Recorde de Jogos com Suspeita de Manipulação
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Reportagem do GE.com projeta recorde de jogos com suspeita de manipulação em 2022
ter 09 ago/22

Reportagem do GE.com projeta recorde de jogos com suspeita de manipulação em 2022


O portal jornalístico GE.com, pertencente ao Grupo Globo de comunicação, publicou uma longa reportagem sobre o recente aumento no número de jogos com suspeita de manipulação de resultados no esporte. Escrita pelo jornalista Rodrigo Lois, a matéria do GE.com faz uma projeção utilizando dados estatísticos da empresa Sportradar, especializada em monitoramento esportivo, e acredita que os números de jogos suspeitos serão recorde ao final de 2022. Até aqui, a Sportradar já registrou mais de 670 partidas suspeitas no ano, sendo 400 apenas no futebol. 

Confira, na íntegra, a reportagem publicada no GE.com:

Jogos suspeitos de manipulação devem bater recorde em 2022

 O número de jogos suspeitos de manipulação de resultados em 2022 deve passar de mil casos, pela primeira vez na história. Mais de 670 partidas do tipo já foram identificadas pela empresa Sportradar até o dia 1 de agosto — sendo 400 apenas no futebol. Apesar da baixa probabilidade disso acontecer na Copa do Mundo, especialistas alertam para as tentativas de aliciamento de jogadores nos próximos meses.

 Empresa especializada em integridade competitiva e monitoramento de apostas, além de colaboradora da Fifa, a Sportradar levantou 903 jogos duvidosos em 2021, de 10 esportes diferentes e em 76 países. Recorde em 17 anos de acompanhamento, que deve ser superado em 2022.

 Cinco jogos suspeitos do ano passado envolveram seleções adultas. O problema da manipulação ainda é visto como em ascensão, com o futebol como principal cenário. Desde 2010, a Sportradar classificou 100 jogos de seleções como suspeitos.

 — A Copa do Mundo é o torneio mais importante do mundo do futebol, o que faz o risco ser naturalmente menor. É o ponto alto da carreira de atletas, a exposição mundial é vasta. Isso significa que atletas envolvidos estão menos propensos a manipular o curso ou o resultado de um jogo — afirmou Tom Walshe, executivo de comunicação da Sportradar, em entrevista ao ge, por e-mail.

 Além da importância e da visibilidade da Copa, jogadores que estarão no Catar gozam de base financeira sólida, no geral, o que diminui os riscos de se engajarem em atividades de corrupção, segundo especialistas. Só que os ganhos potencialmente altos devem levar manipuladores a agir.

 A ameaça continua, no entanto, com a certeza de que os manipuladores de resultados tentarão abordar os jogadores que vão participar da Copa do Mundo nos meses que antecedem o torneio. — Tom Walshe, executivo de comunicação da Sportradar

 Questionada pelo ge sobre que medidas já foram ou vão ser tomadas a respeito do tema, a Fifa diz que ainda vai implementar uma abordagem sobre a Copa do Mundo de 2022, com mais detalhes no futuro.

 A Fifa garante adotar a política de zero tolerância contra todas as formas de corrupção no futebol e assegura aplicar várias medidas para prevenir e atender a situações de risco, enquanto monitora padrões suspeitos.

 Os casos mais recentes registrados pela entidade são de 2020. Boniface Mwamelo, de Zâmbia, foi banido por 15 anos e multado em 10 mil francos suíços; e Sidio Jose Mugadza, de Moçambique, foi banido do futebol por sete anos. Eles estiveram envolvidos em conspirações de torneios de base. Há casos ocorridos em eliminatórias para a Copa.

 Em 2014, o então chefe de Segurança da Fifa, Ralf Mutschke, denunciou a tentativa de assédio de árbitros e jogadores por parte de criminosos que tentavam manipular resultados na Copa do Mundo no Brasil.

 Parceria com a ONU

 Terminou no fim de junho o Programa Global de Integridade, parceria da Fifa com o Escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Ele foi desenhado para funcionar nas 211 associações e seis confederações. Segundo o UNODC, mais de 400 representantes de governos e federações participaram de 29 oficinas, desde março de 2021.

 — O UNODC está atualmente explorando a possibilidade de desenvolver eventos de conscientização para funcionários de governos que estão participando da Copa do Mundo, e também está discutindo ativamente com a Fifa possíveis ações que podem ser tomadas durante a Copa de 2022 — afirmou a área anticorrupção do escritório da ONU.

