Projeto de regulamentação dos fantasy games avança para votação no Senado
O projeto que pretende regulamentar os fantasy games no Brasil tem ganhado apoio e caminha para votação no Senado Federal. A principal característica desse projeto é a dissociação dos jogos de fantasia dos jogos de azar, o que inclui caça-níqueis e semelhantes. Com essa divisão, o projeto de regulamentação dos fantasy games ganhou aprovação da Câmara dos Deputados e, nos últimos dias, avançou para votação favorável também no Senado, segundo informações do jornal Folha de SP.
Confira abaixo, na íntegra, uma reportagem da Folha de SP com mais detalhes sobre a regulamentação dos fantasy games:
Regulamentação dos fantasy games avança com lei que desassocia setor de jogos de azar
Uma segunda tela em transmissões de TV refere-se ao uso de dispositivos adicionais, como smartphones, tablets ou laptops, para complementar a experiência de assistir à televisão.
Durante eventos esportivos, essa nova janela tem sido cada vez mais disputada por setores que ainda não possuem regulamentação no Brasil, como as apostas esportivas e os fantasy games, mercados que tem o futebol como o pano de fundo e estão em estágios distintos dos processos de definições de leis e normas para operação no país.
Enquanto o governo federal aguarda o avanço da CPI das apostas para definir se o setor terá suas regras estabelecidas via projeto de lei ou medida provisória, o projeto de lei 2.796/2021, que cria o marco legal para a indústria de jogos eletrônicos e para jogos de fantasia, já aguarda votação no plenário do Senado.
A proposta exclui explicitamente da definição de jogo eletrônico as máquinas caça-níqueis e semelhantes. Caberá ao Estado fazer a classificação etária indicativa dos jogos, mas não será necessário autorização para o desenvolvimento e a exploração dos jogos. Também é livre a promoção de disputas envolvendo os usuários, inclusive com a distribuição de prêmios.
No último dia 6, o texto que já passou pela Câmara dos Deputados foi aprovado também pela Comissão de Assuntos Econômicos, onde tramitou sob relatoria do senador Irajá (PSD). Agora poderá receber eventuais emendas dos senadores. Caso, porém, seja aprovado sem mudanças, seguirá para sanção presidencial.
A proposta foi bem recebida pelo setor, sobretudo, por desassociá-lo dos chamados jogos de azar, entre os quais encontram-se as apostas esportivas. À reportagem, o senador do Tocantins afirmou que o texto poderá ser votado antes do recesso de julho e que deve ser aprovado pelo Plenário. “A aprovação na CAE foi um bom termômetro. Não houve nenhum tipo de divergência do mérito.”
Em um fantasy game, cada jogador assume o papel de técnico e cria times fictícios compostos por atletas reais de um determinado esporte. Cada elenco é formado de acordo com um orçamento virtual e todos os participantes competem entre si com base no desempenho desses jogadores nos eventos reais.
Além disso, nos fantasy games, em geral, há competição e interação entre jogadores da plataforma, como a criação de uma liga de clubes fictícios, em que ocorre uma disputa entre os jogadores para definir quem atinge as melhores pontuações em cada rodada e na temporada inteira.
Com base nessa definição, as plataformas do mercado, especialistas e representantes do ramo definem os jogos de fantasia como de habilidade, pois o desempenho dos participantes seria predominantemente determinado por capacidades técnicas e analíticas.
“A habilidade estratégica, o conhecimento esportivo e a capacidade de analisar dados são fundamentais para se destacar e superar os outros competidores”, diz o vice-presidente da ABFS (Associação Brasileira de Fantasy Sport), Lucca Baldassarini.
Para o advogado especialista no mercado de games e eSports Marcelo Mattoso, do escritório Barcellos Tucunduva Advogados, “assim como no poker, por exemplo, a habilidade do jogador de entender o cenário daquele Fantasy se sobrepõe à sorte.”
O entendimento também é compartilhado pelo relator do projeto de lei, segundo o qual, após a análise de sua equipe técnica, “ficou claro que jogos eletrônicos e fantasy games não têm nada a ver com jogos de azar.”
