“Dizem que a felicidade incomoda. A felicidade de um negro brasileiro vitorioso na Europa incomoda muito mais.”
Essas são as palavras que o próprio jogador Vinicius Jr. disse em um vídeo postado em seu Instagram, no dia 16 de setembro, como reposta para um ataque racista que aconteceu um dia antes.
Porém, sabemos que o racismo não começou neste dia, começou a muitos anos atrás e a impunidade para esses atos só favorecem para que situações como essa aconteça mais uma centena de vezes.

Como tudo começou

A forma como Vinicius Jr. comemora os seus gols tem irritado uma pequena parte da Espanha que vê a sua dança de comemoração, como uma forma de atacar e menosprezar os seus adversários.
Tudo começou a ficar mais intenso no domingo, dia 11 de setembro, em um jogo do Real Madrid contra o Mallorca, partida que terminou com a vitória dos merengues por 4 a 0.
Porém, durante a partida houve uma pequena discussão entre o jogador Vinícius Jr. e o técnico do clube rival, Javier Aguirre.
Antes da discussão, no decorrer da partida Vinicius foi vítima de várias faltas e provocações por parte dos jogadores do Mallorca e após uma arrancada pela esquerda, próximo ao banco de reservas, Vinicius é desarmado e logo parte para cima do técnico do Mallorca dizendo repetidamente “Isso não! Isso não!”.
Vinicius afirmou que o Javier pediu aos seus jogadores para bater nele, “Ele disse ‘Bate nele! Bate nele!’… o técnico”.
Para completar, os jogadores do Mallorca também acusaram o ponta-esquerda de fazer várias provocações.

Episódios posteriores

Na mesma semana, na noite da quinta-feira, dia 15 de setembro, novamente Vini Jr. é o motivo da conversa e desta vez sendo vítima de racismo, em um programa esportivo na televisão da Espanha, onde o empresário Pedro Bravo fez comentários racistas para censurar as dancinhas que Vinicius faz após os seus gols.
Com clássico marcado para três dias após esses comentários infelizes, o assunto rendeu ainda mais depois que o capitão Koke, do Atlético de Madrid, após ser perguntado em uma entrevista qual seria a reação da torcida diante de uma dança de Vinicius no clássico, dizer que “haveria confusão”.
E realmente houve confusão e não foi somente dentro do campo, já que a torcida do Atleti proferiu cânticos racistas contra Vinicius Junior ainda nos arredores do Estádio Cívitas Metropolitano e mostrou o seu pior lado antes mesmo de começar o clássico, no domingo dia 18 de setembro.
Nada justifica o que a torcida fez, mas se um empresário se sente a vontade para ser racista na TV, só mostra que não há punição para essas falas e mesmo que se tiver consequências são pequenas de mais, pelo menos para ele. O que Bravo fez, não foi somente dizer uma fala racista, ele, de certa forma, influenciou para que mais pessoas fossem racistas.

Ninguém vai parar o Vini Jr.

O jogo entre Real Madrid e Atlético de Madrid pelo Campeonato Espanhol aconteceu às 16h, horário de Brasília, em Madrid e foi justamente um dia após o técnico Carlo Ancelotti, dos merengues, afirmar que “É preciso destacar que não vejo esta forma de racismo na Espanha, fico com o comunicado do clube e do Vini. Ele está com vontade de jogar o jogo”, declarou Ancelotti em coletiva de imprensa na manhã do sábado, dia 17 de setembro.
Durante o clássico Vini Jr. foi vaiado a cada vez que pegava na bola, além disso, no decorrer do jogo alguns setores da torcida gritaram novamente frases racistas. Também alguns itens, incluindo isqueiros, foram lançados contra Vinicius e o seu colega de time Rodrygo, durante a comemoração de um dos gols do time.
Mas se enganou quem achou que esses atos parariam o brasileiro, pelo contrário, Vini dançou muito, comemorando o primeiro gol da partida, junto com o compatriota Rodrygo, na frente dos torcedores do Atlético, logo aos 18 minutos do primeiro tempo.

Pronunciamentos após o ocorrido

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, se manifestou e criticou o Atlético de Madrid pelos cânticos racistas de seus torcedores dirigidos ao jogador Vinicius Junior.
Logo em seguida, em uma declaração oficial o Atleti escreveu, “Pede-se aos torcedores sanidade e racionalidade e, durante a semana, profissionais de diversas áreas geraram uma campanha artificial, acendendo o estopim da polêmica sem medir as repercussões de suas ações e manifestações.” Aqui, o clube parece se referir as falas racistas de Pedro Bravo, que inclusive é o presidente da Associação Espanhola de Agentes de Futebolistas (AEAF).
O Atlético de Madrid também esclareceu “Pedimos que identifiquem as pessoas que participaram para proceder com a expulsão imediata dos que são sócios do clube.”
Ainda em nota o Atlético de Madrid evidenciou “E poucos não conseguem manchar a imagem de milhares e milhares de torcedores do Atleti que torcem pelo seu time com paixão e respeito seus oponentes.”
O prefeito de Madrid também se pronunciou após o ocorrido, “Não tem cabimento em nenhum lugar, não apenas em um espetáculo esportivo, mas em nenhum estado da vida. Acredito que o que deve ser feito é identificar as pessoas que proferiram as ofensas, porque acredito que elas não são dignas e merecedoras de entrar no estádio do Atlético de Madrid”.

E por fim, também é necessário um pronunciamento da parte de quem vos escreve, talvez esteja mais para um recado, como o próprio Vinicius diz, “Dance onde quiser”. Baila Vini Jr. estamos com você!

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Escrito por Paulina Costa