Postecoglou mostra sinais positivos, e a Europa League pode coroar esse processo de reconstrução. Mais do que a conquista de um título, seria uma quebra simbólica de um ciclo que persegue o clube há quase duas décadas.
A campanha sólida dos Spurs reflete um time equilibrado: 27 gols marcados (média de 1,93 por jogo), apenas 13 sofridos e cinco jogos sem levar gols na competição. A defesa, em especial, merece destaque, com apenas 13 gols sofridos em toda a campanha e média de apenas 0,93 por partida.
O que está em jogo?
Quando Tottenham e Manchester United entrarem em campo no San Mamés, o que estará em disputa vai muito além do troféu da Europa League. Trata-se de uma final que representa uma encruzilhada para dois clubes que vivem realidades distintas, mas compartilham a urgência por afirmação.
O Manchester United, mesmo com toda a sua tradição europeia, chega com a missão de dar uma resposta concreta dentro de campo após temporadas marcadas por frustrações, troca de técnicos, críticas à gestão e problemas financeiros. A vitória seria uma conquista esportiva e um alívio institucional. Com um elenco talentoso e um meio-campo criativo liderado por Bruno Fernandes, os Red Devils têm poder de fogo para decidir, mas sua instabilidade defensiva e disciplinar ainda gera dúvidas.
O Tottenham, por sua vez, carrega uma responsabilidade emocional que vai além do campo: encerrar um longo jejum e provar que pode ser competitivo em alto nível. Diferente do rival, os Spurs não têm um passado recente vitorioso para se apoiar. Por isso, erguer a taça em Bilbao pode ser o marco definitivo de uma mudança de mentalidade, simbolizando que o clube aprendeu com seus tropeços e amadureceu. A solidez defensiva e a eficiência ofensiva, com Solanke como destaque, são os pilares de um time que sabe sofrer, mas também está pronto para vencer.
É uma final que coloca à prova esquemas táticos, jogadores, técnicos, torcidas, clubes e, principalmente, projetos esportivos inteiros. A glória continental pode ser um ponto de virada — seja para reviver a grandeza do passado ou para enfim construir um novo capítulo de conquistas. Em Bilbao, mais do que um campeão será coroado: será reconhecido quem melhor souber lidar com o peso da própria história.
Confira aqui o nosso palpite para o jogo!
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