eSports: Disciplina Eletiva nas Escolas do Brasil?
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<strong>Escola brasileira oferece disciplina eletiva de eSports para os alunos</strong>
ter 28 mar/23

Escola brasileira oferece disciplina eletiva de eSports para os alunos


Uma escola brasileira implementou uma grade curricular eletiva diferente para os seus alunos. O Centro Educacional Rosa Chamma (CERC), localizado no Rio de Janeiro, passou a oferecer aos seus alunos a possibilidade de cursarem uma disciplina eletiva de eSports. A prática está relacionada com os ensinamentos da área de Educação Física, ou seja, assim como os alunos podem optar por praticar futebol, vôlei e outros esportes, também existe a possibilidade de escolherem a prática dos eSports.

De acordo com o GE (Globo Esporte), que ouviu as pessoas envolvidas na iniciativa, as primeiras impressões da escola em relação aos efeitos das aulas nos alunos têm sido muito positivas. O GE revelou que a sala de aula preparada para os ensinamentos de eSports no CERC conta com dois consoles do tipo PlayStation 4, e o primeiro jogo escolhido para ser trabalhado com os alunos foi o FIFA. A disciplina, que está disponível entre outros esportes, teve uma adesão surpreendente. Mais de 30 alunos estiveram presentes na primeira aula.

A grande procura pode fazer a escola aumentar as turmas, que se reúnem para as aulas duas vezes por semana. Com a boa recepção, o colégio espera trabalhar outros tipos de jogos nos próximos meses e, quem sabe, até mesmo melhorar a estrutura oferecida aos alunos por meio da compra de mais consoles e aparelhos. Hoje, o Centro Educacional Rosa Chamma conta com quatro unidades no Rio de Janeiro, sendo que duas delas, localizadas na Vila da Penha, zona norte do Rio, possuem uma estrutura montada para o ensino dos esportes eletrônicos.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que direciona as diretrizes de ensino no país, recentemente passou por algumas mudanças. Essas alterações permitiram que o Centro Educacional Rosa Chamma pudesse inserir os esportes eletrônicos em sua grade estudantil. Como explicado, os eSports entraram no dia a dia dos alunos do CERC como uma disciplina eletiva, ou seja, os alunos não são obrigados a ter aulas desse tipo, mas podem optar por elas em consenso com os seus responsáveis.

“A ideia surge com a percepção do crescimento dos eSports. A diretoria do colégio já havia me questionado como coordenador, mas na época, ainda com o formato antigo do Ensino Médio, não havia um encaixe pedagógico para os eSports. No entanto, agora o conteúdo de Educação Física na BNCC tem os eSports como parte dele. Esse é o primeiro ponto importante. O segundo é que a Educação Física sofreu mudanças com o novo Ensino Médio, passando a ter uma carga horária menor. Na área de linguagens, há a possibilidade de criar projetos chamados ‘eletivas’ ou ‘itinerários’. Isso viabilizou pedagogicamente a entrada dos eSports. E aí vimos que era a hora de fazer essa inclusão em 2023”, explica o coordenador de Educação Física do CERC, Daniel Leão, em entrevista ao GE.

O professor e as aulas

O profissional responsável por ministrar as aulas no CERC é Thiago Mansur, ex-aluno da escola e streamer responsável por recriar, no FIFA, gols históricos da Copa do Mundo. Coube a ele a missão de estar junto aos alunos para ensinar conceitos e elementos básicos de cada jogo. Em entrevista ao GE, Thiago Mansur explicou como tem sido preparadas as aulas e quais são os planos de abordagem em relação aos ensinamentos de eSports para os alunos.

É tudo inédito, muito novo, então não temos um modelo a seguir. Está sendo muito bacana. Tivemos 33 pessoas na primeira aula, muitos curiosos, querendo conhecer a respeito e permaneceram cerca de 20 alunos. Foi muito legal ver homens, mulheres, mais novos, mais velhos, extrovertidos e introvertidos, todo mundo participando. A princípio, se permanecermos com esse número, serão dois tempos na semana. Caso ultrapasse, abriremos novas turmas e eu acho que vai passar. Vamos tentar variar os modos de jogo. Esporte, luta, FPS, para tentar agradar o máximo de pessoas e dar uma passada geral por todos os métodos, focando mais na aula prática. Neste primeiro bimestre, estamos trabalhando o FIFA. No segundo, será Fortnite e, no terceiro, trabalharemos um jogo de luta. Os detalhes estão sendo acertados, mas é certo que será uma categoria de games por bimestre para tentar abranger todos os gostos”, explicou o professor.