 O último relatório do UNODC sobre corrupção no esporte alertou para a ligação entre manipulação de resultados, apostas ilegais e o crime organizado internacional. Entre as possíveis respostas estão a atualização de leis, o desenvolvimento de políticas anticorrupção e o estabelecimento de órgãos específicos e independentes para lidar com os casos. 

— Em muitos países, apostas online se tornaram legalizadas, o que requer monitoramento apropriado e prevenção fortalecida. O Catar trabalhou com todas as agências parceiras para incorporar as melhores práticas no combate a esse problema — comentou Dale Sheehan, diretor de Capacitação e Educação Executiva da organização não-governamental independente Centro Internacional de Segurança no Esporte (ICSS).

 Segundo o sindicato mundial dos jogadores profissionais (FIFPro), muitas vezes os atletas têm medo de avisar a polícia, Justiça, Uefa ou Fifa, por receio de colocar a família e a carreira em risco. O sindicato conta desde 2020 com um aplicativo para denúncias anônimas.

 O futebol brasileiro teve casos recentes de manipulações de resultados. A federação de São Paulo enviou ofício à Polícia Civil para investigar resultados da quarta divisão. No Ceará, o Crato foi suspenso de participar das competições estaduais. O Flamengo-PI entrou com denúncia junto ao Ministério Público do Piauí contra jogadores do próprio clube. 

A estimativa é que o faturamento global das casas de apostas seja hoje de mais de € 1,45 trilhão, ou mais de R$ 8 trilhões”.

Escrito por Rodrigo Lois (GE.com)

Raiz do problema

Quem acompanha os nossos artigos aqui na Casa do Apostador já devia imaginar que os números de jogos suspeitos poderiam aumentar neste ano de 2022. O crescimento das apostas esportivas em nível global tem sido muito grande e, claro, chama bastante a atenção de múltiplos grupos, inclusive criminosos. É realmente lamentável que, mesmo com alguns trabalhos sendo feitos para coibir esse atos de manipulação, ainda tenhamos casos crescendo em esportes menos privilegiados financeiramente e até mesmo no futebol.

Como já dissertamos por aqui em outras oportunidades, em qualquer área existem pessoas de má índole e criminosos tentando levar vantagem por meios errados. E no esporte não seria diferente. Historicamente, até mesmo quando as apostas esportivas não eram a pauta central desse debate, víamos alguns escândalos envolvendo doping e a utilização de recursos ilícitos para conseguir algum tipo de vantagem competitiva.

Infelizmente, a humanidade é escorada em casos assim e a tendência é que, com o crescimento das apostas esportivas e das possibilidades de se ganhar dinheiro com atletas ou clubes, os casos sigam crescendo. Por enquanto, apesar de termos alguns sistemas de monitoramento muito bem desenvolvidos e estabilizados, apenas identificar a manipulação não tem sido intimidador o suficiente para evitar a atuação dos criminosos no esporte.

Ainda precisamos entender a melhor forma de agir para combater essa onda crescente de manipulações e tentativas de manipulações. Diversos órgãos de segurança esportiva e internacional estão fazendo algumas reuniões periódicas para encontrar soluções, mas elas ainda parecem distantes da tão sonhada efetividade. A manipulação no esporte não é algo tão novo. Como dissemos, há muito tempo já temos pessoas tentando quebrar a integridade e a lisura das competições.

Contudo, penso que estamos lidando com outros tipos de criminosos e com uma ameaça bem mais perigosa. Não é fácil combater esse tipo de ação em relação a manipulação de jogos por parte de criminosos que querem ganhar dinheiro em casas de apostas, e não é fácil porque a estrutura do esporte não é interligada globalmente. A força representativa que um esporte tem em um país não se compara com aquilo que esse mesmo esporte representa em outro. Logo, nem todos estão em sintonia e isso gera brechas que estão sendo aproveitadas pelos criminosos, principalmente em países nos quais alguns esportes são vistos com indiferença.

Além de tudo isso, o grande problema de tentar combater mais fortemente às tentativas de manipulação no esporte esbarram nas questões sociais e econômicas. Como se resolve um problema de má administração política, social e financeira dentro do esporte? Muitas vezes, nem dentro do próprio país, como um todo, não existe esse cuidado. Ou seja, o esporte e as empresas que lutam pela integridade esportiva não conseguem ter ingerência suficiente para atacar a raiz da problemática das manipulações, pois a raiz dessa bronca toda é a desigualdade social.

 

Escrito por Sérgio Ricardo Jr

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