Caixa começa a implementar apostas esportivas nas lotéricas
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sex 15 ago/25

Caixa inicia plano de implementar apostas esportivas nas lotéricas


Representantes da Caixa Econômica Federal e da Playtech se reuniram com representantes da diretoria da Federação Brasileira das Empresas Lotéricas – FEBRALOT, dirigentes de sindicatos estaduais e cerca de 70 empresários lotéricos nesta terça-feira (12), no Metropolitan, em São Paulo, para apresentar o plano de negócios da operação da modalidade lotérica de apostas de quota fixa da Caixa Loterias. O encontro marca o início de uma série de workshops programados para discutir a implementação deste novo produto no portfólio das casas lotéricas brasileiras.

A iniciativa ocorre após a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) autorizar, em 30 de julho, a Caixa Loterias S.A a operar as marcas BetCaixa, MegaBet e Xbet Caixa. A licença abrange apostas esportivas e jogos online, nas modalidades física e virtual, com validade até 31 de dezembro de 2029.

Durante o evento, foi anunciado um plano de implementação gradual que começará com uma Prova de Conceito (PoC) em 70 unidades lotéricas. Esta fase inicial tem como objetivo testar e desenvolver em conjunto as jornadas dos clientes e o modelo operacional antes da expansão para a rede completa de mais de 13 mil lotéricas no país.

Um dos temas centrais debatidos foi o modelo de remuneração para a rede lotérica, considerado essencial para garantir o engajamento dos empresários e a sustentabilidade do negócio. A Caixa confirmou que os lotéricos terão participação nos resultados obtidos pelo canal online, onde ocorre o maior volume de apostas.

O novo produto operará com um modelo de negócio “bancado”, no qual a receita depende diretamente do resultado dos eventos esportivos. A estratégia busca alcançar uma margem geral entre 10% e 12%, menor que as loterias tradicionais.

O payout para o apostador será de 88%, em contraste com os cerca de 40% oferecidos nas loterias convencionais. Para manter a competitividade no mercado, o valor mínimo de aposta na Caixa poderá ser a partir de 20 centavos.

A Playtech fornecerá uma solução “Turnkey” e “Omnichannel”, integrando os ambientes físico e digital em uma única plataforma de apostas. Está sendo desenvolvido um modelo semelhante a um programa de afiliados para remunerar os lotéricos pela aquisição de novos clientes, embora o período de vinculação do cliente, chamado de “latência”, ainda não tenha sido completamente definido.

A escolha da Playtech como fornecedora da plataforma da Caixa ocorreu após um rigoroso processo competitivo conduzido pela Caixa Loterias S.A. A empresa obteve 50,125 pontos no somatório dos critérios considerados, superando a Sportradar, que alcançou 43,625 pontos. O processo de seleção incluiu cinco rodadas de negociação, com empate persistente no percentual de 24,2%, sendo necessária a aplicação do critério de desempate baseado na maior pontuação no quesito “Experiência/Reconhecimento”.

A implementação das apostas de quota fixa nas lotéricas enfrenta desafios devido às exigências regulatórias unificadas para os ambientes online e físico. A Caixa está em negociações com o Ministério da Fazenda buscando adaptações específicas para viabilizar a operação nos pontos físicos.

Um dos principais obstáculos está relacionado ao processo de KYC (Conheça Seu Cliente). A regulamentação exige registro completo com coleta de dados pessoais, apresentação de documento e reconhecimento facial obrigatório para cada apostador. Existe também uma lista de pessoas impedidas de realizar apostas que precisa ser verificada no momento do cadastro.

Quanto aos saques e depósitos, a atual regulamentação da SPA permite apenas transações via PIX, TED, cartão de débito e cartões pré-pagos. A proibição do uso de dinheiro em espécie representa uma barreira para a operação nas lotéricas, onde as transações em dinheiro são predominantes.

A Caixa está negociando com o órgão regulador a possibilidade de liberação de pagamentos em espécie com um limite estabelecido, possivelmente de R$ 500. Outro ponto importante é que saques e depósitos devem ocorrer exclusivamente entre contas da mesma titularidade, vinculadas ao mesmo CPF.

Para contornar as dificuldades relacionadas ao cadastro de clientes, serão testados dois modelos distintos durante a fase de implementação. O primeiro prevê um cadastro assistido por um atendente no terminal de vendas, enquanto o segundo oferece a opção de auto-registro via QR Code no celular do próprio cliente.

Em ambos os casos, o processo inclui validação de CPF, confirmação de dados pessoais, validação de telefone por token e a biometria facial. Para as apostas, estão sendo desenvolvidos diferentes formatos que incluem apostas assistidas pelo atendente e apostas pré-formatadas com nomes comerciais como “A Boa do Dia” e “Rapidona”.

Os clientes poderão utilizar QR Codes para montar apostas mais complexas no próprio celular e efetuar o pagamento no caixa da lotérica. A operação no canal físico será restrita a apostas pré-jogo, diferentemente do ambiente online que poderá oferecer apostas ao vivo.

Um teste controlado será realizado em 70 casas lotéricas por aproximadamente 40 dias. O objetivo é iniciar esta fase piloto simultaneamente ao lançamento da operação online, previsto para ocorrer ainda em 2025. Estão previstas sessões de Design Thinking envolvendo lotéricos, equipes técnicas e clientes para detalhar a jornada do usuário.

Durante as apresentações, foi citado o caso da operadora francesa FDJ como referência para o projeto brasileiro. Na experiência francesa, a operação física representa entre 45% e 50% do resultado total da empresa, demonstrando o potencial do canal físico quando bem implementado.

Uma proposta surgida nas discussões foi a possibilidade de os lotéricos expandirem sua capilaridade instalando terminais em outros estabelecimentos comerciais, como bares e padarias, vinculados à sua unidade principal. Esta expansão seria gerida com o uso de tecnologia de geolocalização para garantir uma distribuição estratégica dos pontos de venda.

Os operadores lotéricos enfatizaram que, sem investimento adequado em tecnologia nas lojas, a participação do canal físico será mínima. Foi solicitada a implementação de terminais de autoatendimento (totens) desde o lançamento inicial, como forma de atrair novos clientes e modernizar a experiência nas lotéricas.

A gestão do projeto informou que, embora os totens não estejam previstos para a fase inicial, os testes utilizarão outros equipamentos para viabilizar a jornada de autoatendimento. Foi enfatizado que a operação física não incluirá jogos online como o “Fortune Tiger”, e seguirá critérios de jogo responsável.

Diversos riscos foram identificados durante o encontro pelos lotéricos. Um dos principais pontos de preocupação é que o modelo de remuneração para a rede lotérica ainda não foi completamente definido. Falta clareza sobre percentuais, estrutura, participação no canal online e a duração do vínculo do cliente com a lotérica.

A proibição de aceitar dinheiro em espécie e a exigência de identificação facial representam desafios para a viabilidade da operação física. A gestão de filas em lotéricas de alto fluxo foi identificada como um risco operacional. O tempo adicional necessário para realizar apostas de quota fixa pode impactar a venda de outros produtos lotéricos tradicionais.

O modelo de afiliados via QR Code apresenta um risco de ser explorado para gerar concorrência dentro da própria rede lotérica. Esta tecnologia, se não for bem regulamentada, pode criar distorções no mercado.

Caixa

Próximos passos da Caixa

Entre os próximos passos está o detalhamento do modelo de operação e da prova de conceito (PoC), que será desenvolvido em conjunto com a equipe da Playtech. A fase de testes com um grupo selecionado de lotéricos será fundamental para validar as diferentes jornadas de cliente.

Também ficou estabelecida a necessidade de discutir como será a inserção e a participação dos lotéricos no modelo de negócio online. Este ponto é considerado crucial para garantir o engajamento da rede física no novo produto de apostas.

A implementação do novo sistema enfrenta obstáculos relacionados à infraestrutura tecnológica nas casas lotéricas. Os operadores estabeleceram como condição para sua participação a instalação de equipamentos modernos, visando renovar a experiência dos apostadores.

O avanço para a fase de testes permanece pendente devido à falta de definições operacionais essenciais. Até o momento, não foi estabelecido um cronograma detalhado para esta etapa, nem foram determinados os critérios para seleção das lotéricas participantes no período experimental.

Fonte: BNL

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