Brasileiros gastam mais de R$ 13 bilhões em sites de apostas no primeiro trimestre
Cada vez mais populares entre os brasileiros, as apostas têm movimentado as finanças nacionais de forma muito volumosa. Recentemente, o Banco Central divulgou um balanço financeiro do país, mostrando as movimentações de dinheiro que aconteceram nos primeiros três meses do ano. Com base nisso, o jornal Valor Econômico, especializado em economia, finanças e negócios, divulgou uma matéria detalhando quais dessas movimentações tiveram relação com as apostas. De acordo com o veículo, os brasileiros gastaram mais de US$ 2,7 bilhões em sites de apostas, o que equivale a R$ 13,7 bilhões.
Confira abaixo, na íntegra, a matéria publicada pelo jornal Valor Econômico sobre a circulação de dinheiro brasileiro nos sites de apostas neste início de ano:
Brasileiros gastam US$ 2,7 bi em sites de apostas do exterior no primeiro trimestre
As remessas de brasileiros ao exterior nos sites de aposta chegaram a cerca de US$ 2,7 bilhões no primeiro trimestre deste ano, de acordo com um novo conjunto de estatísticas divulgado pelo Banco Central dentro do balanço de pagamentos.
Desse total, cerca de US$ 600 milhões se referem à remuneração paga aos sites estrangeiros que organizam essas apostas. Algo como US$ 2,1 bilhões são os recursos enviados ao exterior para compor os fundos que são rateados entre os vencedores das apostas.
Voltaram ao Brasil cerca de US$ 1,7 bilhão sob a forma de transferências de prêmios para os vencedores dessas apostas que residem dentro do território nacional.
Em reais, essa transferência total de US$ 2,7 bilhões ao exterior equivale a R$ 13,7 bilhões, considerando uma cotação do dólar de R$ 5,08. Mantido esse ritmo, as transferências anuais podem chegar perto de US$ 11 bilhões, ou cerca de R$ 55 bilhões em moeda nacional.
Desde janeiro passado, as estatísticas do balanço de pagamentos passaram a dar uma ideia – ainda que não exata – dos valores que transitam nessas apostas internacionais.
Com a entrada em vigor da nova lei cambial, o Banco Central passou a exigir que esses recursos fossem informados, nas estatísticas, com um código diferente, o que permite ter uma ideia mais aproximada dos valores dessas apostas internacionais.
Até o fim do ano passado, essas apostas eram contabilizadas, para fins de estatísticas de balanço de pagamento, junto com as compras de pequeno valor. Essas compras somaram, no ano passado, US$ 5,012 bilhões.
A partir deste ano, os valores transitados nos sites de apostas passaram a ser contabilizados em duas contas diferentes.
Numa conta, os chamados “serviços culturais, pessoais e recreativos”, são contabilizadas as remessas a título de remuneração das empresas que organizam essas apostas.
Nessa mesma conta são registradas outras operações, por isso não é possível saber com exatidão o volume de remessas para os sites de apostas. Mas é possível ter uma ideia muito aproximada dos valores pelo crescimento das remessas ocorrida entre o primeiro trimestre de 2022 e de 2023.
Essa rubrica apresentou um incremento de US$ 587 milhões entre um período e outro, passando de US$ 79 milhões para US$ 666 milhões. Boa parte dessa diferença, de US$ 587 milhões, é explicada pela contabilização da remuneração de sites de apostas.
Também houve crescimento no ingresso de recursos vindos do exterior nessa rubrica, de US$ 104 milhões no primeiro trimestre, que se presume que esteja ligado à remuneração de empresas brasileiras que prestam serviços de apostas no exterior.
A outra conta que contabiliza os fluxos de apostas é a rubrica “outras transferências”, que fica entre a chamada renda secundária. Nessa conta, entram as remessas para o exterior que vão compor o bolo que será dividido entre os vencedores das apostas.
Também há outras remessas que transitam por essa conta, como doações internacionais de recursos, por isso não dá para dizer exatamente o que é uma coisa e outra.
Mas, pela variação dos fluxos entre o primeiro trimestre de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, dá para ter uma ideia muito aproximada do que foi remetido pelos brasileiros nos sites de aposta.
De um período para o outro, as remessas cresceram US$ 2,129 bilhões, de US$ 195 milhões para US$ 2,320 bilhões. Ou seja, os brasileiros transferiram ao país cerca de US$ 2,129 bilhões para os sites de apostas para formar o bolo que é rateado entre os vencedores.
De outro lado, entraram no Brasil cerca de US$ 1,7 bilhão, de prêmios recebidos por residentes no território nacional.
Considerando entradas e saídas, o Brasil registra um déficit de cerca de US$ 930 milhões no primeiro trimestre nos sites de apostas. A título de comparação, o déficit brasileiro em viagens internacionais foi de US$ 1,526 bilhão no período.
Alex Ribeiro (Valor Econômico)
Reforçando necessidades
Confesso que eu não sou a pessoa mais recomendada para falar sobre balanços financeiros. O meu conhecimento sobre esse tema é nulo, por isso não vou me alongar em analisar as transações realizadas no Brasil neste primeiro trimestre do ano. O que podemos concluir, diante dos fatos, é que o mercado de apostas brasileiro, baseado nos números de entrada e saída de dinheiro no país, parece ser muito maior do que os especialistas projetavam há alguns meses.
Aliás, as projeções financeiras envolvendo o mercado brasilerio de apostas sempre estiveram distantes de uma unidade. A discrepância entre os valores projetados por meio dos estudos dos especialistas era clara, e muito por isso nunca foi possível confiar em qualquer tipo de número que circulava pela comunidade, algo que atrapalhou e adiou ainda mais os já lentos processos de regulamentação por parte do Governo Federal, por exemplo. A mudança no rastreio do dinheiro por parte do Banco Central, explicada na matéria do Valor Econômico, facilitou a vida de quem se propõe a estudar esse mercado.
A divulgação desse balanço financeiro por parte do Banco Central apenas reforça a necessidade de uma regulamentação das apostas no Brasil. Não estamos falando de pouco dinheiro, pois simplesmente enviamos quase 14 bilhões de reais para os sites de apostas, e isso dentro de um recorte pequeno, apenas nos três primeiros meses do ano. Se mantivermos a média, estamos diante de um gasto que pode superar tranquilamente a casa dos 50 bilhões de reais por ano.
CONFIRA OUTROS CONTEÚDOS NO BLOG
- Promessas do UFC para 2023
- Deputados reúnem assinaturas para instaurar CPI das apostas esportivas
- A discussão sobre o melhor de todos os tempos acabou
- Conferência Sloan Sports Analytics promove estudos sobre mercado da análise esportiva
Faça parte da minha lista VIP e receba conteúdos de apostas profissionais exclusivos.
Escrito por Sérgio Ricardo Jr