Ignorado pelos governantes, eSports levou Brasil ao topo do mundo em 2022
Alvo de muita polêmica ao longo dos últimos anos, os eSports foram responsáveis por levar o Brasil ao topo do mundo em 2022. Um levantamento feito pela empresa Esports Earning apontou que o Brasil ocupou a quarta colocação no ranking de países que mais faturaram premiações na modalidade esportiva em 2022. Com destaque para jogos como Free Fire, Rainbow Six Siege, Rocket League e Valorant, o Brasil deu show nas arenas no último ano, faturando cerca de 52 milhões de reais em prêmios e rivalizando com países como China, Estados Unidos e Coreia do Sul.
Em declarações recentes, a atual Ministra dos Esportes do Brasil, Ana Moser, mostrou-se contrária à ideia de considerar os eSports como uma modalidade esportiva. Para a ministra, que não pretende investir na categoria por meio do Ministério do Esporte, os esportes eletrônicos são apenas entretenimento ou diversão e, por serem feitos por meio de programação, não são imprevisíveis.
Em um dos polêmicos e controversos exemplos citados por Ana Moser em entrevista ao UOL, a ex-jogadora de vôlei comparou a preparação de atletas de eSports com músicos ensaiando para um show. As frases, que mostraram um completo desconhecimento da ministra sobre a realidade brasileira, obviamente se tornaram polêmica nas redes sociais.
Confira abaixo, na íntegra, uma matéria detalhada do portal The Clutch sobre os feitos do Brasil nos eSports em 2022:
Brasil foi o 4º que mais faturou com premiações nos eSports em 2022
Um levantamento feito pelo Esports Earning revelou que o Brasil foi o quarto país que mais faturou com premiação no esporte eletrônico em 2022. O país está atrás apenas da China, Estados Unidos e Coreia do Sul. O trio dominou as premiações nos esports no decorrer do último ano.
O Esports Earning revelou que o Brasil conseguiu faturar US$ 9,9 milhões no último ano com premiação no esporte eletrônico. O valor corresponde a cerca de R$ 52,2 milhões de acordo com a cotação atual. Líder da lista, a China faturou US$ 44 milhões em 2022.
Free Fire, Rainbow Six Siege, Rocket League e VALORANT estão entre as modalidades que ajudaram o Brasil a aparecer na quarta posição entre os que mais arrecadaram. Jogadores destes quatro jogos aparecem nas 15 primeiras posições da lista, excluindo atletas de Counter-Strike: Global Offensive.
A FURIA, com o Rocket League, faturou cerca de US$ 788 mil na modalidade por conta do título no Gamers8, na Arábia Saudita, e por terem chegado na semifinal da RLCS World Championship, mundial da modalidade. Gabriel “Caard” Cardoso, Caio “CaioTG1” Vinicius e Yan “yanxnz” Nolasco obtiveram um faturamento de US$ 262 mil.
Além disso, o time de CS:GO dos Panteras também aparece na lista. Cada um dos jogadores do FPS da Valve, semifinalistas do IEM Rio Major 2022, obtiveram US$ 64 mil na última temporada.
No Rainbow Six, o elenco da Team Liquid obteve, cada um, US$ 96 mil. Já o squad de Free Fire da Vivo Keyd Stars, conquistou US$ 95 mil cada ao longo do ano. O elenco da LOUD, campeã do VALORANT Champions Istanbul, obteve US$ 94 mil cada graças aos resultados no Mundial da Turquia, no Masters Reykjavík e Copenhagen, além das duas etapas do VCT Challengers Brazil.
Wesley Pereira -,The Clutch
Polêmica da semana
Considero a entrevista de Ana Moser ao portal Uol como uma das coisas mais bizarras que pude acompanhar nos últimos anos dentro do campo esportivo. É claro que, no atual momento em que vivemos, a discussão sobre a classificação dos eSports como esporte é quase irrelevante, mas não podemos simplesmente ignorar os verdadeiros absurdos que foram regozijados pela ministra do esporte.
Em uma das partes mais revoltantes da entrevista, Ana Moser revela ter orgulho de uma “luta” para que as leis do esporte não dessem sequer brecha para que os esportes eletrônicos fossem considerados esportes no país. É realmente uma das falas mais tristes que eu já vi de alguém ocupando a posição que ela ocupa. Ana Moser tem orgulho de excluir pessoas. Ana Moser tem orgulho de marginalizar atletas.
O que a ministra parece não ter entendido é que a opinião dela sobre os eSports serem ou não considerados esportes não importa. A minha opinião não importa, a opinião de quem me lê neste exato momento também não importa. Tudo que importa são os fatos. E não existe a menor possibilidade de ignorar a existência de milhares de crianças, jovens e adolescentes no país que hoje vivem profissionalmente dos “joguinhos” e o fazem sem qualquer tipo de incentivo ou amparo social.
Como ex-atleta e, até pouco tempo, uma das vozes do campo progressista mais fortes a falar sobre esporte, Ana Moser se mostrou uma grande decepção. Com discurso marginalizante, a ministra falou sobre aquilo que não sabe e, não somente isso, mostrou-se feliz por desdenhar do caminho escolhido por milhares de jovens brasileiros nos últimos anos. Sinceramente, torço bastante para que os nossos jovens atletas sigam acreditando no próprio potencial e na possibilidade de mudar de vida, pois eles parecem abandonados nessa luta.
O ano de 2022 mostrou que, apesar das dificuldades, ainda é possível ser um atleta de eSports no Brasil. Representar o país, elevar o nome da nossa região ao topo do mundo e ser reconhecido por isso é o desejo de todo esportista. E se outrora os esportes tradicionais foram renegados e escanteados pelo poder público, desta vez é o momento dos eSports serem os vilões da história. Eu não deveria me impressionar, mas é realmente intrigante como sempre tendemos a repetir os erros do passado. Como sociedade, o Brasil parece ter sempre uma âncora afundando a nossa evolução em diversas áreas, e no esporte não vai ser diferente.
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Escrito por Sérgio Ricardo Jr