Toronto Raptors : História de Título em 2019
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NBA: A história do improvável título do Toronto Raptors em 2019
dom 22 jan/23

NBA: A história do improvável título do Toronto Raptors em 2019


No início da temporada 2018/19, se você perguntasse ao torcedor mais otimista do Toronto Raptors se a franquia seria campeã da NBA na temporada, ele provavelmente diria que não. Os Raptors tinham um bom elenco, mas a predominância do Golden State Warriors era assustadora no período. A franquia da Califórnia vinha de 2 títulos consecutivos e quebrou recorde atrás de recorde com seu super time. 

Sendo assim, era extremamente improvável que uma franquia conseguisse desafiar a dinastia dos Warriors. Na prática a história foi outra, e a grata surpresa Toronto Raptors conseguiu um feito histórico. No artigo de hoje, iremos contar como tudo começou e como os Raptors conseguiram o título mesmo contra todas as probabilidades. 

A Franquia

A franquia de Toronto é uma das mais novas da NBA em questão de idade. Criada em 1995, os Raptors não tem nem 30 anos de experiência na NBA. O Canadá nunca foi um grande polo do basquete, e a própria população do país nunca se interessou muito pelo esporte. Nas terras geladas ao norte dos Estados Unidos, o esporte predominante sempre foi o Hóquei no gelo. Com isso, a tarefa de tornar uma franquia canadense um grande time de NBA era ainda mais complicada do que fazer o mesmo com uma franquia tradicional de um grande centro dos Estados Unidos. Prova viva disso eram os problemas de recrutamento, visto que diversos jogadores se recusaram a se mudar para o Canadá e defender os Raptors. Ocorreu tanto com jogadores draftados quanto jogadores em fim de contrato, que simplesmente se negaram a jogar em Toronto. A dificuldade dos canadenses era tão grande que a franquia de Vancouver dos anos 90 acabou se mudando para Memphis. Para evidenciar ainda mais a dificuldade em segurar bons jogadores, McGrady, Vince Carter e Chris Bosh pediram para deixar a franquia em busca de maior protagonismo na NBA.

Aos poucos, conquistando resultados melhores na NBA e desenvolvendo bons jogadores, o Raptors passou a atrair melhores atletas para a franquia. Vince Carter foi um dos principais responsáveis pelo crescimento do basquete no Canadá, o que abriu as portas para que outros grandes jogadores se interessassem pela franquia. O patamar foi mudado efetivamente quando DeMar DeRozan e Kyle Lowry formaram uma grande dupla em Toronto, e aumentaram muito o nível técnico do elenco. Foi nesse momento que a torcida do Raptors cresceu em peso e, acima de tudo, passou a frequentar as arenas e apoiar o time localmente. A franquia definitivamente cresceu, mas ainda estava longe de ser considerada contender (postulante ao título). 

Elenco de 2018/19

A montagem do elenco para a temporada 2018/19 começou com um movimento que chocou o mundo do basquete. DeMar DeRozan, que já havia expressado diversas vezes seu amor pelos Raptors e seu desejo de se aposentar na franquia de Toronto. Bom, não foi isso que aconteceu. Em julho de 2018, as notícias de uma das trocas mais inesperadas da NBA veio à tona. Os Raptors estavam trocando DeMar DeRozan, Jakob Poetl e uma escolha de primeiro round de draft por Kawhi Leonard e Danny Green, do San Antonio Spurs. DeRozan, junto com Lowry, era um ícone da franquia de Toronto, e muitos fãs não apoiaram a troca quando ela foi anunciada. O próprio Kawhi Leonard não aprovou a transferência, e deixou bem claro que iria deixar a franquia canadense ao final de seu contrato, que só tinha um ano restante. Ou seja, os Raptors só contariam com Kawhi por uma temporada. Além disso, Kawhi vinha de uma lesão complicadíssima no joelho, e muitos acreditavam que o jogador já não teria capacidade de atuar no mesmo nível que apresentou pelos Spurs. O resto é história. 

