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Bancos estaduais entram no setor de apostas e desafiam hegemonia da Caixa
qua 29 jan/25

Bancos estaduais entram no setor de apostas e desafiam hegemonia da Caixa


O mercado de apostas no Brasil está prestes a ganhar novos concorrentes. Três bancos estaduais – BRB (Distrito Federal), Banestes (Espírito Santo) e Banese (Sergipe) – estão estruturando subsidiárias para atuar no setor, impulsionados pelo crescimento das apostas esportivas e pela possibilidade de diversificação de receitas. A iniciativa ocorre após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2020, que permitiu aos estados explorarem suas próprias operações lotéricas, rompendo o monopólio da União.

Com uma rede de atendimento consolidada em suas respectivas regiões, os bancos enxergam na capilaridade um diferencial competitivo para atrair apostadores. O movimento, no entanto, não será seguido pelo Banrisul (Rio Grande do Sul) e pelo Banpará (Pará), que optaram por não investir no segmento. O potencial do setor lotérico é expressivo. Apenas em 2023, a Caixa arrecadou R$ 25,6 bilhões com suas loterias, e a tendência é de crescimento. A estatal, que neste ano retomou a comercialização da “raspadinha” por meio da subsidiária Caixa Loterias, mantém uma posição consolidada no mercado e afirma não se preocupar com a concorrência dos bancos estaduais.

Apesar disso, as projeções dos novos entrantes são ambiciosas. O BRB, por exemplo, estima arrecadar R$ 100 milhões anuais com suas operações lotéricas. O banco havia firmado parceria com a portuguesa SCML em 2023, mas questões legais impediram a concretização do acordo. Agora, a instituição contratou o BTG Pactual para avaliar alternativas e pretende restringir as apostas ao Distrito Federal, utilizando tecnologia de geolocalização para validar a localização dos apostadores.

No Espírito Santo, o Banestes avança na estruturação de sua operação e prevê definir um parceiro privado até março. O banco estima que o segmento tenha um crescimento gradativo nos primeiros anos, tornando-se uma fonte relevante de receita. A estratégia de distribuição inclui a utilização da rede BanesFácil, que conta com 400 pontos físicos, além de canais digitais. Também há a possibilidade de expansão para videoloterias, uma modalidade que pode atrair um público diversificado.

Já em Sergipe, o Banese optou por um modelo de consórcio com o grupo Culloden/TSA, garantindo uma participação minoritária na nova subsidiária. Criada em dezembro de 2023, a unidade pretende lançar seus primeiros produtos ainda no primeiro semestre de 2024. Estudos internos apontam que o mercado lotérico do estado movimentou R$ 120 milhões em 2019, antes da popularização das apostas esportivas. A meta do banco é alcançar 50% desse mercado em cinco anos.

Concorrência

Apesar da entrada dos bancos estaduais no setor, a Caixa mantém uma postura tranquila. Segundo a CEO da unidade de loterias, Luciola Aor Vasconcelos, as modalidades exploradas pelas novas loterias estaduais não competem diretamente com os produtos da estatal, embora possam impactar levemente a demanda. Um dos desafios para os bancos será garantir um ambiente seguro e responsável para os apostadores. A Caixa destaca que a prevenção ao endividamento e ao vício em jogos é uma preocupação central e que esse cuidado deve ser reforçado no setor de apostas.

Aquecido

À medida que o mercado de apostas segue em expansão no Brasil, era questão de tempo até que novos players entrassem no jogo. O movimento dos bancos estaduais de criarem suas próprias loterias não surpreende — afinal, o setor lotérico já mostrou ser um terreno fértil para arrecadação de receitas, e a decisão do STF, em 2020, abriu portas para essa diversificação.

O que antes era um monopólio da Caixa agora se torna um campo disputado, com instituições financeiras enxergando oportunidade em um segmento que movimenta bilhões anualmente. E faz sentido: os bancos possuem estrutura, credibilidade e presença regional para atrair apostadores que buscam segurança na hora de fazer suas apostas. Além disso, a legalização e regulamentação do setor criam um ambiente mais competitivo, afastando a clandestinidade e trazendo novos modelos de negócios.

O fato é que, quando um mercado aquece, ele naturalmente atrai mais participantes. Foi assim com o boom das fintechs no setor bancário, e o mesmo acontece agora com as apostas. A Caixa pode não estar preocupada, mas a entrada de novos operadores inevitavelmente fragmenta o mercado e força mudanças. Se antes a estatal era a única referência, agora ela terá que acompanhar o dinamismo dos concorrentes, que chegam com tecnologia e estratégias inovadoras.

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