A estreia de times brasileiros SAF na Libertadores

Normalmente, apenas sete clubes brasileiros, garantem vagas na maior competição da América do Sul, porém, a Libertadores deste ano teve nove times brasileiros classificados, já que o Palmeiras e o Athletico-PR conquistaram a Libertadores e a Sul-Americana, respectivamente, no ano passado. Dos classificados, apenas o Fluminense não conseguiu se classificar pela Pré-Libertadores, continuando assim apenas oito times, que são eles: Palmeiras, Corinthians, Atlético-MG, Flamengo, Athletico-PR, que já são de casa e, Bragantino, América-MG e Fortaleza, que estão participando pela primeira vez da Libertadores. Destes times, apenas o América-MG e o Bragantino não avançaram para as oitavas de final.

SAF na libertadores

Além da estreia de três times brasileiros na Libertadores, tivemos também neste ano, a estreia dos times que se tornaram SAF (Sociedade Anônima do Futebol), de acordo com a Lei 14.193/2021, aprovada em agosto de 2021, que autorizou a transformação de times de futebol em sociedades anônimas.
A SAF vem como uma oportunidade para os times brasileiros, tanto para aqueles que estão passando por dificuldades financeiras quanto para aqueles que mesmo tendo as contas em ordem, tem enfrentado dificuldades para crescer. Desta forma, a SAF permite o pagamento das obrigações do clube aos seus credores por meio da recuperação judicial ou extrajudicial, além de possibilitar a execução dos bens e uma negociação coletiva, com um plano de pagamento definido.

América-MG e sua evolução

Dos três times da capital mineira, o América-MG é o que apresenta ser o mais estável em suas finanças no momento. O clube sempre foi realista e gastou dentro de suas possibilidades, o que permitiu o América fazer uma transição para a SAF de uma forma mais tranquila. O clube possui um bom patrimônio, estádio e foi se estruturando ao longo dos anos para evitar ficar com altas dívidas.
O clube tem crescido de forma apreciável, um exemplo é o faturamento do América, que dobrou em comparação aos R$ 46,4 milhões de 2020, quando o time ficou em segundo na Série B, e alcançou as semifinais da Copa do Brasil. Dos R$ 98,8 milhões apurados em 2021, R$ 72,2 milhões correspondem a direitos de transmissão e de imagem e desempenho. Ou seja, o América foi recompensado por ter terminado o Brasileirão em oitavo e conseguido uma vaga para a Libertadores deste ano. Também houve um crescimento considerável com patrocínios e publicidades: de R$ 1,8 milhão para R$ 14 milhões.
O América-MG se transformou em clube-empresa no começo deste ano, em janeiro, quando concluiu a abertura da sua SAF e apesar de ainda não ter vendido suas ações a nenhum grupo ou investidor, o clube já passou a ter duas estruturas administrativas e recentemente anunciou Marcus Salum como presidente da empresa do América de forma oficial.

Crescimento do Red Bull Bragantino

O Bragantino foi um dos primeiros clubes a incrementar a modalidade clube-empresa no país. Comprado pela marca de energéticos, Red Bull, o time que havia acabado de retornar à Série B do Campeonato Brasileiro, viu seu crescimento dominar a segunda divisão e logo no primeiro ano de projeto, o clube voltou para a Série A do Brasileirão.
O clube que antes era administrado pela família Chedid, apresentou, em 2018, um déficit de 28 milhões, segundo o balanço publicado na época. Neste mesmo ano, o clube teve uma arrecadação de 9,7 milhões, e mesmo com o acesso para a Série B, já que disputou a Série C em 2018, ainda teve prejuízo. Mas desde que o Red Bull chegou ao clube, em 2019, que o cenário mudou e o time vem crescendo. A partir daí, o clube venceu a Série B, foi para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, chegou à final da Copa Sul-Americana, ficou em sexto lugar no Brasileirão em 2021 e garantiu sua vaga na fase de grupos da Libertadores deste ano.

Athlético-PR e a sua reformulação

Desde 1995, com a entrada do presidente Mario Celso Petraglia, com uma proposta de modernização, que o Athletico-PR vem fazendo uma reformulação. Com foco em jogadores jovens, o Athletico-PR conseguiu neste século encontrar jovens jogadores pelo Brasil e transformá-los em atletas conceituados. Nos últimos anos, o departamento de inteligência do clube descobriu em outros Estados jogadores marcantes, como por exemplo o lateral Renan Lodi e o volante Bruno Guimarães. Outro ponto importante é que desde 2013 o clube resolveu escalar para o Campeonato Paranaense apenas jogadores do time sub-23. Com isso, a equipe principal consegue ter uma pré-temporada mais longa, competir amistosos e começar as competições nacionais com mais fôlego.
Se tem uma coisa que o Athletico não tem, é medo de arriscar, um exemplo claro é que em 2018, o clube estava na zona de rebaixamento do Brasileirão quando resolveu demitir o técnico Fernando Diniz e promover o jovem Tiago Nunes, antigo técnico da base, que assumiu a equipe principal, dando espaço para revelações e terminou a temporada de 2018 com o título da Copa Sul-Americana, que foi a primeira taça internacional da história do clube.
Mesmo com todo o reconhecimento que o time vem tendo nos últimos anos, sendo considerado um dos times de futebol mais estruturados do Brasil, o Athletico também já se manifestou a respeito de se tornar uma SAF, porém em um modelo diferente do que os clubes brasileiros firmaram, inclusive, Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico-PR, já revelou que o time já foi procurado várias vezes por investidores, porém as negociações não foram pra frente. Mario também questionou os valores pelos quais os clubes estão sendo, de certa forma, vendidos no Brasil.

Escrito por Paulina Costa