A empresa fornecedora de softwares para jogos online e apostas esportivas, Playtech, publicou um estudo com foco na indústria de jogos e apostas da América do Sul. O material, transformado em um e-book, explora questões-chave e fornece insights de especialistas relacionados ao jogo responsável na região, segundo informações do site IGaming Brazil. O estudo foi realizado com mais de duas mil pessoas em países como Argentina, Brasil, Chile e Colômbia.

O objetivo da empresa ao realizar o estudo seria entender o nível de confiança que os apostadores têm na regulamentação do mercado e apontar os fatores de risco que representam ameaça à segurança do jogador em um mercado não regularizado. Realizada em parceria com a plataforma global de pesquisas Toluna Insights, o estudo da Playtech também visou identificar as principais preocupações e barreiras para os jogadores da região.

Uma das estratégias adotadas pelos aplicadores da pesquisa foi incluir diversos aspectos problemáticos relacionados aos jogos em questões a serem respondidas pelos participantes do estudo, a fim de entender e examinar as atitudes deles em relação ao jogo e as apostas, assim como detectar as suas aflições, percepções dos processos de regulamentação e o que eles esperam dos operadores. Estima-se que os operadores da América Latina obtenham cerca de 10 bilhões de dólares em receita anualmente.

“Na Playtech, criamos tecnologia que muda a maneira como as operadoras oferecem as experiências de jogos e apostas. Acreditamos que o jogo pode ser uma parte importante e agradável da indústria do lazer e, mais importante, da sociedade. Também acreditamos que, para garantir que as plataformas se beneficiem como partes interessadas, é essencial que a indústria aproveite a tecnologia e as ferramentas disponíveis para colocar a proteção e a confiança no centro de qualquer experiência do cliente”, disse Mor Weizer, CEO da Playtech.

 Comportamento do jogador sul-americano

Ao mesmo tempo em que colhia informações acerca da confiabilidade dos apostadores em relação às mudanças do mercado e as principais preocupações dos apostadores quanto a regularização dos jogos, o estudo da Playtech em parceria com a Toluna Insights também aproveitou para criar um perfil comportamental dos apostadores sul-americanos. Diversos dados foram coletados durante a aplicação do estudo.

Segundo informações do site IGaming Brazil, cerca de 47% dos entrevistados durante o estudo da Playtech alegaram que não apostaram nos últimos seis meses, sendo a principal razão disso a falta de interesse (33%), a incerteza de como fazê-lo com segurança (24%) e o medo de ficar viciado (14%). Mais de três em cada quatro entrevistados (76%) afirmaram que regulamentações e diretrizes de jogo responsável mais severas resultam em uma melhor proteção do jogador. Em relação a confiabilidade das empresas de jogos e apostas, somente 13% dos entrevistados disseram não confiar nelas.

“Não é coincidência que cada um dos quatro países analisados durante a pesquisa tenha mostrado resultados semelhantes. À medida que a indústria nessas regiões amadurece, esses insights não devem ser ignorados. É por isso que estamos disponibilizando gratuitamente o Relatório de Jogo Responsável da Playtech para todos aqueles na América Latina que possam estar interessados no setor e em como trabalhar juntos para melhorá-lo para todos”, declarou Francesco Rodano, Diretor de Políticas da Playtech.

Sensação de insegurança trava mercado

Acredito que esse estudo realizado pela Playtech em parceria com a Toluna Insights tenha corroborado com uma sensação quase unânime de quem faz parte do mercado de apostas esportivas aqui na América do Sul. Confesso que não posso falar sobre como as coisas acontecem em outros países, mas pelo menos no Brasil a constante sensação de insegurança que os apostadores sentem ao apostar é uma das principais travas de crescimento da indústria.

E isso não sou eu quem afirmo. Os dados da pesquisa estão aí para comprovar a sensação que eu particularmente já tinha por experiência e vivência. As pessoas não confiam muito nos operadores, na indústria e diversos aspectos explicam esse enorme “pé atrás” do público sul-americano com o setor de jogos e apostas. É importante, inclusive, que os operadores entendam esse problema e trabalhem para aparar as arestas que deixam, pois eles também contribuem para essa situação existir.

Poderia listar e falar sobre todos os muitos motivos que levam os apostadores a desconfiar dos operadores e da indústria. Eles iriam desde a falta de uma regulamentação que ponha limites na publicidade, no marketing das casas de apostas e nos produtos do meio, até a ausência cultural de uma mentalidade acostumada com o ato de apostar.

Além disso, diria que a principal contribuição negativa dos operadores do mercado nessa sensação de insegurança dos players está em não conseguirem realizar um bom trabalho de informação em seus sites. Para piorar, os operadores têm, quase sempre, uma equipe de suporte defasada e sobrecarregada, que simplesmente não consegue dar conta de tirar dúvidas, explicar determinadas situações aos apostadores iniciantes e resolver, com clareza e rapidez, os problemas que vão surgindo no dia a dia de operações.

É papel de todos que fazem parte da indústria se atentar aos sinais. Existem diversos caminhos a serem tomados a partir de uma informação ou de uma detecção de problema. É interessante ter um mercado mais confiável? Todo mundo está disposto a mudar esse ambiente e criar algo que realmente proporcione segurança aos jogadores? Ou talvez é mais interessante manter tudo como está, já que está dando certo mesmo assim? Acho que com grandes poderes vem grandes responsabilidades, já diria o tio Ben do Homem-Aranha. É preciso crescer e evoluir para ter estabilidade e não atingir o “teto” cedo demais.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr.