Manipulação na Copinha: Entenda a Polêmica dos Resultados
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Polícia registra tentativas de manipulação de resultados na Copinha e busca desarticular quadrilha
qua 25 jan/23

Polícia registra tentativas de manipulação de resultados na Copinha e busca desarticular quadrilha


A Polícia Civil de São Paulo registrou algumas tentativas de manipulação na Copinha. Em cooperação com a Federação Paulista de Futebol (FPF), organizadora da competição, a polícia já identificou alguns dos suspeitos, que teriam abordado jogadores para oferecer dinheiro em troca de favores relacionados a ações no jogo.

Diante dos casos, a polícia agora trabalha para identificar outros criminosos e desarticular uma suposta quadrilha que atua justamente nesse tipo de ação criminosa, quando integrantes desse possível grupo procuram jogadores de futebol para oferecer propostas de manipulação de resultados visando obter lucros com apostas esportivas. Segundo as declarações das vítimas, a quadrilha atua em mercados secundários das apostas, como cartões e escanteios.

Confira abaixo, na íntegra, uma matéria do Globo Esporte sobre as ações da quadrilha e os desdobramentos dos casos:

 Tentativas de manipulação de resultados na Copinha acendem sinal de alerta em autoridades

 A Polícia Civil de São Paulo e a Federação Paulista de Futebol (FPF) trabalham em conjunto para avançar nas investigações buscando identificar uma suposta quadrilha que alicia jogadores na tentativa de manipular e alterar o resultado das partidas, em um esquema que envolve apostas em dinheiro em sites esportivos especializados em jogos de azar. 

Dois casos chamaram atenção dos policiais e também da Federação Paulista de Futebol (FPF), que organiza a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Em dois jogos, ambos válidos pela segunda rodada da primeira fase do torneio, um suposto apostador entrou em contato com dois jogadores, um do Zumbi, de Alagoas, e outro do Real Ariquemes, de Rondônia, com a mesma proposta: R$ 3 mil para que eles ajudassem em um determinado número de escanteios nos respectivos jogos. 

O Zumbi de Alagoas enfrentou e venceu a Ferroviária, enquanto o Real Ariquemes perdeu para o Tanabi. Nos dois casos, as propostas do apostador foram denunciadas pelos jogadores, que registraram boletins de ocorrência e comunicaram também a Federação Paulista. 

O caso mais recente foi o do goleiro Evan Guilherme, de 20 anos, que disputou pela segunda vez a Copinha. Procurado através de uma rede social pelo suposto apostador, o jogador recebeu a proposta de R$ 3 mil para ceder determinado número de escanteios.

 “Ele não pediu para tomar gols, ele até usa um pouco da lábia dele. Ele fala que eu não ia me prejudicar. Que eu não ia me prejudicar por não levar gols, mas a proposta era para jogar o máximo de bolas para escanteio, de propósito, no caso, e em troca ele me daria uma quantia em dinheiro. Seria o valor de 3 mil reais”, conta Evan Guilherme, goleiro do Real Ariquemes. 

“A minha reação foi de surpresa, né. Porque a gente sabe que no mundo do futebol está bastante em evidência esse negócio de apostas, então… mas eu nunca imaginei que aconteceria comigo. Fiquei bastante surpreso, um pouco em choque, mas a minha reação foi outra. Eu sei da minha índole, então a primeira coisa que passou em minha cabeça foi negar e acionar a comissão e o presidente do clube”, agregou Guilherme.

 A Polícia Civil de São Paulo identificou o apostador que fez as propostas para os dois jogadores. Morador do interior de São Paulo, o correspondente bancário Diego Rodrigues, através dos advogados, disse que deve se apresentar para prestar esclarecimentos nos próximos dias. 

Os sigilos bancário e telefônico devem ser quebrados em breve pela Justiça, ajudando a esclarecer se foram feitas outras tentativas de aliciamento ou pagamento a outros atletas envolvidos em jogos da atual edição da Copinha. As investigações estão sendo lideradas pelo delegado Cesar Saad. 

Medidas para evitar jogos manipulados

 A Federação Paulista de Futebol (FPF) contratou empresas especializadas em monitoramento de casas de apostas para identificar partidas com potencial de manipulação.

 O trabalho consiste no cruzamento de dados de sites esportivos de apostas com os campeonatos para detectar possíveis alterações que possam apontar a possibilidade de manipulação de resultado .

 “Isso acontece com relativa frequência, hoje a gente tem em média no estado de São Paulo e no futebol paulista, de sete a dez casos confirmados de manipulações de partidas por ano. É um montante, digamos assim, controlado, um valor até controlado perto do Brasil inteiro que só em 2022 já tem confirmados aproximadamente 130 casos”, explica Paulo Schmitt, presidente do Comitê de Integridade da Federação Paulista de Futebol.

 “A própria Copinha que não despertava tanto interesse no passado, pelos baixos salários, pela faixa etária e pelos fatores de riscos que estão presentes em vários tipos de eventos e competições, e características de atletas que disputam esses eventos, ela se tornou um alvo até de certo modo prioritário. E é um evento nacional. Então por mais que você faça um controle, uma fiscalização, uma educação dentro do futebol paulista, quando você tem um evento nacional, com atletas do Brasil inteiro, isso torna a Copinha um ponto de risco diferenciado para nós” revela Schmitt. 

O representante da Federação Paulista de Futebol acredita que é necessária uma união entre as entidades ligadas ao futebol e também policiais, para amenizar a possibilidade de fraudes nos jogos, principalmente em divisões inferiores.

 “Uma coisa que as pessoas precisam entender é o seguinte: a fraude normalmente sempre está à frente do controle. A gente precisa investir mais, atuar mais para investigar os casos, e encaminhar para a responsabilização junto às autoridades policiais judiciárias, que é o que a gente vem fazendo – com Polícia Civil, com o Ministério Público e o Estado de São Paulo – e até temos contato com Interpol e outros organismos, e internamente como Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, que é o STJD. Então, vai atuando rapidamente para tentar identificar e tentar minimizar esses riscos e número de casos que vem aumentando no mundo inteiro e no Brasil, particularmente”, conclui Schmitt. 

Cerco fechando

Confesso que fiquei bastante feliz de ver que a Polícia Civil de São Paulo está atuando firmemente na identificação e desarticulação de uma das supostas quadrilhas que tem atuado no futebol brasileiro. É preciso fechar o cerco contra essas pessoas, principalmente para desestimular as ações e acabar com a sensação de facilidade de manipulação de resultados que essa gente sente ao abordar atletas na maior cara de pau.

Claro que essa não deve ser a única quadrilha em ação nas terras brasileiras. Outros criminosos estão à solta e atuando no futebol brasileiro, principalmente em competições como a Copinha, que envolve uma grande quantidade de times que possam estar passando por dificuldades financeiras. Identificar os criminosos e enquadrá-los fortemente não deixa de ser uma ação preventiva, principalmente em um segmento não regulamentado.

Não podemos deixar de citar a hombridade dos atletas que foram abordados por supostos aliciadores na Copinha e resolveram denunciar os casos. Essa ação mostra, além de caráter, bastante compromisso dos jogadores com a lisura do esporte. Não sabemos se apenas os ouvidos pela polícia foram abordados. Pode ser que outros atletas também tenham sido procurados e até aceitado as propostas, algo que é plenamente possível. Contudo, não deixa de ser aliviante saber que nem todos são corruptíveis.

Espero que, em breve, tenhamos mais informações a respeito dessa investigação policial. A imprensa esportiva tem um papel muito importante nesse novo momento do futebol brasileiro. É fundamental que os principais veículos de comunicação do país estejam atentos a casos assim e, assim como o GE, publiquem denúncias e condenações. Sinto que esse é o momento de cortar o mal pela raiz, como diz um velho ditado popular. E só conseguiremos fazer isso com união social, com cada um cumprindo a sua função.

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr

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