Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – Quais são os erros mais comuns dos apostadores?
Este é o último artigo do Módulo 3 – Mercados, Estratégias e Cuidados ao Apostar. Nos artigos anteriores, construímos uma base sólida sobre mercados, estratégias e modalidades de apostas. Agora chegamos a um tema que pode fazer toda a diferença: os erros que impedem apostadores de alcançarem sucesso.
Depois de anos contribuindo na formação de milhares de apostadores, consigo sistematizar os erros que mais atrasam a vida de quem está começando. Não se trata de erros “teóricos” – são armadilhas reais que vi destruir o progresso de apostadores talentosos que tinham potencial para prosperar.
A ideia principal deste artigo é abordar os três erros mais destrutivos e ensinar como corrigi-los. As chances de você cometer um ou mais desses erros são enormes. Por isso, você tem uma oportunidade única de identificá-los e buscar mudança de atitude baseada em conhecimento.
Os três principais erros do apostadores iniciantes
Se pretendemos criar um material que auxilie o apostador no início de sua caminhada, não há melhor ponto de partida do que expor os três principais erros que os apostadores novatos costumam cometer em seus primeiros passos.
O foco será dar um primeiro encaminhamento ao recém-chegado nas apostas, para que tenha uma noção do que fazer e, principalmente, do que não fazer. A partir daí, caberá aos apostadores se aprofundarem em cada tema, já com a sua primeira base estabelecida.
Os três erros que abordaremos são:
➡️ Não ter gestão de banca;
➡️ Tentar prever o futuro;
➡️ Ter uma expectativa errada das apostas.
Vamos analisar cada um deles e, mais importante, mostrar como superá-los.
Erro #1: não ter gestão de banca
Nos artigos 5 (leia aqui) e 6 (leia aqui) já exploramos profundamente a gestão de banca e as estratégias de stakes, mas vale reforçar: este é o erro mais fundamental que um apostador pode cometer.
Sendo assim, vamos ver na prática (novamente) como esse erro destrói apostadores através de um exemplo real.
Jorge x José: a história real
Como vimos no artigo 5, a gestão de banca pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso nas apostas. Para reforçar este ponto com um exemplo prático, deixe-me contar sobre os apostadores Jorge e José:
Jorge não aplica qualquer técnica de gestão de banca – aposta valores aleatórios conforme a “confiança” que tem em cada jogo.
José investe com unidades fixas de 2% de seu montante total. Eles seguem as dicas do mesmo tipster e fazem teoricamente as mesmas apostas.
Quando chega um mês muito ruim (o que é estatisticamente normal), José tem uma perda de 10 unidades, ou 20% da banca. É uma perda forte, mas ele sobrevive. Jorge, que apostava com valores aleatórios, se expôs exageradamente nesse mesmo período e quebrou a banca.
Perceba: o que dá sobrevivência a uma banca no longo prazo é justamente a metodologia de gestão. Sem ela, até o melhor dos apostadores irá naufragar quando a variância negativa chegar.
Como superar?
Metodologia das unidades
Além das estratégias já abordadas nos artigos anteriores, reforçamos aqui uma metodologia específica e simples para iniciantes:
Divida a sua banca em 50 ou 100 partes iguais, chamadas de “unidades”. Cada fração equivale ao “valor-base” das suas apostas. Por exemplo, quem escolhe 50 unidades fará apostas de 1/50 (ou 2%) da banca.
O diferencial desta metodologia é o recálculo: mesmo diante de perdas fortes, você pode recalcular a banca, dividindo-a novamente pelo número de unidades escolhido. Recomenda-se recalcular a cada 20% de perda (ou ganho) da banca.
Exemplo prático:
➡️ Banca inicial: R$ 1.000 (50 unidades = R$ 20 cada)
➡️ Após perdas: R$ 800 restantes
➡️ Recálculo: R$ 800 ÷ 50 = R$ 16 por unidade
Agora você tem uma “banca integral” novamente para enfrentar o período difícil.
O recálculo também funciona para ganhos, permitindo que você aproveite o crescimento através de juros compostos.
