CPI das apostas ouve presidente do São Paulo e lideranças do STJD nesta quarta
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as supostas manipulações de resultados no futebol brasileiro, conhecida como CPI das Apostas Esportivas, realizará uma importante sessão nesta quarta-feira (22), às 11h, em Brasília. Os parlamentares recebem em plenário o atual presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares, e algumas lideranças importantes do Superior Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol (STJD).
Além de Casares, a CPI ouvirá José Perdiz de Jesus, presidente do STJD, e Ronaldo Botelho Piacente, procurador-geral do tribunal. A convocação desses dois representantes foi solicitada pelo senador Romário (PL-RJ), relator da CPI, que busca esclarecimentos sobre as ações do STJD contra as irregularidades no futebol e as medidas adotadas para combater os supostos esquemas de fraude. A relação do tribunal com órgãos públicos na investigação de condutas suspeitas também será um ponto de foco durante os depoimentos.
Julio Casares, presidente do São Paulo, foi convocado a partir de um requerimento do senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI. Casares será questionado sobre as alegações de manipulação de resultados envolvendo jogadores do clube. As acusações foram feitas pelo empresário John Textor, sócio majoritário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, que afirma possuir provas que indicam manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro por jogadores do São Paulo.
Convocação de árbitros de VAR
Outra pauta relevante da sessão será a votação dos requerimentos para convocação dos árbitros Diego Pombo Lopez e Frederico Soares Vilarinho. Ambos atuaram como Vídeo Assistant Referee (VAR) na partida entre Botafogo e Palmeiras, no dia 1º de novembro de 2023, um jogo que gerou polêmica devido à divulgação de áudios das conversas entre os membros da equipe de arbitragem. O senador Carlos Portinho (PL-RJ), autor dos requerimentos, considera essencial que todos os envolvidos na arbitragem daquela partida sejam ouvidos para esclarecer os critérios e circunstâncias das decisões tomadas durante o jogo.
A convocação dessas figuras-chave é vista como um passo fundamental nas investigações, de acordo os parlamentares que foram à CPI. Segundo o senador Kajuru, a integridade do esporte e a confiança dos torcedores estão em risco diante das denúncias de manipulação de resultados e corrupção. Ao ouvir testemunhas e envolvidos diretamente nas acusações, a CPI espera avançar na identificação e punição dos responsáveis por eventuais fraudes.
Longo e demorado
A CPI das Apostas Esportivas, que se propõe a investigar a manipulação de resultados no futebol brasileiro, é um movimento de grande relevância e isso ninguém pode questionar. No entanto, o processo tem se mostrado exasperantemente longo e burocrático. A sessão marcada para esta quarta-feira (22), em que serão ouvidos Julio Casares, presidente do São Paulo, e importantes figuras do STJD, ilustra bem essa lentidão.
Apesar das supostas boas intenções dos parlamentares, a verdade é que a CPI caminha a passos de tartaruga. A cada novo depoimento, a cada nova sessão, o público aguarda ansioso por conclusões concretas e ações definitivas. Porém, a sensação predominante é de frustração. As investigações se arrastam, as audições se multiplicam, e os resultados efetivos continuam escassos.
É essencial reconhecer a importância desse movimento. As denúncias de manipulação de resultados e corrupção são sérias e merecem toda a atenção. A confiança dos torcedores e a integridade do esporte estão, de fato, em jogo. Mas, ao ritmo atual, o processo investigativo perde o fôlego e, consequentemente, o interesse do público. A cada nova convocação, a esperança de um desfecho se renova, mas a paciência dos torcedores e cidadãos começa a se esgotar.
Além disso, não podemos ignorar o contexto político em que essa CPI está inserida. Com as eleições se aproximando, há uma crescente desconfiança de que a CPI possa estar sendo usada como um palco político. A presença constante de figuras políticas de destaque e a exposição midiática das sessões reforçam essa percepção. É legítimo questionar se todos os envolvidos estão verdadeiramente comprometidos com a causa ou se alguns estão apenas buscando visibilidade para suas campanhas.
Escrito por Sérgio Ricardo Jr