Palestra Preventiva: Iniciativa do Internacional
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Internacional oferece palestra preventiva sobre apostas esportivas ao elenco
ter 25 abr/23

Internacional oferece palestra preventiva sobre apostas esportivas ao elenco


O avanço das operações do Ministério Público de Goiás em relação aos casos de manipulação de resultados envolvendo apostas esportivas no futebol brasileiro começa a fazer efeito dentro dos clubes de futebol. O Internacional de Porto Alegre, por exemplo, ministrou uma palestra preventiva aos seus atletas com intuito de explicar todos os problemas que os jogadores podem ter em caso de envolvimento com algum tipo de aposta esportiva, que vão desde contravenções criminais até um possivel banimento do esporte.

Jogador do rival do Inter, o Grêmio, Ferreirinha recentemente esteve envolvido em uma polêmica nas redes sociais, pois compartilhou aos seus seguidores uma aposta esportiva feita na vitória do seu clube, o Grêmio. Posteriormente, em sua defesa, o jogador afirmou que apenas compartilhou um print de aposta que teria recebido de outra pessoa, mas que não teria sido ele a realizar a ação. O caso foi usado como exemplo do que não pode ser feito durante a palestra aos jogadores do Inter.

Produção do material

De acordo com informações do site GE, o material da palestra oferecida aos jogadores do Internacional foi elaborado em conjunto pelo departamento de futebol e pelo departamento jurídico do clube. O assunto teria sido inserido durante uma reunião de rotina entre atletas, comissão técnica e direção do Inter. Com ilustrações, foi apresentado aos atletas alguns casos recentes de atletas e de incidentes que estão ocorrendo no Brasil e no mundo em torno das apostas no futebol, incluindo a polêmica com o jogador do rival.

Dentre outras coisas, o grupo de jogadores do Internacional foi informado sobre o risco de estarem cometendo crimes diante da legislação brasileira e, além disso, desrespeitando as regras vigentes da Federação Internacional de Futebol (FIFA), algo que pode acarretar em multas que podem chegar a casa dos R$ 550 mil. Em casos mais graves, desrespeitar as regras da FIFA pode causar o banimento do futebol por até três anos para jogadores que realizem apostas em jogos de futebol.

Relação com patrocinador

Os cuidados do Internacional com as recentes polêmicas envolvendo apostas esportivas e o futebol brasileiro também fazem parte de manter uma boa relação com um dos seus principais patrocinadores atualmente. Recentemente, o clube de Porto Alegre anunciou a prorrogação de contrato por três anos com a casa de apostas EstrelaBet, que é patrocinadora master das Gurias Coloradas, time feminino do Inter. Além do espaço master no futebol feminino, a marca também está exposta nas costas das camisas utilizadas pelos atletas do futebol masculino.

Operação Penalidade Máxima

A necessidade de reforçar as leis do país e da FIFA sobre a participação de jogadores de futebol com as apostas esportivas vem acontecendo muito por conta da operação Penalidade Máxima, que tem sido comandada pelo Ministério Público de Goiás. Na última semana, por exemplo, em ações executadas por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), as autoridades brasileiras cumpriram três mandados de prisão preventiva e mais vinte mandados de busca e apreensão contra jogadores, apostadores e intermediários envolvidos em um esquema de manipulação de resultados nos campeonatos estaduais e na Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Na primeira parte da Operação Penalidade Máxima, revelada em fevereiro deste ano, o Ministério Público de Goiás apontou irregularidades na última rodada da Série B do Campeonato Brasileiro de 2022. As partidas entre Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Corrêa x Londrina, segundo a polícia, foram comprometidas por criminosos, que aliciaram jogadores dessas equipes em troca de favores que os beneficiassem em casas de apostas. A principal ação pedida pelos criminosos aos jogadores envolvia o ato de cometer um pênalti ainda no primeiro tempo dos confrontos.

De acordo com informações coletadas na investigação, o grupo de criminosos atuou mediante cooptação de jogadores profissionais de futebol, com oferta de valores entre R$ 50 mil a R$ 100 mil aos atletas para que eles cometessem eventos determinados nos jogos. Entre a pedida de favores, estão ações como receber cartão amarelo, cartão vermelho, cometer pênaltis, além de assegurar um número específico de escanteios durante a partida, além de garantir um placar de derrota de determinado time no intervalo do jogo.

Antes tarde…

Do que nunca, né? A ação do Inter é obviamente muito boa para todas as partes. O clube obtém uma garantia de que tomou todas as medidas possíveis para contextualizar a problemática aos seus atletas, a comissão técnica também garante respaldo para evitar alegações ou insinuações futuras, e os jogadores recebem mais um alerta básico daquilo que deveria ser um conhecimento intrínseco a qualquer esportista: esporte é sagrado.

É claro que eu não vou adotar aqui um discurso elitista de que conhecimento é algo que todo mundo deve ter. Sabemos que isso não é uma verdade e que o acesso a coisas básicas não é tão simples no Brasil. Portanto, não vejo com um absurdo que algum jogador de futebol, por exemplo, não tenha a mínima noção que realizar uma aposta esportiva – sendo jogador – não é algo permitido. Muitas vezes, estamos diante do caso de um jogador que nem mesmo sabe ler direito. Ou seja, o buraco é mais em baixo, como diz o ditado popular brasileiro.

O trabalho preventivo é quase nulo por aqui. E não estamos diante de um problema que acontece somente em relação aos jogadores e as apostas esportivas. O comportamento dos atletas diante de árbitros e das próprias regras do esporte que eles praticam também é algo que rende discussões. Como esperar que um jogador de futebol saiba que não pode apostar, que ele pode ser preso ou até mesmo banido do futebol se fizer isso, sendo que ele nem conhece direito as regras do esporte que ele mesmo pratica? Pode parecer algo absurdo, mas quase nenhum clube de futebol faz isso que o Inter fez.

Não quero colocar os atletas no papel de vítimas dessa história. Não sou adepto da teoria de que empresários, clubes e qualquer outra pessoa do staff de um jogador precisa tratá-lo como um inocente ou como uma criança. Aliás, esse tipo de papel paternal/maternal que algumas áreas do esporte adotam no dia a dia com jogadores de futebol tende a ser bem prejudicial no longo prazo. É importante orientar, ensinar, oferecer o suporte necessário aos jogadores, principalmente aqueles que não tem uma boa noção de mundo, mas a decisão final sobre ir além das regras não pode ser terceirizada para ninguém. Quem vacila, vacila. Quem erra, erra. E, para essas pessoas, não tem outra consequência que não seja a punição exemplar. O esporte profissional não é brincadeira de criança.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr

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