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Após dois anos, Brasil deve deixar liderança no ranking de jogos de futebol suspeitos
sex 18 out/24

Após dois anos, Brasil deve deixar liderança no ranking de jogos de futebol suspeitos


Após dois anos consecutivos no topo do ranking mundial de jogos de futebol com suspeitas de manipulação de resultados, o Brasil deve perder essa posição em 2024. Dados da empresa de tecnologia esportiva Sportradar indicam uma redução de 45% nos casos suspeitos em território brasileiro entre os meses de janeiro e outubro deste ano, quando comparado ao mesmo período de 2023. Esse decréscimo significativo é atribuído a uma série de medidas preventivas implementadas por clubes, federações estaduais e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que incluem o monitoramento rigoroso de partidas e a conscientização de atletas e treinadores sobre os riscos da corrupção no esporte.

Ainda que o cenário apresente sinais de melhora, especialistas advertem que é prematuro atribuir essa queda exclusivamente às ações recentes. A regulamentação das apostas esportivas e dos jogos online no Brasil é vista como um fator que pode reforçar essa tendência de redução, mas o impacto concreto ainda está por ser comprovado. Um ponto central no combate à manipulação de resultados é a atuação das federações estaduais, responsáveis por grande parte dos campeonatos regionais, sobretudo nas divisões inferiores, onde a vulnerabilidade é maior.

A Federação Alagoana de Futebol, por exemplo, introduziu plataformas educacionais para alertar jogadores sobre os perigos das apostas ilegais, enquanto a Federação Mineira estabeleceu uma parceria com o Ministério Público para monitorar irregularidades. A Federação Catarinense de Futebol, por sua vez, investiu em tecnologias que permitem identificar padrões de apostas suspeitas em tempo real. Apesar dos esforços em diversas frentes, o Brasil ainda apresenta uma das maiores taxas globais de jogos suspeitos, com 1,21% das partidas analisadas levantando indícios de manipulação — número quase o dobro da média mundial, que é de 0,63%.

Em resposta, a CBF criou a plataforma “Passaporte do Futebol”, que monitora jogadores e clubes sob suspeita, colaborando com autoridades públicas no combate à corrupção. Além das ações da CBF, o Senado Federal está conduzindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no futebol. A Polícia Federal defende o endurecimento das punições para envolvidos em esquemas de manipulação, buscando preservar a integridade das competições esportivas no país. A CPI foi recentemente prorrogada para permitir a coleta de mais depoimentos e informações.

Caminhando

A notícia de que o Brasil deve deixar a liderança no vergonhoso ranking de jogos de futebol com suspeitas de manipulação de resultados é, sem dúvida, uma esperança em relação ao futuro. Afinal, a manipulação de resultados mina a integridade das competições e afasta o público daquilo que deveria ser uma das maiores paixões nacionais. No entanto, perder essa posição no topo não é motivo para comemoração irrestrita. A redução de 45% nos casos suspeitos, embora significativa, é um avanço parcial em um caminho que ainda precisa ser trilhado com cuidado e firmeza.

A “Operação Penalidade Máxima”, que recentemente trouxe à tona esquemas de manipulação e puniu severamente os jogadores envolvidos, desempenhou um papel fundamental nesse cenário de redução. Foi um choque necessário, que gerou impacto tanto na conscientização dos atletas quanto na resposta dos clubes e das federações. A exposição pública desses casos, somada às medidas preventivas e educativas, parece ter gerado o efeito desejado: intimidar os possíveis fraudadores e mostrar que as ações ilícitas não passarão despercebidas.

Apesar disso, é preciso ter cautela. Sair da liderança no ranking de suspeitas não significa que o problema foi resolvido. Há ainda um longo caminho pela frente para consolidar a confiança no futebol brasileiro. A regulamentação das apostas esportivas, o uso de tecnologia para monitorar em tempo real padrões suspeitos, e a educação contínua de jogadores e treinadores são passos essenciais, mas eles devem ser acompanhados de uma fiscalização rigorosa.

Outro ponto que merece destaque é o papel das federações estaduais, que têm agido com proatividade ao investir em tecnologia e parcerias estratégicas, como a realizada entre a Federação Mineira e o Ministério Público. Essas ações são indícios de que o país está, sim, tentando caminhar na direção certa. O caminho é longo, e os desafios são grandes, especialmente nas divisões inferiores e regionais, onde a vulnerabilidade é maior.

Escrito por Sérgio Ricardo Jr.

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