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Caso Bruno Henrique reacende discussão sobre proibição de apostas em cartões
seg 11 nov/24

Caso Bruno Henrique reacende discussão sobre proibição de apostas em cartões


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou apoio à proposta do senador Jorge Kajuru (PSB-GO) que busca restringir certos tipos de apostas esportivas no Brasil. Em entrevista ao programa PODK Liberados, exibida no último domingo (10) pela Rede TV, Lula defendeu que apostas em futebol sejam limitadas ao resultado final do jogo, excluindo-se opções de aposta em eventos como cartões amarelos e vermelhos, escanteios, arremessos manuais e pênaltis.

A proposta surgiu após uma recente operação da Polícia Federal e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Distrito Federal, que investiga suspeitas de manipulação de cartões para favorecer apostas esportivas. O jogador Bruno Henrique, atacante do Flamengo, é um dos investigados por ter recebido um cartão amarelo durante uma partida contra o Santos no Campeonato Brasileiro de 2023. A suspeita é que familiares do atleta, incluindo seu irmão, prima e cunhada, tenham realizado apostas no evento específico de um cartão para Bruno Henrique.

Lula comentou que essa prática de manipulação é facilitada em eventos pontuais como cartões, uma vez que o próprio jogador pode induzir a arbitragem a marcar uma advertência. “Acho correto porque as pessoas podem manipular até o resultado do jogo, mas é muito mais difícil que manipular o cartão amarelo que o jogador, sacanamente, pode provocar o juiz para receber”, disse o presidente.

Além do caso de Bruno Henrique, Lula mencionou outra suspeita de manipulação envolvendo o jogador Lucas Paquetá, da seleção brasileira, acusado pela Football Association (FA), na Inglaterra, de ter cometido faltas para receber cartões amarelos, atendendo a apostas de conhecidos durante partidas da Premier League em 2022 e 2023. Para Lula, limitar as apostas ao resultado final dos jogos seria uma solução mais ética e menos suscetível a fraudes.

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A resposta imediata do poder público ao surgimento de problemas complexos como a manipulação de resultados nas apostas esportivas parece seguir uma lógica simplista: quando algo foge do controle, basta proibir. É quase como recorrer ao método mais básico do mundo para resolver um problema complicado. Esse padrão de reação não só reflete uma falta de aprofundamento nas causas reais da questão como também ignora os avanços que já existem para monitorar e combater fraudes. No caso das apostas, o episódio de Bruno Henrique não é um sinal de que proibições vão resolver o problema, mas sim de que as práticas de fiscalização estão funcionando e de que, com a regulamentação iminente, estarão ainda mais afinadas.

A manipulação de eventos pontuais, como cartões, escanteios ou pênaltis, é um problema real, mas ele não deve ser tratado com uma medida de “solução rápida” como a proibição completa. As casas de apostas e entidades esportivas, conscientes do risco de manipulação, já investem pesadamente em tecnologias de monitoramento e análise de dados que rastreiam irregularidades nas apostas. Elas não só detectam comportamentos atípicos, como também compartilham informações com as autoridades. E é justamente por esses mecanismos que o caso de Bruno Henrique veio à tona, revelando como essas operações de controle podem ser eficazes. Se os sistemas de proteção já conseguem identificar fraudes, a proibição de apostas específicas acaba sendo uma medida desnecessária e, pior, desvia o foco do que realmente deve ser feito: fortalecer ainda mais esses sistemas de monitoramento e fiscalização.

Com a regulamentação das apostas esportivas no Brasil prevista para janeiro, o país terá condições de participar diretamente da supervisão das apostas e, com isso, punir com rigor os casos de manipulação. Em vez de fechar portas e proibir determinados tipos de apostas, seria muito mais útil promover um acompanhamento próximo dos operadores e apostadores, estabelecendo uma fiscalização firme e baseada em tecnologia, como já acontece em várias partes do mundo. É assim que as fraudes serão desencorajadas, e não pela eliminação arbitrária de certos tipos de apostas. A proibição só contribui para a ilusão de que o problema foi resolvido, quando, na prática, apenas desloca o problema para outro ponto cego ou, pior ainda, empurra apostadores para plataformas clandestinas.

Os políticos devem enxergar os casos como uma chance de modernizar o sistema de apostas no país e não como um pretexto para soluções simplistas. Com fiscalização adequada, as apostas podem se tornar uma atividade transparente, onde as fraudes, quando surgirem, serão identificadas e reprimidas. Um sistema eficiente de combate à manipulação é possível sem recorrer ao “atalho” da proibição, que mais prejudica do que resolve. Em vez de jogar um balde de água fria na questão, o caminho deve ser o fortalecimento das medidas de segurança e a criação de um ambiente em que as fraudes sejam descobertas, enfrentadas e punidas com eficácia.

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