Erro #2: tentar prever o futuro
Prever o futuro é, talvez, a maior armadilha para os apostadores iniciantes. É muito sedutora a perspectiva de, com o seu conhecimento sobre o esporte e os jogadores, tentar adivinhar o que irá acontecer nos eventos. Isso se torna ainda pior quando obtém sucesso por algum tempo no curto prazo.
Só que não é assim que se lucra de verdade nas apostas. O “adivinhador” de resultados, em algum momento, sempre acabará devolvendo ao mercado aquilo que outrora ganhou, e muitas vezes essa devolução acontece com juros.
A batalha contra sistemas profissionais
Ao colocar uma aposta, você ingressa em uma “batalha” contra cotações e preços elaborados por pessoas e sistemas profissionais. A indústria das apostas investe dinheiro pesado para conseguir odds cada vez mais precisas.
Seria muita inocência pensar que seremos capazes de superar tudo isso simplesmente apostando no que achamos que vai acontecer, ou em quem pensamos que vencerá o jogo. As apostas, antes de qualquer coisa, são uma questão de probabilidade.
Como superar?
Trabalhar com probabilidades e apostar com +EV
Nos artigos 2 (leia aqui) e 10 (leia aqui) já vimos conceitos de odds e valor esperado, mas aqui está o ponto crucial: em vez de tentar “adivinhar” resultados, você precisa calcular as probabilidades e identificar quando o mercado está pagando mais do que deveria.
Um bom apostador calcula as probabilidades dos eventos que lhe interessam em uma partida. Com esse dado, ele compara a probabilidade justa com a oferecida pelas casas, e só aposta quando encontra um desajuste nas cotações.
Isso é o +EV (valor esperado positivo) – quando o mercado está pagando mais do que deveria para aquele fato ocorrer.
Exemplo prático: você calcula que um Time A tem 50% de chance de vencer (odd justa @2.00). Entretanto, o mercado oferece @2.20 para essa vitória.
O mercado está estipulando aproximadamente 45.45% de chance (100 ÷ 2.20), contra os 50% que você calculou. A casa está presumindo que a vitória tem menos chance do que realmente tem, pagando mais do que deveria. Essa vantagem probabilística é o +EV que faz dessa entrada uma boa aposta.
A arte da precificação
Precificar é transformar dados, informações e fatos em preço. Sem a precificação, você não saberá qual é o preço justo para algo acontecer, e consequentemente não terá ciência de qual aposta tem valor.
É algo como estar trabalhando vendado, tentando extrair lucro ao acaso – o que não funcionará em uma larga amostragem.
A metodologia de precificação é algo bastante pessoal, e cabe a cada apostador desenvolver a sua própria através de estudo e prática constante.
Erro #3: ter uma expectativa errada das apostas
Este erro é aquele pelo qual os apostadores tem menos “culpa”. A maioria chega nesse meio com uma concepção errônea sobre as apostas, no sentido de que é algo fácil, ou que basta entender de futebol para se dar bem.
A origem das expectativas irrealistas
Isso ocorre pela baixíssima qualidade do conteúdo que é disseminado sobre essa atividade. Na televisão, propagandas de casas se proliferam vendendo a ideia de que os apostadores devem entrar no site para dar o seu “palpite” de acordo com seu conhecimento esportivo ou torcida.
Na mesma esteira, pessoas maliciosas ou desprovidas do devido conhecimento disseminam nas redes sociais que apostar é “ganhar dinheiro assistindo futebol”, ou que é possível ficar rico rapidamente.
É normal que, estando exposto a tanta inverdade, o iniciante chegue às apostas com expectativa errada de que basta saber do esporte para enriquecer com as apostas.
Como superar?
Quebrar o mito
É preciso quebrar esse mito o quanto antes. Apostas esportivas são uma atividade séria, que exige:
➡️ Conhecimento matemático de probabilidades e gestão de risco;
➡️ Disciplina rigorosa para seguir metodologias estabelecidas;
➡️ Tempo significativo dedicado a estudo e análise;
➡️ Controle emocional durante períodos de variância;
➡️ Visão de longo prazo para desenvolvimento sustentável.
Conhecimento: como os melhores apostadores se tornaram os melhores
O universo das apostas é muito novo para boa parte do mundo. No Brasil, o número de apostadores vem se multiplicando exponencialmente, fruto da regulamentação e da publicidade das casas.