O vice-presidente da ABFS acrescenta, ainda, que outra diferença significativa está relacionada à forma de premiação de cada setor. “Nos fantasy games, os prêmios mínimos são pré-definidos e não há variação de acordo com o número de competidores. Já nas apostas esportivas, as premiações podem variar ao longo do evento esportivo, conforme o número de participantes e o desenrolar da partida.”
De acordo com a entidade, o mercado de fantasy movimentou mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 7,2 bilhões) na América do Sul em 2022. Com a regulamentação no Brasil, a expectativa é que esse número possa chegar a marca de US$ 2,3 bilhões (R$ 11,1 bilhões) por ano.
Além disso, as diretrizes vão “trazer mais segurança jurídica aos operadores, consumidores e investidores do setor, com a definição clara de classificação da modalidade e definição de regras específicas”, afirma o advogado especialista em Direito dos Jogos Filipe Senna, sócio do escritório Jantalia Advogados.
Atualmente, as duas maiores empresas brasileiras do setor são o Cartola FC, do Grupo Globo, e o Rei do Pitaco, co-fundada por Matheus Dantas, atualmente o CEO da startup.
Segundo o empresário, a principal fonte de receita das plataformas é a cobrança de mensalidades para que os jogadores tenham acesso às competições virtuais ou por meio de uma taxa de inscrição para uma disputa. Em contrapartida, as empresas fazem toda a organização e manutenção dos torneios virtuais.
“As plataformas atuam de forma semelhante à CBF ao organizar uma competição de futebol”, diz Dantas. “O retorno aos participantes são os mesmos de um campeonato de futebol, qual seja, premia os melhores da competição. Os primeiros colocados recebem prêmios definidos antes do início dos campeonatos.”
Defensor da regulamentação, o empresário também acredita que a definição de regras claras para o setor deverá aumentar a competitividade. “Somente com diretrizes claras, as empresas, na maior parte startups, terão capacidade de acelerar seu crescimento.”
Procurada, a assessoria do Cartola não respondeu aos questionamentos da reportagem até a conclusão deste texto.
Fonte: Folha de SP
Segurança e oportunidade
Os fantasy games, como o Rei do Pitaco e o Cartola FC, ganharam popularidade nos últimos anos, sendo amplamente jogados por fãs de esportes em todo o Brasil. Esses jogos permitem que os participantes escalem equipes formadas por jogadores reais, e compitam entre si por premiações elevadas, que são entregues com base no desempenho real dos atletas escalados. O projeto de regulamentação que caminha no Congresso Nacional é muito importante para garantir um ambiente seguro para os jogadores de fantasy.
Assim como acontece em relação ao debate sobre a regulamentação das apostas esportivas, a importância de regulamentar os fantasy games está em garantir a proteção dos jogadores. No caso dos fantasys, uma regulamentação também garante a integridade das competições oferecidas e estabelece diretrizes claras para as empresas que operam esses jogos, assegurando que as suas práticas sejam transparentes e justas. Isso ajuda a prevenir possíveis fraudes ou práticas desleais, garantindo uma experiência segura e confiável para os participantes.
Outro aspecto relevante da regulamentação é a proteção dos dados pessoais dos usuários. Com diretrizes claras, é possível garantir a privacidade e a segurança das informações compartilhadas nas plataformas de fantasy games, evitando o uso indevido ou vazamento de dados sensíveis. Como a expansão do setor no Brasil, diversas marcas têm surgido e atraído jogadores com a promessa de competições justas e prêmios altos. Contudo, por não existir uma regulamentação desse segmento no país, os jogadores ficam a mercê da boa fé dessas empresas.
Além disso, uma boa regulamentação do mercado de fantasy games também pode trazer benefícios econômicos para o país. Ao estabelecer um ambiente regulatório favorável, é possível atrair investimentos e promover o desenvolvimento do setor de jogos de fantasia no Brasil. Isso pode resultar na criação de empregos e no crescimento da indústria, gerando impactos positivos na economia nacional, algo semelhante ao que pode acontecer caso o país também regulamente as apostas esportivas no futuro.
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Escrito por Sérgio Ricardo Jr