No artigo anterior falamos sobre a escrita de que campeões dominantes, quando nocauteados, quase sempre perdem a revanche. No UFC 287, a luta principal derrubou essa escrita. Israel Adesanya finalmente venceu seu maior rival, Alex Pereira, após 2 derrotas no kickboxing e 1 no MMA. 

Após a luta, parecia que estávamos em um universo paralelo, invertido. Nas duas vezes em que Alex nocauteou Israel, o nigeriano vencia a luta e em questão de segundos foi nocauteado. Dessa vez aconteceu o inverso: Alex Pereira havia magoado muito a perna esquerda de Adesanya e parecia questão de alguns minutos para que a luta acabasse em seu favor. Por isso, Adesanya tentou uma estratégia arriscada, se colocando contra a grade e tentando a todo custo defender a sequência pesada de golpes do brasileiro. No momento certo, jogou um golpe por cima do famoso cruzado de esquerda de Alex, pegando em cheio na têmpora do campeão. Como bom kickboxer, Alex acabou voltando à posição inicial, e com isso sofreu um outro golpe no mesmo local, caindo desacordado.

O que vimos depois disso foi um show de infantilidade. Israel Adesanya comemorou muito, simulando atirar flechas em Alex, desacordado. Alex é descendente de indígenas, mas até aí, tudo bem. O problema foi que Israel apontou para o filho de Alex, e se jogou no chão fingindo estar desacordado, imitando o que a criança fez, há 7 anos, quando o pai o nocauteou. Sim, Israel guardou rancor de uma criança por 7 anos.

O que teremos a seguir? Não acredito que o brasileiro esteja interessado em permanecer no peso médio, pois o corte de peso é brutal para ele. Se eu fosse o responsável pelas decisões do UFC, faria Alex furar a fila pelo cinturão dos meio-pesados, onde ele tem totais condições de vencer Jamahal Hill e vingar seu amigo Glover Teixeira. Após isso, faria uma superluta entre ele e Israel Adesanya. A quinta luta, somando MMA e Kickboxing. A luta final, com cada um sendo dono de um cinturão, possivelmente a maior luta da história do evento, fechando a maior rivalidade da era moderna dos esportes de combate.

O UFC 287 ainda contou com a vitória tranquila de Gilbert Durinho sobre Jorge Masvidal, que se aposentou. Ainda tivemos Luana Pinheiro vencendo uma luta extremamente equilibrada contra Michelle Waterson e a estreia de Jaqueline Amorim, que acabou perdendo sua invencibilidade para Sam Hughes. Sam Hughes tem chances de ser punida severamente, pois disse em entrevista que seu namorado apostou mil dólares em sua vitória, algo proibido pelo UFC.

Para terminar, vale mencionar que o lutador mais jovem da história do UFC, Raul Rosas Jr. acabou perdendo sua invencibilidade para outro jovem, Christian Rodriguez. Raul precisa melhorar muito sua luta em pé e seu cardio, pois a luta de chão já é excelente.

O próximo grande evento do UFC traz o retorno do Triplo C, Henry Cejudo, tentando tomar o cinturão de Aljamain Sterling. Até lá.

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Escrito por Raphael Brettas