A escolha de Mansur para ministrar a disciplina eletiva de eSports no CERC foi da direção. De acordo com o GE, Thiago foi o principal nome ventilado quando surgiu a possibilidade de incluir a nova disciplina na grade curricular dos alunos. Formado em direito e pós-graduado em Gestão de Futebol pela CBF Academy, o professor sempre esteve interligado aos jogos eletrônicos. Desde adolescente, Thiago pratica jogos como Counter Strike e FIFA. Durante a pandemia, começou a se dedicar aos eSports como coach e também a produzir conteúdo (como a recriação dos gols históricos da Copa do Mundo) por meio de lives em plataformas de streaming.

Polêmica recente

A inclusão dos eSports na grade curricular dos alunos do CERC pode ser considerada uma iniciativa bastante corajosa. Em declarações recentes, a atual Ministra do Esporte do Brasil, Ana Moser, desconsiderou os esportes eletrônicos como esportes. As declarações, interpretadas como descuidadas por uma parte da sociedade, podem significar uma falta de apoio para iniciativas desse tipo em outras escolas do país. Assim como acontece na pasta do esporte, incluir os esportes eletrônicos na área da educação de base dos brasileiros não será fácil.

Questionado pelo GE sobre o tema e as possíveis críticas à proposta educacional, Daniel Leão bancou a iniciativa do CERC. “Temos todos os argumentos para mostrar que a entrada dos eSports na escola só trará benefícios. Ela não entra para substituir a Educação Física. É uma disciplina eletiva, onde os alunos optam por fazer, e que contribui para a formação cidadã deles, apesar de não ter a parte do exercício físico. O CERC sempre foi uma escola inovadora. Entendemos que há o preconceito, mas a gente não está incentivando o sedentarismo, uma vez que o aluno poderá escolher mais dois esportes e todos eles têm a prática do exercício físico”, explicou Leão.

Sobre formação social e felicidade

Ler sobre essa iniciativa me fez entender que não é fácil propor algo tão fora da curva assim no Brasil. A resistência ao novo é natural, acredito até que seja algo intrínseco ao ser humano, que normalmente busca estabilidade. No entanto, poucas coisas nessa vida são construídas a partir do pensamento padrão. A novidade assusta, mas costuma trazer experiências transformadoras. O CERC, como apontamos no artigo, demonstra estar bastante seguro e alinhado quanto a proposta de oferecer aulas de eSports aos seus alunos.

A verdade é que não precisamos nem destacar quão valorizada deve ser essa iniciativa por parte dos alunos. A molecada ama os eSports, e muitos não têm a oportunidade de ter contato constante com as ferramentas essenciais para a prática do esporte eletrônico. Apesar do avanço tecnológico e da expansão do uso de celulares na sociedade, nem sempre os smartphones populares são capazes de proporcionar às crianças e aos adolescentes uma boa experiência. Ter essa possibilidade nas escolas é um importante elemento de inclusão digital.

Para ser mais receptivo à ideia de ter uma aula sobre eSports na escola, é importante compreender que a formação social de um ser humano não está somente interligada com o letramento. A escola é um ambiente muito rico e que, muitas vezes, funciona como uma replicação da vida em sociedade. Na escola, aprendemos matemática, português, física, ciências e tantas outras coisas, mas também aprendemos a conviver com outras pessoas. Interagir, fazer amizades, compartilhar gostos e criar laços são coisas que também aprendemos nessa fase da vida.

Oferecer a possibilidade do desenvolvimento de aptidões sociais é uma missão básica das escolas. E o que poderia ser melhor do que os esportes no auxílio dessa proposta? Sejam de movimento ou eletrônicos, os esportes ensinam e transformam. É muito animador entender que podemos utilizar essas áreas do conhecimento de forma conjunta na formação dos seres humanos. Os conceitos empregados no esporte eletrônico e nos esportes de movimento são os mesmos, por isso é possível trabalhar com a inserção de ambos no dia a dia dos alunos. Isso, definitivamente, não é um problema, trata-se apenas de uma questão de boa vontade e planejamento de tempo para que ambos consigam coexistir.

Sinceramente, não espero que isso se torne uma tendência no Brasil. Infelizmente, vivemos em uma sociedade muito conservadora e pouco aberta ao novo. Como disse, a novidade é algo que assusta, mas também que transforma. De toda forma, alguma parte de mim fica bastante feliz de ver que, pelo menos em algum lugar do Brasil, mesmo que seja dentro de um recorte social muito insignificante, as crianças e os adolescentes estão recebendo esse carinho e a possibilidade de desenvolver aptidões sociais únicas. Deve ser muito bom ter prazer em ir para a escola e ser feliz praticando esporte, seja ele qual for.

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Escrito por Sérgio Ricardo Jr

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