O restante do elenco era formado por jogadores que já estavam há alguns anos na franquia, que apresentou uma competitividade interessante nos anos anteriores. Kyle Lowry era um armador muito clássico, e com capacidade altíssima de criação de boas oportunidades. Isso aliado ao experiente e habilidoso pivô Marc Gasol, junto com dois defensores two-way em Kawhi e Pascal Siakam e o ala Danny Green nas bolas de 3 formava um time muito cascudo para se enfrentar nos playoffs. No banco de reservas, o destaque era o jovem armador Fred VanVleet, hoje um dos destaques do Raptors e titular absoluto. O time claramente tinha potencial, mas para isso era esperado que a franquia fosse atrás de um treinador experiente e campeão, que chegaria para mostrar o caminho do título aos jogadores, mas os Raptors optaram por uma linha totalmente diferente. O treinador era o novato Nick Nurse, que tinha grande experiência com o basquete, mas nunca havia comandado uma equipe da NBA. 

Campanha

A temporada regular dos Raptors começou muito bem, e a franquia já embalou uma boa sequência logo no começo da NBA. Durante a temporada, analisando as outras equipes, tudo indicava que o grande rival dos Raptors na conferência Leste seria o Milwaukee Bucks, algo que de fato se concretizou. Giannis Antetokounmpo foi o MVP da temporada regular, e os Bucks tiveram a melhor campanha de toda a NBA. Os Raptors mostraram que iriam dar muito trabalho nos Playoffs, mas a tendência era uma final entre Golden State Warriors e Milwaukee Bucks. 

Os Playoffs começaram com um confronto relativamente tranquilo contra o Orlando Magic. Os Raptors tomaram um susto na primeira partida, mas venceram os próximos jogos e levaram a série por 4-1 sem grandes sustos. 

No segundo round dos Playoffs, tivemos uma disputa memorável. Uma das disputas mais incríveis que terminou de maneira épica. Os Raptors venceram o primeiro jogo, mas seguiram de duas derrotas, que seguiram de duas vitórias. Os Sixers conseguiram vencer o jogo 6, sendo assim, o duelo seria definido no temido jogo 7, disputado em Toronto. Arena lotada, nervos a flor da pele e sobe a bola laranja. O jogo é pegado até o final, e faltando menos de 5 segundos o jogo está empatado e a posse é do Toronto Raptors. A jogada poderia definir o jogo ou apenas confirmar a prorrogação. Kawhi é acionado, mas está extremamente marcado. Com isso, leva o jogo para a lateral e, com o relógio quase estourando, faz o arremesso totalmente desequilibrado e praticamente se livra da bola. Kawhi arremessa e se agacha no chão. Só resta observar e rezar para que a bola caia. Ela toca uma, duas, três, quatro vezes no aro até morrer lentamente dentro da cesta. Vitória dos Raptors em um dos lances mais memoráveis do esporte.

A próxima série foi contra o melhor time da temporada regular, o Milwaukee Bucks. Os Raptors perderam os dois primeiros jogos da série, e parecia que seria ali o fim do sonho do título. Porém, uma reação incrível foi protagonizada, e os Raptors venceram os próximos 4 jogos e se classificaram para a final da NBA. 

A final seria disputada contra o atual bicampeão Golden State Warriors, que acabou perdendo alguns jogadores por lesão e vinha bastante desfalcado para a disputa das finais. Os Raptors venceram o primeiro jogo, mas a derrota na segunda partida acendeu um alerta. Por mais que os Warriors estivessem desfalcados, ainda estavam vivos. O troco veio logo em seguida com duas vitórias fora de casa. Caminho aberto para levantar o troféu em Toronto, mas o Golden State não desiste. Os Warriors venceram os Raptors em Toronto e adiaram a festa para o jogo 6. Em San Francisco, os Raptors fizeram um bom jogo e, finalmente, venceram a NBA. Kawhi Leonard foi considerado o MVP das finais e aumentou ainda mais a sua importância no esporte. 

Cumprindo a promessa

Kawhi prometeu antes da temporada começar que só ficaria em Toronto por uma temporada, e a promessa de fato foi cumprida. Após o título, muitos acreditavam que Kawhi poderia repensar seu futuro e talvez seguir mais temporadas no Canadá, mas o jogador seguiu com sua palavra, e de fato deixou os Raptors mesmo após o grande triunfo. O destino foi o Los Angeles Clippers, franquia da sua cidade Natal. 

Um marco na história

Com o título dos Raptors, a NBA ficou marcada muito positivamente. Uma franquia canadense conquistou o título, com um treinador novato e um jogador que se recuperou de uma grave lesão no joelho. Na NBA existem coisas muito improváveis, mas nada é impossível.

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Escrito por Miguel Tureck

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