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Investigações de apostas suspeitas incluem análise de gestos e ações dos jogadores
qui 07 nov/24

Investigações de apostas suspeitas incluem análise de gestos e ações dos jogadores


O combate à manipulação de resultados no futebol tem mobilizado operações minuciosas, frequentemente impulsionadas por alertas de integridade emitidos por serviços de monitoramento de apostas. O jornal Folha de SP revelou alguns detalhes dessas investigações e mostrou que, esses serviços, oferecidos por empresas especializadas, são contratados por confederações esportivas e pelas próprias plataformas de apostas. Para intensificar a fiscalização e ajudar no processo de identificação de casos atipicos, o Ministério da Fazenda recentemente formalizou parcerias com quatro dessas instituições para monitorar e identificar apostas suspeitas no país.

Mariana Chamelette, vice-presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Futebol de São Paulo (TJD-SP), afirma que esses relatórios apresentam um alto grau de precisão, comparável ao “passaporte biológico” dos testes antidoping. Assim que uma denúncia é registrada, a investigação criminal passa a focar no rastreamento de movimentações financeiras e na identificação de apostadores e suas conexões com os atletas suspeitos. No contexto esportivo, a análise se volta à avaliação técnica dos lances que despertaram suspeitas.

A investigação pode se basear em incidentes específicos, como cartões amarelos ou movimentos incomuns de um jogador. Em um caso envolvendo o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, as autoridades analisaram detalhadamente a jogada que resultou em um cartão amarelo, em busca de padrões incomuns. Outro exemplo é o de um goleiro da quarta divisão do Campeonato Paulista, cuja formação incomum de barreira durante uma cobrança de falta foi considerada uma evidência chave para sua condenação.

O papel do tribunal desportivo também é relevante. Em muitas instâncias, um árbitro especializado é chamado para revisar o jogo, mas começa o processo a partir do zero, sem acesso direto aos dados de monitoramento de apostas. Segundo Chamelette, a análise técnica independente é crucial, embora o processo seja lento. Casos decididos nos tribunais estaduais, como o TJD-SP, podem ser levados ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para uma decisão final.

O processo de Bruno Henrique, que envolve o Campeonato Brasileiro, ilustra esse caminho: após um alerta da Sportradar e da International Betting Integrity Association (Ibia), ambas contratadas pela Conmebol, o caso foi repassado à CBF e, posteriormente, ao STJD. A análise envolve uma avaliação minuciosa de cada movimento do atleta suspeito, assegurando que o veredito técnico esteja alinhado com os achados dos relatórios de monitoramento.

Entretanto, o setor de apostas ainda enfrenta desafios em relação ao tempo de resposta das investigações. Ana Bárbara Costa Teixeira, advogada da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), alerta que a demora representa riscos às casas de apostas. A situação é agravada para as plataformas menores, que muitas vezes não possuem recursos para contratar serviços de monitoramento contínuo, ficando, assim, mais vulneráveis à manipulação de resultados.

Responsabilidade conjunta

Apesar das investigações de manipulação de resultados no futebol não serem perfeitas, o que salta aos olhos é o alto padrão técnico dos procedimentos atuais. O uso de análise minuciosa, que inclui até mesmo a revisão dos gestos e ações dos jogadores, destaca o nível de profundidade que esses processos vêm alcançando. Tal rigor é visto como fundamental para preservar a integridade das competições e transmitir ao público a sensação de transparência e confiabilidade no esporte.

No entanto, é inegável que há uma fragilidade quando o assunto é a capacidade financeira de algumas casas de apostas e, pessoalmente, também não sei se sou muito a favor de levar tão a sério tais análises de comportamento, principalmente porque estamos falando de seres humanos. O fato é que nem todas as casas conseguem arcar com os custos de monitoramento constante, o que torna algumas delas mais vulneráveis a fraudes. Essa disparidade financeira expõe um problema estrutural: a responsabilidade pela integridade das competições não pode ser deixada apenas às plataformas de apostas. As federações esportivas também têm o dever de zelar pela lisura de seus campeonatos e de colaborar ativamente com o monitoramento de eventuais irregularidades.

Assim, fica claro que a responsabilidade na luta contra a manipulação precisa ser compartilhada. Para que o sistema seja realmente eficaz, é necessário que tanto as casas de apostas quanto as federações esportivas trabalhem juntas, cada uma cumprindo seu papel. Esse esforço conjunto pode proporcionar não só uma proteção mais robusta contra fraudes, mas também um ambiente mais seguro para o esporte e para o mercado de apostas, que depende da confiança do público para se sustentar. O caminho, sem dúvida, é de colaboração mútua e de compartilhamento de responsabilidades.

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