A Série B do Campeonato Brasileiro de 2024 apresenta um marco inédito: todos os 20 clubes que disputam a competição têm patrocínios de sites de apostas. Este fenômeno evidencia a consolidação dessas plataformas como atores fundamentais no financiamento e na sustentabilidade do futebol brasileiro. O Guarani foi o último clube a se unir a essa tendência, ao anunciar a Dafabet como sua nova patrocinadora máster.

O contrato da Dafabet com o Guarani, que se estende até o final do Paulistão 2025, é visto como uma esperança de impacto positivo no clube, especialmente porque a equipe atualmente ocupa a lanterna da Série B, com apenas uma vitória em 15 jogos. André Marconatto, presidente do Guarani, expressou otimismo em declaração publicada pelo site Máquina do Esporte. “Tenho certeza que este acordo será de muito sucesso e que terá um impacto positivo para o Guarani. Agradecemos a confiança da Dafabet e estamos ansiosos para dar início a esta nova parceria fundamental para a nossa trajetória na temporada de 2024“, afirmou André.

A presença das casas de apostas nos uniformes da Série B é notável, com 95% dos clubes exibindo logotipos dessas empresas na parte frontal de seus uniformes. Destes, 70% têm as plataformas de apostas como patrocinadoras máster, ocupando o espaço mais nobre das camisas. Contudo, há particularidades: Brusque, Ituano, Mirassol, Novorizontino e Paysandu possuem parcerias com empresas de apostas, mas não as exibem como patrocinadoras principais. A Chapecoense, por exemplo, tem a KTO como parceira, porém o logotipo está em uma área mais discreta do uniforme, na região da clavícula.

A diversificação entre os patrocinadores na competição também é evidente. A Bet7k se destaca como a principal patrocinadora, apoiando cinco clubes, embora seja a patrocinadora máster apenas do Operário-PR. A EstrelaBet patrocina quatro clubes como máster: América-MG, Botafogo-SP, CRB e Ponte Preta. Outras empresas focam em clubes específicos: a BETesporte apoia Goiás e Vila Nova, a Pixbet está presente no Avaí, a Betnacional no Paysandu, a Blaze no Santos e a Betvip no Sport.

Realidade temporária?

O fato de que todos os clubes da Série B do Brasileirão de 2024 são patrocinados por casas de apostas é um reflexo claro da influência crescente dessas plataformas no futebol brasileiro. A presença maciça desses patrocínios evidencia o quanto as apostas se tornaram essenciais para a viabilidade financeira dos clubes. Contudo, essa situação pode mudar drasticamente na próxima temporada.

A iminente regulamentação do setor de apostas no Brasil trará uma reviravolta significativa. A nova legislação exigirá que apenas as plataformas devidamente regulamentadas possam continuar operando e patrocinando eventos esportivos. Nem todas as empresas atualmente envolvidas no futebol brasileiro estarão dispostas ou poderão cumprir as rigorosas exigências. A elevada taxa de impostos, a outorga de 30 milhões de reais e os requisitos mínimos de operação são barreiras substanciais que muitas dessas plataformas talvez não consigam ou não queiram transpor.

Além disso, os parlamentares brasileiros já estão discutindo formas de elevar ainda mais as taxações sobre o setor, aplicando o chamado “imposto do pecado” às apostas. Essa medida, se implementada, aumentará ainda mais os custos operacionais dessas empresas, tornando o mercado brasileiro menos atrativo para muitas delas. Portanto, enquanto hoje vemos uma Série B dominada por patrocínios de casas de apostas, o futuro é incerto. A atual dependência dos clubes dessas parcerias pode se tornar um problema significativo se muitas dessas empresas decidirem sair do mercado brasileiro devido às novas regulamentações.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr