Jogos e Apostas: Falhas na Premier League
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Estudo aponta falhas na autorregulação da publicidade sobre jogos e apostas na Premier League
sex 22 set/23

Estudo aponta falhas na autorregulação da publicidade sobre jogos e apostas na Premier League


Pesquisadores da Universidade de Bristol, no Reino Unido, divulgaram um estudo alarmante que destaca sérias preocupações sobre a autorregulação na indústria de jogos e apostas na Premier League. Durante o final de semana de abertura da competição (de 11 a 14 de agosto), os acadêmicos da universidade analisaram a cobertura de TV, rádio e mídia social do Campeonato Inglês. Esse acompanhamento resultou na coleta de dados alarmantes sobre a especulada autorregulação do mercado publicitário de jogos e apostas nas ligas de futebol da Inglaterra.

 

Os resultados do estudo são preocupantes: dos 391 anúncios de marketing de conteúdo de marcas de jogos e apostas avaliados pelo estudo, surpreendentes 92% violaram as regulamentações de publicidade por não serem claramente identificáveis como anúncios. O Código CAP, que define que as comunicações de marketing devem ser facilmente identificáveis, foi ignorado em grande parte desses anúncios, segundo os acadêmicos que fizeram parte da análise.

Além disso, os pesquisadores identificaram um total de 10.999 mensagens sobre jogos e apostas em canais de TV, rádio e redes sociais durante o período avaliado. Desse número, a esmagadora maioria – 6.966 mensagens – ocorreu durante as transmissões ao vivo dos jogos na Sky Sports e na TNT Sports. A falta de mensagens relacionadas à redução de danos do jogo é outra questão levantada no estudo, com apenas 20,6% das mensagens abordando esse tema e meros 18,7% apresentando avisos sobre a idade recomendada para apostar.

Autorregulação está falhando

Os pesquisadores afirmam que os resultados revelam o quão profundamente as mensagens sobre jogos e apostas estão presentes na mídia do Reino Unido, sobretudo nas redes sociais. A auto-regulação, que confia na adesão ao Código da Indústria do Jogo para Publicidade Socialmente Responsável, parece não conseguir conter a prevalência dessas campanhas. O Dr. Raffaello Rossi, co-pesquisador principal e professor de marketing na Universidade de Bristol, ressaltou a gravidade da situação:

“Nossa pesquisa mostra que o marketing de jogos e apostas durante os fins de semana da Premier League é inevitável. Os fãs de futebol são bombardeados com marketing de jogos e apostas através de vários canais, tornando-os uma parte normal do consumo de futebol. Nosso estudo destaca um problema sério com o marketing de jogos e apostas nas redes sociais – especialmente o marketing de conteúdo. Impressionantes 92% dos anúncios de marketing de conteúdo não são claramente identificáveis ​​como publicidade, violando os principais regulamentos de publicidade. Precisamos urgentemente reforçar essas regulamentações para proteger os consumidores – em particular as crianças, que são especialmente vulneráveis ​​à publicidade sorrateira”, declarou o pesquisador.

Outro ponto importante destacado pelo estudo é o impacto substancial das redes sociais como plataforma para publicidade de jogos e apostas. Foram identificados 1.902 anúncios de jogos e apostas nas redes sociais durante o primeiro fim de semana da Premier League, gerando impressionantes 34 milhões de impressões. Isso destaca a influência cada vez maior das redes sociais na promoção desse tipo de nicho. Diante dessas descobertas, a questão da autorregulação na indústria de jogos de azar ganhou destaque.

O Dr. Raffaello Rossi observou que “a autorregulação da indústria do jogo está falhando completamente” e acrescentou que o principal objetivo da indústria é o lucro, não o bem-estar público. Ele argumenta que o governo do Reino Unido precisa intervir para proteger as pessoas do que chama de “marketing predatório e excessivo do jogo”. O estudo foi alvo de críticas do Betting and Gaming Council (BGC), um órgão comercial de jogos e apostas do Reino Unido. O BGC argumenta que a pesquisa interpretou erroneamente a regulamentação da publicidade e afirmou que 20% de toda a publicidade atual na TV e no rádio é dedicada a mensagens de jogo responsável.

No entanto, os pesquisadores da Universidade de Bristol insistem na necessidade de uma legislação abrangente para regular as mensagens de jogos e apostas durante e após os jogos das ligas de futebol da Inglaterra, especialmente a Premier League, por causa do seu alcance global. A proposta da universidade é que essa legislação abranja todos os canais de marketing, incluindo painéis, camisetas, rádios e redes sociais. Eles acreditam que o Reino Unido deveria seguir o exemplo de outros países que já proibiram o marketing de jogos e apostas nos esportes.

 Divergências

A recente pesquisa da Universidade de Bristol sobre a autorregulação publicitária da indústria de jogos e apostas levanta preocupações significativas sobre a promoção desses serviços, especialmente durante eventos esportivos populares, como a Premier League. Embora os dados revelem violações preocupantes das regulamentações de publicidade, é importante abordar que existem divergências sobre os métodos utilizados pelos pesquisadores no estudo, o que naturalmente nos gera uma dúvida quanto a interpretação dos dados coletados pela universidade.

A pesquisa destaca que uma parcela substancial de anúncios de jogos de azar não cumpre os requisitos de identificação clara, o que é uma preocupação legítima. A transparência na publicidade é crucial para proteger os consumidores, especialmente os mais jovens, que podem ser mais suscetíveis às mensagens sorrateiras. É evidente que a indústria de jogos e apostas precisa de uma regulamentação eficaz para garantir a integridade e a responsabilidade em suas práticas publicitárias.

Entretanto, é fundamental reconhecer que a proibição total raramente é a melhor solução em qualquer contexto. Como vocês já sabem, eu particularmente sou sempre contra as proibições, visto que esse naturalmente é o caminho mais fácil a ser seguido por aqueles que não querem pensar e resolver os problemas. Em diversos casos, inclusive nesse, defendo uma abordagem mais equilibrada, que envolveria fortalecer a regulamentação existente e garantir a aplicação rigorosa das regras, mas sem que haja proibição de anúncios. A indústria de jogos e apostas não deveria ser vista como rival, mas sim como uma aliada. Juntos, tanto a indústria quanto os órgãos reguladores e o governo poderiam, se quisessem, colaborar para garantir que tudo funcionasse da melhor forma possível. A dificuldade é reunir todo mundo na mesma corrente de pensamento.

 

Escrito por Sérgio Ricardo Jr

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