Em reunião realizada na última semana, o Conselho Deliberativo do Flamengo aprovou a renovação do contrato de patrocínio do clube com a Pixbet, empresa do ramo das apostas esportivas. Os conselheiros do Flamengo deram aval para o clube realinhar o acordo de parceria com a casa de apostas, que pode inclusive se tornar patrocinadora máster da camisa rubro-negra. De acordo com as informações divulgadas pela imprensa, os valores do contrato podem render de 90 a 170 milhões de reais aos cofres da equipe carioca.

Em um primeiro momento, a renovação do contrato de patrocínio entre Flamengo e Pixbet envolve a continuação da exploração da marca da casa de apostas na omoplata do uniforme da equipe. Para ocupar esse espaço, especula-se que a Pixbet estaria disposta a pagar cerca de 90 milhões de reais ao Flamengo em um acordo de dois anos. No entanto, caso não ocorra a renovação do contrato do Flamengo com o atual patrocinador principal da equipe, o Banco BRB, a Pixbet ofereceu a opção de migrar o patrocinio para ocupar esse espaço no uniforme rubro-negro. A proposta pelo “upgrade” de espaço gira em torno de 170 milhões de reais pelos menos dois anos de acordo.

Em julho, portais como Lance e UOL chegaram a divulgar que o Flamengo e a Pixbet já haviam acertado a renovação do contrato para as próximas temporadas, restando apenas a aprovação do conselho do clube, algo que aconteceu na última semana. Com essa renovação, o valor do patrocínio praticamente dobrou, representando uma injeção financeira substancial para os cofres do Flamengo. A grande expectativa agora gira em torno do espaço de patrocínio master da camisa do clube, que negocia com a própria Pixbet e com outras marcas.

Detalhes do acordo

Segundo diversos veículos da imprensa, fontes ligadas ao clube e a empresa revelaram alguns detalhes do novo acordo entre Flamengo e Pixbet. Segundo essas fontes, o pagamento da empresa de apostas será realizado em seis parcelas. A primeira parcela, no valor de R$ 20 milhões, será creditada nos cofres do Flamengo já no próximo mês de outubro. Para o próximo ano, estão previstos dois pagamentos de R$ 14 milhões, com os três pagamentos restantes no mesmo montante programados para 2025.

Além disso, o novo contrato traz cláusulas estratégicas que exigem que a Pixbet busque imediatamente uma licença de operação junto ao governo federal assim que seja aprovado e oficializado o projeto de regulamentação das apostas esportivas no Brasil, que caminha para ser aprovado no Senado. Esta medida garante que a parceria esteja alinhada com as regulamentações governamentais, assegurando a continuidade do vínculo. No entanto, caso a Pixbet não esteja em conformidade com a legislação, o Flamengo terá a prerrogativa de rescindir o contrato unilateralmente, sem a obrigação de pagar multa.

Questionável

A renovação do contrato de patrocínio entre o Flamengo e a Pixbet certamente pode ser interpretada de múltiplas formas, principalmente se incluirmos no debate tópicos como a regulamentação das apostas no Brasil. Ao analisarmos essa parceria, é evidente que ambos os lados – o Flamengo e a Pixbet – têm razões para celebrar. No entanto, uma visão mais abrangente revela implicações que vão além do futebol e dos negócios, e que podem impactar de forma muito séria o futuro das apostas no país.

De um lado, o Flamengo sai ganhando com um contrato que injeta R$ 90 milhões em seus cofres, representando um impulso financeiro considerável para o clube. O Flamengo, como uma das principais potências esportivas do país, tem todo o direito de buscar parcerias lucrativas que fortaleçam sua posição competitiva, independentemente da regulamentação das apostas esportivas no Brasil. Para o clube, esse contrato é uma vitória incontestável.

Por outro lado, a Pixbet também está renovando esse contrato por razões muito claras. Ninguém em sã consciência renova um contrato que não tenha trazido bons resultados. Isso sugere que a Pixbet, assim como qualquer outra empresa, enxerga uma oportunidade de retorno financeiro substancial nessa parceria. E é válido destacar que o sucesso de uma empresa em um mercado altamente competitivo é uma vitória individual muito grande. Contudo, o mundo não gira em torno de individualidades.

O aspecto mais polêmico desse contrato reside no fato de que os valores discutidos estão muito fora da realidade da indústria brasileira de apostas esportivas. Especula-se que a outorga a ser cobrada pela operação de apostas esportivas no Brasil, caso o projeto em discussão no Congresso Nacional seja aprovado, seja de 30 milhões. Enquanto grande parte da indústria briga para abaixar esse valor e trazê-lo para uma realidade mais aceitável, contratos exacerbantes como esse entre Pixbet e Flamengo passam uma mensagem muito errada para os governantes, que naturalmente se inclinam, inclusive, a pedir até mais do que 30 milhões para as casas de apostas, visto que algumas marcas parecem ter totais condições de arcar com isso.

À medida que o país caminha para a regulamentação das apostas esportivas, é fundamental que as leis sejam equitativas e considerem o bem-estar dos apostadores, além da justa concorrência. Os valores exorbitantes deste contrato podem criar precedentes problemáticos e influenciar a forma como a regulamentação é abordada pelos governantes. É preciso lembrar que, enquanto o Flamengo e a Pixbet celebram um acordo lucrativo, outras empresas de apostas esportivas no Brasil podem não ter os recursos para competir nesse nível. Isso cria uma desigualdade potencialmente prejudicial para a indústria como um todo.

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr