Premier League acerta retirada das casas de apostas do patrocínio master das equipes

Após longas discussões, que envolveram clubes, governo e a organização da Premier League, a competição mais valorizada do mundo acertou com as equipes a retirada das casas de apostas do posto de patrocinador master das equipes. A medida entrará em vigor ao final da temporada 2025/26, prazo concedido aos clubes para que renegociem os espaços publicitários e minimizem os prejuízos. A liga ainda não revelou se essa proibição se estenderá para patrocínios secundários, como os espaços localizados nas mangas e calções dos uniformes, assim como a exibição de anunciantes nas placas publicitárias dos estádios.
De acordo com informações divulgadas pelo site Casino Beats, o comunicado da Premier League sobre a decisão informou que os clubes aceitaram voluntariamente a decisão de retirar as casas de apostas dos uniformes nos próximos anos. E que o acordo aconteceu após um extenso período de consultas entre a liga, os seus clubes e o Departamento de Cultura, Mídia e Esporte do governo do Reino Unido, que tem agido de forma muito rígida com as casas de apostas, algo que faz parte da revisão governamental sobre as leis de jogos e apostas na região.
Outras mudanças
A oficialização do acordo entre a Premier League e os clubes para restringir a participação das casas de apostas como patrocinadoras do futebol deve ser apenas a primeira de uma série de outras mudanças na política de jogos e apostas no Reino Unido. O primeiro grande alvo é a relação entre as apostas e a publicidade. No entanto, não estão descartadas outras alterações sobre as leis que regem a indústria. A própria comunidade gambling do Reino Unido espera por isso, algo que deve acontecer assim que o governo publicar o que eles chamam de “white paper”, uma espécie de livro de regras e conduta.
Segundo o site Casino Beats, as novas regras sobre patrocínio dos clubes da Premier League significam que a competição se tornou a primeira liga esportiva no Reino Unido a passar por tal ação voluntariamente, algo que também deve acontecer em outros esportes e modalidades. Atualmente, oito times da Premier League – Bournemouth, Brentford, Everton, Fulham, Leeds United, Newcastle, Southampton e West Ham – têm uma empresa de apostas como patrocinadora master da camisa e serão diretamente afetados pela decisão.
Tempo limite
Como anunciado, as equipes terão o prazo de alguns anos para se adequar às novas regras. Neste período, novos contratos e acordos de patrocínio poderão ser feitos, desde que não ultrapassem o tempo limite estipulado pela liga e o governo do Reino Unido. O site Casino Beats revelou que, com exceção do Aston Villa, os acordos de apostas assinados mais recentemente são entre o West Ham e a casa de apostas Betway, o Southampton e a casa de apostas Sportsbet.io, além do Bournemouth e a casa de apostas Dafabet. Todos eles têm data de expiração adequada ao tempo limite estabelecido pela liga.
A decisão da Premier League de proibir o patrocínio de empresas de apostas em seu campeonato não é necessariamente uma novidade na Europa. Outras ligas importantes do futebol europeu também anunciaram restrições aos patrocínios de casas de apostas aos seus clubes. A La Liga, da Espanha, e a Série A, da Itália, também proibiram as empresas de jogos e apostas de serem patrocinadoras dos uniformes dos seus clubes. Na Itália, por exemplo, a decisão irritou profundamente alguns gestores de clubes, que até hoje reclamam aos governantes e tentam derrubar o veto.
Reações
A secretária de Cultura do Reino Unido, Lucy Frazer, parabenizou a Premier League pelo acordo firmado com os clubes. “Saúdo a decisão da Premier League de remover o patrocínio das camisas por empresas de jogos e apostas. A grande maioria dos adultos aposta com segurança, mas temos que reconhecer que os jogadores de futebol são modelos que exercem uma enorme influência sobre os jovens. Queremos trabalhar com instituições como a Premier League para fazer a coisa certa para os jovens torcedores. Em breve, apresentaremos um White Paper sobre os jogos de azar para atualizar as proteções para apostadores e garantir que aqueles que correm o risco de danos e dependência de jogos de azar sejam protegidos”, declarou a secretária.
O pensamento de Lucy Frazer, segundo informações do site Casino Beats, vai ao encontro de parte da sociedade que concorda com o enrijecimento das regras relacionadas aos jogos e as apostas no Reino Unido. Para essa camada da sociedade, a presença de casas de jogos e apostas em estádios de futebol e nos uniformes dos times soa como uma tentativa de “normalizar” as apostas em esportes, algo que, segundo eles, expõem jovens ao vício. Os defensores das restrições definem as proibições como uma ação de “bom senso”.
Podamento?
Confesso que já li e reli muita coisa sobre as mudanças na política de jogos e apostas do Reino Unido nos últimos anos. Os argumentos quase sempre são os mesmos, e se torna muito difícil para alguém como eu, que mora no Brasil, palpitar sobre a realidade inglesa. Seria até um pouco de presunção da minha parte estar aqui cheio de dedos e frases impactantes para falar sobre aquilo que eu não sei e não vivo. O jogo e as apostas podem realmente ser um problema no Reino Unido. E isso eu não posso afirmar, muito menos contestar.
O ponto é que por muito tempo eu olhei para essas decisões e essa insistência em retirar as casas de apostas do convívio da Premier League como um excesso de conservadorismo, mas refletindo melhor é impossível chegar a uma conclusão que se aproxime da realidade estando tão longe. Hoje, enxergo as mudanças como uma espécie de “podamento”, sabe? Todo mundo aqui já deve ter plantado alguma coisa na vida, seja uma grama, uma árvore ou um feijãozinho no copo quando estava na escola. Se você não teve essa experiência, recomendo que a tenha, pois não existe hora certa para nada nessa vida.
Quando algo que está plantado cresce, naturalmente precisa de cuidados. Há gramas que precisam ser cortadas, há plantas que precisam ser podadas e a pés de frutas que precisam de algum trato para que sigam saudáveis. Talvez seja isso que esteja acontecendo na Premier League em relação às ligações com as casas de apostas. Por ser um país que culturalmente entende o ato de apostar, a Inglaterra e a região do Reino Unido como um todo talvez tenham entendido que seja a hora de ajustar as coisas e “podar” o ritmo de crescimento dos jogos e das apostas dentro do esporte antes que seja necessário atingir um nível mais severo, que seria algo como a obrigação de cortar as raízes e acabar com tudo.
LEIA TAMBÉM:
Regulamentação deve proibir casas de apostas não licenciadas de patrocinar clubes
Instabilidade no Fla, veja os gastos com treinadores nos últimos anos
UOL relembra descaso dos clubes sobre regulamentação das apostas no passado
Faça parte da minha lista Vip e receba conteúdos de apostas exclusivos.
Escrito por Sérgio Ricardo Jr