CBF replicou estúdio do VAR em sessão da CPI das Apostas Esportivas
Em uma iniciativa comandada por Wilson Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um estúdio do Árbitro Assistente de Vídeo (VAR) foi montado durante uma sessão da CPI das Manipulações de Jogos e Apostas Esportivas no Senado. O objetivo foi proporcionar aos senadores que lideram a CPI uma visão realista de como funciona o sistema de arbitragem por vídeo, visto que muitas dúvidas sobre a operação da ferramenta acabaram surgiram durante as últimas sessões.
O experimento, que tentou replicar fielmente o ambiente utilizado durante as partidas de futebol, recebeu o equipamento de sete monitores, simulando de maneira precisa o espaço de operação do VAR nos principais jogos do futebol brasileiro. Durante a ação de demonstração de como é feita a utilização da ferramenta, Seneme destacou o funcionamento do sistema para os parlamentares, indo além das informações geralmente divulgadas ao público durante os jogos.
Durante seu depoimento na CPI, Seneme abordou as acusações feitas por John Textor, acionista majoritário da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, que alegou manipulações em jogos do Campeonato Brasileiro. Seneme refutou categoricamente essas alegações, afirmando que não há possibilidade de manipulação nos jogos com base em sua vasta experiência na arbitragem. “Dou a ele 0% de possibilidade. Com a experiência que tenho, não vi e não identifiquei nenhuma ação que possa dar a mínima referência e transformá-la em algum tipo de manipulação de resultado“, afirmou. Ele também destacou que erros de arbitragem são inevitáveis, mas transformá-los em denúncias de manipulação de resultados é, na sua visão, uma ação irresponsável.
A importância do VAR foi um dos pontos centrais da discussão nas últimas sessões da CPI. O sistema foi desenvolvido para auxiliar os árbitros na tomada de decisões cruciais durante as partidas, como gols contestados, penalidades, cartões vermelhos e erros de identificação de jogadores. Com a ajuda do VAR, as decisões em campo se tornaram mais precisas, de acordo com os dados divulgados pelas federações mundiais. Criado há pouco mais de 5 anos, o VAR tem contribuído significativamente para a diminuição de erros impactantes.
Falta informação ou interesse?
O VAR já está inserido no futebol há mais de cinco anos e, mesmo assim, muitas dúvidas persistem sobre o funcionamento dessa tecnologia. A iniciativa da CBF, comandada por Wilson Seneme, de montar um estúdio do VAR durante uma sessão da CPI das Apostas Esportivas no Senado, evidencia a complexidade e a falta de clareza que ainda cercam o sistema. Essa ação, por mais educativa e esclarecedora que tenha sido, levanta questões importantes sobre onde reside a falha na comunicação e na compreensão do VAR: na organização do esporte ou na falta de interesse do público em buscar entender a ferramenta?
Por um lado, é inegável que a responsabilidade de educar o público sobre o funcionamento do VAR recai, em grande parte, sobre as entidades que organizam o futebol. A CBF e outras federações deveriam ser mais proativas na divulgação de informações claras e acessíveis sobre o sistema. Por outro lado, também não se pode ignorar a falta de interesse ou o esforço limitado por parte de alguns indivíduos em entender como o VAR funciona.
A tecnologia do VAR não é um mistério. Com esforço, é possível encontrar fontes de informação sobre a ferramenta. No entanto, a resistência a novas tecnologias e mudanças é um comportamento humano comum. Muitos preferem criticar o VAR com base em percepções pessoais e momentos de frustração, em vez de buscar compreender os detalhes técnicos e operacionais que explicam as decisões tomadas em campo.
Além disso, o futebol, como qualquer esporte, é cercado por paixões intensas e opiniões polarizadas. A introdução do VAR, com sua promessa de maior justiça e precisão, inevitavelmente abalou algumas dessas paixões, especialmente quando decisões controversas afetam diretamente o resultado de jogos importantes. Essa mistura de emoções intensas e falta de conhecimento técnico muitas vezes resulta em desinformação e críticas infundadas.
Escrito por Sérgio Ricardo Jr