
Irmão do piloto Lewis Hamilton revela luta contra depressão e vício em apostas
Nicolas Hamilton, irmão mais novo do heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton, revelou recentemente ter enfrentado um período sombrio em sua vida devido ao vício em jogos e apostas. Aos 33 anos, o piloto do Campeonato Britânico de Carros de Turismo compartilhou sua experiência negativa com as apostas por meio do livro Agora Eu Tenho Sua Atenção, escrito por ele para explicar os problemas que teve com a depressão. O vício é apontado por Nicolas como um dos principais motivos que o levaram a desenvolver a doença, e o piloto agora busca alertar e apoiar outras pessoas que lidam com os mesmos desafios.
Segundo Nicolas, tudo começou de forma aparentemente inofensiva: uma pequena aposta durante uma partida do Arsenal. No entanto, esse primeiro contato foi o gatilho para uma escalada perigosa que incluiu apostas esportivas frequentes e participação em cassinos online. As vitórias iniciais alimentaram o hábito, enquanto as perdas não causavam impacto imediato, o que o levou a manter uma vida dupla até atingir o que descreveu como um “ponto escuro”.
A situação se deteriorou a tal ponto que ele acabou tendo que abrir mão de seu Mercedes C63, um presente de Lewis. “Eu me senti envergonhado usando esse presente incrível para pagar as minhas contas. Parecia que eu praticamente tinha roubado o dinheiro do meu irmão e nunca me perdoei por isso”, declarou Nicolas. O cenário só piorou, até mergulhá-lo em uma crise profunda, marcada por pensamentos suicidas. “Isso me destruiu. Foi um verdadeiro alerta. Eu não tinha como avançar porque tinha perdido tudo. Eu estava preso. Eu tinha uma varanda no meu apartamento e estava pensando no que faria se simplesmente pulasse dela”, relembrou o irmão do piloto de F1.
De acordo com outros depoimentos do irmão de Hamilton à imprensa, ele chegou a perder quase todo o seu dinheiro tentando recuperar os prejuízos passados com novas apostas. Enfrentando incertezas sobre sua carreira e sentindo-se ignorado pela sociedade, buscou apoio emocional nos Samaritanos, organização que oferece suporte a pessoas em crise. A partir desse contato, foi incentivado a conversar com seus pais, cuja ajuda foi essencial para sua recuperação.
Hoje recuperado, Nicolas se dedica hoje à conscientização sobre os danos provocados pelos jogos e pelas apostas. Ele se juntou a iniciativas promovidas pela organização GambleAware, ao lado do comentarista de futebol Clive Tyldesley, e da Associação de Apoiadores de Futebol, com o objetivo de alertar a população sobre os perigos do vício e o impacto da publicidade de apostas na vida cotidiana.
Opinião
A história de Nicolas Hamilton nos lembra de algo que, por mais óbvio que pareça, a gente nem sempre leva a sério: ninguém está totalmente livre dos riscos que o vício em apostas pode trazer. Não importa se você é um apostador comum, um profissional do meio ou até irmão de um dos maiores nomes da Fórmula 1. O problema não escolhe rosto, fama, nem condição financeira.
Nicolas compartilhou uma trajetória difícil, marcada por perdas financeiras, depressão e pensamentos extremos. E por mais que eu não concorde com todos os pontos que ele levanta, é impossível ignorar o valor de um relato como esse. Tem coragem aí. Tem responsabilidade também. Ele poderia simplesmente ter seguido sua vida, em silêncio, mas escolheu falar. E falar para alertar.
Isso é importante. Porque nós, que estamos inseridos nesse universo diariamente — seja apostando, estudando jogos, criando conteúdo ou trocando ideias com quem vive o mesmo — também precisamos dessa consciência. A linha entre o controle e o descontrole é mais fina do que parece. Às vezes, é uma sequência de derrotas. Às vezes, é a ilusão de que dá pra recuperar o prejuízo com a próxima aposta. Às vezes, é o silêncio.
Por isso, fica aqui um convite à reflexão. Para você que aposta, acompanha nosso trabalho, e confia no que fazemos: cuide da sua relação com as apostas. Estar atento aos sinais, conversar, pedir ajuda quando for preciso… tudo isso faz parte do processo. E não é fraqueza nenhuma, pelo contrário — é maturidade.
A verdade é que relatos como o de Nicolas não servem para nos afastar das apostas, mas sim para lembrar que, mesmo dentro de um ambiente que nos empolga, nos desafia e nos diverte, é preciso manter os pés no chão. E saber que sempre existe um caminho de volta, caso algo saia do controle.
Sérgio Ricardo Jr