Fazenda quer casas de apostas incluídas em programa de combate à corrupção
O Ministério da Fazenda está intensificando os esforços para trazer as empresas de apostas esportivas online para a linha de frente na luta contra a corrupção e a lavagem de dinheiro no país. De acordo com informações divulgadas pelo portal Metrópoles, durante o evento Ambição 2030, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o coordenador-geral de Monitoramento de Lavagem de Dinheiro da Secretaria de Prêmios e Apostas, Fred Justo, delineou planos para integrar as operadoras de apostas nesse esforço conjunto.
Justo destacou a urgência da regulamentação das apostas online no Brasil, ressaltando a necessidade de diálogo entre os Três Poderes e diversos ministérios, especialmente o Ministério da Justiça. Ele revelou que já estão em andamento discussões para a inclusão das empresas de apostas no programa nacional de combate à corrupção, uma iniciativa que visa fortalecer a colaboração entre o governo federal, o Legislativo e o Judiciário.
O tema foi abordado durante o painel “Corrupção no Esporte: a regularização das empresas de apostas esportivas”, moderado por Chantal Castro, gerente anticorrupção do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. O evento reuniu uma gama diversificada de especialistas, incluindo Fernando Monfardini, gerente de compliance do Clube Atlético Mineiro; Vinicius Sousa dos Santos, diretor de relações institucionais e parcerias estratégicas da Sports Integrity Global Alliance (SIGA); Rafael Marchetti, diretor jurídico do Rei do Pitaco; e Roberto Armelin, diretor executivo de ESG, riscos e compliance do São Paulo Futebol Clube.
Resposta aos casos de manipulação
Justo enfatizou que a regulamentação das apostas online representa uma resposta direta aos crescentes casos de corrupção e manipulação no mundo dos esportes, particularmente no futebol. Ele ressaltou a importância de uma fiscalização eficaz para proteger a integridade do setor e das pessoas envolvidas. Além disso, o coordenador-geral destacou a necessidade de equilibrar o combate à corrupção no esporte com a preservação de sua natureza comercial. Ele apontou que, embora o esporte, especialmente o futebol, movimente quantias consideráveis de dinheiro e gere receitas substanciais, é crucial considerar os impactos nas pessoas envolvidas, muitas das quais enfrentam barreiras educacionais que as tornam vulneráveis à corrupção e manipulação.
Diante desse contexto, Justo enfatizou a importância de desenvolver mecanismos de proteção para os envolvidos no esporte, reconhecendo não apenas a dimensão econômica, mas também os sonhos e aspirações das pessoas afetadas. O Brasil, segundo ele, tem uma oportunidade única de endereçar essas questões de forma abrangente, visando não apenas a integridade do setor, mas também o bem-estar dos indivíduos envolvidos.
Apoio mútuo
A proposta do Ministério da Fazenda de incluir empresas de apostas online no programa de combate à corrupção levanta importantes reflexões sobre a interseção entre o mundo dos negócios, especialmente no setor esportivo, e a busca pela manutenção da integridade. Enquanto o potencial econômico das apostas é inegável, é crucial reconhecer os riscos associados à manipulação e à lavagem de dinheiro que essa atividade fomenta.
É interessante observar como essa discussão vai além das questões puramente econômicas, adentrando o território dos sonhos e aspirações das pessoas afetadas.
Como destacou Fred Justo, a necessidade de uma fiscalização eficaz, conjunta e que envolva inúmeras partes do “negócio apostas esportivas” é fundamental para salvaguardar a integridade do setor e proteger aqueles que estão envolvidos, muitos dos quais podem ser até mais vulneráveis devido a barreiras educacionais ocasionadas por deficiências sociais brasileiras.
Portanto, ao desenvolver mecanismos de proteção e fomentar o debate sobre um apoio mútuo anticorrupção, o Brasil tem a oportunidade de promover a integridade do setor e também o bem-estar daqueles que fazem parte do universo esportivo. A inclusão das empresas de apostas no programa de combate à corrupção pode realmente ser um passo importante para obrigar essas empresas a colaborarem cada vez mais com a proteção da indústria que tem se formado no país.
Escrito por Sérgio Ricardo Jr