Isso faz com que as mudanças tendam a ocorrer de forma mais acelerada. Um método que se mostra lucrativo hoje pode não sê-lo daqui dois ou três anos, devido à evolução natural do mercado que se torna cada vez mais eficiente.
Sendo assim, os melhores apostadores do mundo não “caíram de paraquedas” nessa posição. Eles colhem frutos de um trabalho de aperfeiçoamento constante, por erros, acertos e, principalmente, muito estudo e dedicação.
A metodologia de um apostador deve estar sempre em constante avaliação e revisão no longo prazo. Quem “parar no tempo” assume risco elevado de se tornar obsoleto, não conseguindo mais extrair valor.
Por isso é fundamental estar sempre estudando e procurando novas perspectivas. O contato com conhecimento de outros apostadores abre portas e apresenta novas formas de enxergar o mercado.
A importância de identificar e corrigir erros
Os três erros citados anteriormente são responsáveis pela vasta maioria dos fracassos nas apostas esportivas. Identificá-los e corrigi-los pode acelerar significativamente seu processo de aprendizagem.
Cada erro tem a sua solução específica, mas todos exigem mudança de mentalidade e implementação de sistemas adequados. Não basta conhecer os erros – é preciso agir ativamente para evitá-los.
Coloque em prática
Para superar esses três erros fundamentais:
➡️ Implemente imediatamente um sistema básico de gestão de banca dividindo seu capital em unidades fixas;
➡️ Comece a estudar como calcular probabilidades e identificar valor em apostas;
➡️ Ajuste suas expectativas – trate apostas como atividade séria que exige desenvolvimento contínuo;
➡️ Documente suas apostas para identificar quando está cometendo esses erros;
➡️ Invista tempo em educação de qualidade sobre apostas esportivas;
➡️ Desenvolva paciência para o processo de aprendizagem de longo prazo.
Principais aprendizados deste artigo
Vamos recapitular os três erros fundamentais e as suas soluções:
➡️ Gestão de banca é absolutamente fundamental – implemente o sistema de unidades fixas imediatamente;
➡️ Trabalhe com probabilidades, não com “previsões” – aprenda a calcular o valor esperado (+EV) nas apostas;
➡️ Ajuste expectativas irrealistas – apostas exigem estudo sério e desenvolvimento de longo prazo;
➡️ Todos os erros têm solução – mas exigem mudança de mentalidade e implementação de sistemas adequados;
➡️ Conhecimento e disciplina superam intuição – invista em educação contínua e metodologias testadas.
Fechamento do Módulo 3
Parabéns! Você completou o Módulo 3 – Mercados, Estratégias e Cuidados ao Apostar. Agora você compreende:
✅ Os diferentes mercados de apostas e suas características;
✅ As principais estratégias utilizadas no mercado;
✅ Quando vale a pena apostar ao vivo e quando evitar;
✅ Os três erros mais destrutivos e como superá-los.
No Módulo 4 – “Panorama das Apostas Esportivas no Brasil”, vamos abordar aspectos regulatórios e práticos:
Artigo 13: “A regulamentação e o cenário atual das apostas no Brasil”
Artigo 14: “A diferença entre casas de apostas confiáveis e fraudulentas”
Artigo 15: “Como escolher uma casa de apostas com segurança?”
Prepare-se para entender o contexto legal e como navegar seguramente no mercado brasileiro.
Compartilhe este artigo com quem está começando nas apostas.
Evitar esses três erros fundamentais pode fazer mais diferença que qualquer estratégia avançada.
Glossário rápido
Precificação: arte de transformar dados e informações em probabilidades e preços.
Unidades: frações da banca utilizadas como base para definir valores das apostas.
Variância negativa: período estatisticamente normal de resultados desfavoráveis.
Leia também:
Artigo 1: Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – O que são as apostas esportivas?
Artigo 2: Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – Como funcionam as odds?
Artigo 6: Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – Como montar uma estratégia de stakes?
Artigo 9: Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – Quais são os mercados mais populares?
Artigo 11: Minicurso: Entendendo as Apostas com Erick Feitosa – Apostas ao vivo valem a pena?