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Sites de apostas irregulares usam domínios alternativos para driblar bloqueio
qui 17 out/24

Sites de apostas irregulares usam domínios alternativos para driblar bloqueio


As casas de apostas irregulares encontraram uma nova maneira de se manterem ativas: a criação de sites alternativos. A estratégia consiste em adicionar sequências de caracteres, como números, ao nome original dos sites bloqueados, dificultando o rastreamento e a interrupção das operações. Na última sexta-feira (11), dia em que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou a bloquear os sites irregulares, 51 novos domínios foram criados, segundo levantamento feito pelo G1. Até o momento, 134 sites de 18 empresas diferentes já foram identificados, sendo que 59 deles surgiram antes da ação governamental.

A Anatel, responsável pela execução do bloqueio, atua em parceria com o Ministério da Fazenda, que é responsável por identificar os sites e repassar a lista à agência. Segundo o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, as notificações para as operadoras de telecomunicações começaram assim que a lista de proibições foi recebida, também no dia 11. Baigorri explicou que cerca de 20 mil empresas do setor de telecomunicações no Brasil foram notificadas para impedir o acesso a aproximadamente 2.040 domínios de apostas ilegais.

Apesar da operação, os desafios técnicos são significativos. A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) destaca que a facilidade com que novos domínios podem ser criados impede uma solução definitiva para o problema. Basta gerar um novo link em outro domínio para que a plataforma continue a operar, afirma a entidade. O presidente da Anatel reconheceu a complexidade da operação e destacou que, ao contrário de ações anteriores, como o bloqueio da plataforma X (antigo Twitter), que envolvia apenas um domínio, o volume de sites de apostas irregulares é muito maior, exigindo monitoramento constante e ações contínuas para garantir o cumprimento das ordens de bloqueio.

Segundo ele, além do número elevado de domínios, as tentativas de burlar o sistema são frequentes, o que torna a operação ainda mais desafiadora. Erros também ocorreram no início da operação. Site de notícias e mídia, por exemplo, foram bloqueados indevidamente. Alguns voltaram ao ar na segunda-feira após contatos com a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda e a própria Anatel.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no último dia 10 de outubro que o processo de identificação e bloqueio de sites ilegais será permanente. “Qualquer tentativa de burlar as proibições será informada à Anatel, e o procedimento seguirá o mesmo caminho”, garantiu o ministro. A ação coordenada entre Anatel e Ministério da Fazenda deve continuar de forma ininterrupta, com atualizações constantes da lista de domínios irregulares para impedir o funcionamento dessas plataformas no Brasil.

Fingimos surpresa?

Não é nenhuma surpresa que as casas de apostas irregulares estejam encontrando formas de burlar o bloqueio do governo. Na verdade, esse tipo de caça meio “gato e rato” é quase inevitável em um mercado tão dinâmico e digitalizado como as apostas. O que vimos recentemente, com a criação de domínios alternativos — basicamente sites “clones” com pequenas modificações —, é apenas mais um reflexo de como essas plataformas conseguem se adaptar rapidamente para continuar operando.

Se até países com experiência de décadas no controle de apostas ainda enfrentam dificuldades para combater a ilegalidade, seria irrealista esperar que o Brasil, que ainda está tateando o terreno, já soubesse como lidar com esse problema de forma eficiente. Controlar o mercado clandestino de apostas não é tarefa simples, mesmo com toda a tecnologia disponível. Na verdade, qualquer tentativa de conter essas plataformas vai exigir não só uma infraestrutura tecnológica muito robusta, mas também uma quantidade significativa de mão de obra especializada.

O desafio de bloquear domínios é que, assim que um site é derrubado, outro pode ser criado em questão de horas ou minutos. Isso ocorre no mundo todo, e a eficiência dessas plataformas para escapar da fiscalização é impressionante. Países como o Reino Unido, que têm uma regulamentação mais consolidada, ainda lutam com essa questão. Portanto, acreditar que o Brasil vai resolver esse problema com algumas listas de bloqueio é um pouco de ingenuidade.

Além disso, o próprio governo parece ainda não ter entendido completamente como funciona o universo das apostas, o que dificulta ainda mais qualquer tentativa de controle. Sem uma compreensão mais profunda da estrutura e das operações dessas empresas, as autoridades sempre vão ficar um passo atrás. É evidente que o bloqueio de sites irregulares é uma medida necessária, mas será uma batalha constante e, penso eu, quase impossível de ser ganha por parte dos legisladores, infelizmente.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr.

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