Na última semana, o Cruzeiro promoveu uma série de palestras de conscientização sobre apostas esportivas e as suas consequências para os atletas do clube. Essas palestras visam abordar os recentes casos de manipulação de resultados revelados em uma operação conduzida pelo Ministério Público de Goiás, que têm gerado grande preocupação no mundo do futebol. Os debates e as instruções sobre o assunto foram conduzidos pela procuradora do Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD-SP), Mariana Chamelette, especialista no tema.

A denúncia do MP-GO resultou no afastamento do volante Richard das atividades cotidianas do clube mineiro, o que trouxe à tona a urgência de discutir o assunto e promover a conscientização entre os jogadores e funcionários do clube. As palestras, ministradas pela procuradora Mariana Chamelette, foram direcionadas a todas as categorias do clube, desde os jogadores profissionais até as categorias de base, além de abranger também os demais colaboradores. O objetivo era garantir que todos compreendessem a gravidade de possíveis atos infracionais relacionados às apostas esportivas e a importância de agir com integridade no mundo esportivo.

Temas abordados

Durante as palestras, foram abordados os casos denunciados pelo MP-GO, que revelou um esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro e o envolvimento de jogadores em práticas ilícitas. A procuradora esclareceu as punições previstas pela FIFA para casos de manipulação e explicou como as quadrilhas de apostadores têm aliciado os atletas para participarem dessas atividades criminosas.

Ouvida sobre a experiência, a procuradora do TJD-SP acredita que as conversas tenham sido produtivas. “A ideia da realização foi conscientizar os atletas sobre a importância da integridade no esporte, incentivando-os a tomar decisões éticas e a recusar o envolvimento em práticas ilegais. As conversas realizadas foram bastante produtivas e tanto os atletas quanto os demais colaboradores do Cruzeiro foram muito participativosl“, comentou Mariana Chamelette.

A iniciativa do Cruzeiro de promover palestras de conscientização sobre apostas esportivas foi uma demanda especialmente conduzida pelo CEO da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube, Gabriel Lima. “As conversas foram muito benéficas, pois todos os colaboradores e atletas do clube puderam sanar dúvidas e entender mais sobre o assunto, que é do interesse direto de todos os envolvidos com o esporte“, afirmou Lima.

Prevenção tardia

Tenho abordado esse assunto algumas vezes aqui na Casa do Apostador nas últimas semanas. É quase uma cultura brasileira esperar que os problemas aconteçam para só depois pensar em como resolvê-los. A palavra prevenção parece não existir em nosso vocabulário, e no planeta bola essa situação se agrava ainda mais. É por isso que não podemos esquecer de apontar que a atitude do Cruzeiro é uma prevenção tardia, ainda que muito necessária. Iniciativas assim, se feitas em outro momento, poderiam ter um impacto muito maior.

Algum tempo atrás, publicamos aqui no site a iniciativa do Internacional em também realizar uma palestra de conscientização sobre as apostas esportivas para os seus jogadores e funcionários. É importante que isso seja feito por mais clubes, visto que a maioria dos jogadores sequer sabem que apostar, sendo esportista, não é uma atividade permitida. É claro que agora, com a repercussão nacional da situação envolvendo outros atletas, a informação se tornou amplamente conhecida, mas muitos atletas seguem não sabendo exatamente porque é proibido, nem qual tipo de pena eles podem pegar caso descumpram as regras.

A expectativa coletiva, tanto dos clubes quanto dos fãs do futebol brasileiro, é que os casos recentes apontados pelo MP-GO sirvam de exemplo para os atletas. E que a disseminação dessas informações, além da conscientização gerada por palestras como essa promovida pelo Cruzeiro, possam contribuir para prevenir a participação de jogadores em esquemas de manipulação de resultados. O esporte brasileiro sempre esteve associado ao bem e a coisas positivas, e não podemos deixar com que esse imaginário popular se perca pelo caminho.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr